Pílula de Marketing (103) – Por que você deveria parar de responsabilizar a geração atual?

O nosso assunto de hoje é um conceito de Marketing também. Quando estudamos os pareceres de uma geração (aspecto geracional) temos ali potenciais que elevam os índices do mercado (produtor e consumidor). Em sociologia o estudo fixa nas transformações que um grupo social se desenvolve e porque. Quando essa informação vai para o Marketing, nós pensamos em como vender e como contratar. Porque estamos lidando com características sociais e individuais. Vamos lá!

A minha geração, nascida nos anos 80, juntamente da dos anos 60 e 70, configuram-se agora a geração madura. Estamos em uma fase onde temos algo pela frente mais definido, no meio algo mais maduro e no passado os aprendizados. Quando novos, tínhamos um horizonte mais nebuloso, um meio menos maduro com alguma experiência (quando havia) e o passado que podia ser de trabalho a depender da natureza ou de conforto.

Quando crianças, a geração 60 e 70, mais a 70 do que a 60, criticavam o nosso modo comportamental. A anarquia, o radical comportamento, o desvio de valores laborais, a tecnologia era melhor, tínhamos o início do computador, muito remotamente o uso da internet, e quando, nada parecido com o que temos hoje, mas o que é equiparável a internet e redes sociais e mobile, era os games e o computador.

O que tornava as críticas progressivamente desconstrutivas. A geração dos anos 80 que teve sua infância inicial nos anos 80 e adolescência nos 90, e hoje está na casa dos 40. Ouviu da geração 60 e 70, que o no tempo deles, era trabalhar por 30 anos em uma empresa, era trabalho manual, não tinha computador, era livros e reuniões com os familiares, as festas eram mais regadas a união e não haviam essas danceterias.

A minha geração faz algo parecido hoje com a geração mais nova. Mas a geração 80 e 90 se juntam para falar que a geração dos anos 2000 é que está tendo muito conforto. Vejam, há uma repetição comportamental. Posso afirmar que a famosa frase dos veteranos – “No meu tempo podia deixar a porta aberta, porque não tinha problema” é o mesmo que a minha geração fala da atual – “que no meu tempo se via desenhos na TV e não perdiam tempo na internet”.

A composição de experiências não se alterou. A TV para geração anterior ao dos 80 é equivalente a internet da geração atual. Ver um programa na TV para a minha geração é considerado o ideal, porque nós fomos criados assim. Nossas influências foram enraizadas dessa forma. Crescemos achando que ver um programa na televisão tinha mais ética e valor do que perder tempo na internet. A mudança tecnológica não nos permitiu usufruir disso quando jovens.

Mas pegamos os primeiros movimentos do que hoje é definitivo. Mas vamos falar de algo que está ligado ao mercado de trabalho. Eu leio e escuto, que os jovens de hoje estão menos agressivos quanto ao mercado, estão menos preparados, estão mais relapsos. Eu fico em uma nostalgia, porque esses eram os mesmos adjetivos e classificações que a geração dos anos 70 falavam da dos anos 80.

Até aqui conseguimos notar um semelhante comportamento? Percebemos que a geração 60 e 70 criticavam a geração 80? E que agora a geração 80 e 90 criticam a geração 2000? E que provavelmente a geração 2000 e 2010 vão criticam a geração posterior? Tudo isso tem pilares sociais que definem que a base da crítica podem envolver:

  • Origens diferentes;
  • Experiências ao longo da vida diferentes;
  • Percepção diferentes;
  • E contexto social (e individual) diferente.

POR QUE VOCÊ DEVERIA PARAR DE RESPONSABILIZAR A GERAÇÃO ATUAL?

O que nós excluímos dessa equação? Vimos que por termos uma origem e experiência diferente em uma determinada época, com uma determinada tecnologia, recursos, economia e política, somos moldados aquela época e temos uma preparação da perspectiva em si. Se você viveu conflitos, verá conflitos em todo lugar. Se você viveu paz, verá paz em todo lugar. Essa construção nos permite entender uma pessoa, é assim que o Marketing analisa quando vamos fazer uma análise de público.

Se nossas origens nos definem. O que temos em origem que até agora não citamos? A origem provê de um momento e lugar. Não somos seres biológicos espontâneos. Nascemos e convivemos, por alguém. Temos uma natureza educada. Somos instruídos pelo ambiente e pelos valores a ter uma perspectiva. Logo, se a geração nossa (anos 80) parecia relapsa, quem ajudou esse comportamento existir? A geração nasceu com esse comportamento do berço? Ou foi moldada?

Como uma análise geracional nos permite, cada etapa de uma evolução é melhor que a anterior. Ou você transmite essa carga genética ou você próprio eleva-se a sua, e continua no jogo. No mercado, podemos perceber quem fica e quem sai. Quem se permite evoluir e quem não fica no ditado “cachorro velho não aprende mais”. Já ouvi isso de muita gente. Que por causa da idade, não é possível mais aprender nada.

Hoje é que tem um movimento do chamado “Tenho essa idade e estou aprendendo isso”. Mas há ainda uma superficialidade para entender se esse movimento se configura em uma transformação perpétua social ou se é uma moda. Se levam adiante esse comportamento ou se estão seguindo alguma linha de raciocínio temporário. Em alguns anos, veremos se a mudança que a pessoa admitiu ter permanecer pelo tempo que for.

Mas o comportamento padrão é de devolver a críticas aqueles que eles acham fora do seu padrão. Por isso nos primeiros momentos desse artigos, falamos sobre as influências que temos nas infância e como elas nos moldam. Para nós, ir pela rua do norte é mais ético do ir pela rua do sul (por exemplo). Se alguém ir pela rua do sul, é anarquia. É errado. Mas você não questionou, você julgou.

Você foi ensinado assim, então se você foi ensinado. Alguém te ensinou. Quem? Aqui é importante entender, quem ensinou? A geração anterior. Se você por termômetro analisa que, a geração atual é relapsa, é despreparada, não tem valor, você a ensinou assim. Partiu de você essa transformação. Mas nem todos são assim? Não. Nenhuma geração é boa e ruim plenamente. Temos pessoas geniosas, habilidosas, relapsas e boas vidas.

Essa responsabilização sobre a geração terceiriza suas decisões. Você faz parte da geração atual ser boa ou ruim. Como a nossa própria existência conforme nos criamos, quando a geração anterior nos orientou, somos bons e ruins, por essa mesma responsabilidade. Nós vivemos em sociedade e é isso que significa. Não estamos apenas vivendo no mesmo espaço e tempo, e por isso somos sociedade.

Somos sociedade porque criamos nossos laços entre as gerações. Algumas mais tradicionais, outras mais modernas, algumas híbridas. Mas todas elas ensinadas por gerações passadas. As mesmas pessoas que compõem a geração nossa, tiveram outras experiências, por imposição ou escolha, e tiveram outras realidades. E ensinaram essas para a geração atual. E vemos no dia-a-dia-, quem vai e quem não vai para um desafio.

Em minha geração, dos anos 80, não houve gênios saindo pela ladrão. Com tantas particularidades, tivemos o mesmo quadro e perfil com uma ligeira diferença do que temos hoje, mas que podemos equiparar, não foi muito diferente. Lembro no terceiro ano, no final do ensino médio, que um professor mais velho, dizia que os jovens (minha geração) não sabia apertar um botão sem entender a funcionalidade.

Provavelmente quando jovem, ele era esse jovem. E ouviu um mais velho falando a mesma coisa. Eu ouvi isso, e repeti mentalmente também para a geração atual. É uma crítica cíclica. Somos compelidos a criticar, porque como alguns são habilidosos ou anárquicos, temos aqueles que criticam um comportamento futuro (sendo que no passado ele mesmo o fez), somos ensinados a criticar. Tal como analisar, apurar, elogiar e etc.

QUAL É O IMPACTO DESSA TERCEIRZAÇÃO?

O conflito entre gerações se equipara ao conflito que seja. Tudo que tem conflito sem resolução gera ruptura. Tivemos alguns casos icônicos (mas não são novos) de etarismo. Mas existe há muitos anos. E por conta desse conflito de gerações. A minha geração é melhor que a sua, ou a geração segue padrões. O caminho definido pelo ensino básico e formal é atendido por jovens e os mais velhos agora deverão ganhar para ter o seu sustento.

Pode parecer estranho, mas o comportamento dessas gerações, são moldadas pelas crenças de gerações sempre anteriores. O passado molda o futuro. O passado passa pelo presente e molda o futuro. Não tem como uma geração atingir um objetivo e ter um platô para se definir, senão tem uma orientação. E isso acontece conforme manda o figurino, o professor e o aluno, a geração passada e a geração atual.

Estamos carecas de entender agora a tal da responsabilidade. E agora o impacto. Esse conflito eles criam esse sentimento de que ao criticarmos, estamos rabugentos. Velhos. Você critica a geração, você está com tempo. E não está trabalhando o suficiente. Isso transmite para as corporações, que você tem algo que eles não possuem? Por que os critica tanto? Que tempo é esse que você tem? E esses conflitos criam uma sensação de afastamento.

Uma empresa formada por jovens não pode ter mais velhos e vice-versa. Essa mistura é pouco comum. O mais jovem entra para substituir o mais velho e não para agregar. A nossa cultura corporativa define que o mais jovem é o melhor (não por experiência, mas por associar a energia nova com renovação) e que o mais velho está ultrapassado (não por experiência, mas por associar que a energia ultrapassada significa retrógado).

Já ouviram aquela máxima, que as pessoas não vão se lembrar do que você sabe, mas de como as tratou? Eu vejo isso ser repetido todos os dias na internet, mas não vejo ninguém aprendendo a lição. Ao estudar um pouco, mas bem pouco, de sociologia, você compreende que esse conflito de gerações perpetua essa cultura corporativa. Você trata o jovem como milagre e ao mesmo tempo que ele é relapso, ele não vai querer conviver com você no ambiente de trabalho. Presta atenção na pressão?

A questão seria lógica, o mais velho tem mais experiência, por que dispensá-lo e contratar alguém que nada sabe do mercado? A lógica corporativa é comandada por uma geração mais madura, que seria a dos anos 80 agora, é madura pelo motivo que eu citei lá no começo do artigo. Não é mais madura, porque é melhor, é porque ela está na idade de maturidade. Já aprendeu um pouco mais e já está calejado. A dos anos 90 logo chega nessa e a dos anos 2000 também e sequencialmente.

O que ela aprendeu? O que aprendemos? Que a pessoa mais velha nos critica. Então para termos uma harmonia, somos mais próximos na idade da geração atual do que a geração que nos acompanha. Então amigos, amigos e negócios a parte. Em um determinado momento, a dança das cadeiras vai reiniciar e isso vai aos poucos selecionar quem eles querem trabalhando com eles.

Então ao criticar você está terceirizando suas responsabilidades do contexto social, quer seja direto ou indireto, está colocando pressão e não está ajudando. E hoje a palavra de ordem é saúde mental. Logo será incisivo sua exclusão do mercado do que antigamente. Por isso é que como um estrategista, eu recomendo, parar de criticar a geração atual. E saber conviver com as diferentes culturas. Por um adendo antes do final do nosso artigo.

GERAÇÃO É UMA CULTURA DIFERENTE.

Como um povo, a geração de um povo é parte de uma cultura. Ao ser intransigente com essa cultura geracional você está sendo intolerante. E como qualquer intolerância cultural que temos notícia, sabemos a repulsa, a exclusão que isso promove. Então essa pressão cultural de gerações, inflige o conflito que mencionei.

CONCLUSÃO.

Sempre mantenha sua mente aberta. O mercado ou mundo como queira visualizar, tem conflitos diversos. Crises ali e aqui. Tudo que pode ser gerenciado. Reduzido ou até mesmos anulado. Em muitos casos as crises são crônicas, elas precisam ser amenizadas e outras podem ser utilizadas a favor. Nem sempre, e muitas vezes, é perigoso usar a favor. A crise de geração é um comportamento nocivo corriqueiro e histórico de nossa sociedade.

Toda geração se permite no lugar, de chegar ao pódio, e dizer poucas e boas, como uma linha de desabafo do que uma linha lógica de criação. Você quer passar aos mais jovens lições ou broncas? Podemos não notar isso no dia-a-dia, porque estamos na correria da vida. Mas lições e broncas são diversas vezes por nós criadas com diferentes roupagens, e podem nos enganar. Nossas ações, como costumo dizer aos meus alunos e clientes, tudo é uma estratégia. Mesmo quando não estamos falando de Marketing.

Tudo que você fala, faz, não faz, ou pela metade, ou inventa, ou cria, mente, fala a verdade é uma comunicação. Você transmite algo a alguém. E essa transmissão influencia, cria, orienta e educa. Pode ser positiva ou negativa. Ela transformar. Essa transformação nos permite entender o conceito de evolução social. No passado era comum ter pianos nas residências, hoje é comum ter computador conectados a internet.

A geração dos anos 2000 podem ver uma inversão evolutiva, ao ver novamente pianos nas residências como padrão cultural. E será que vão criticar? Vão dizer que a geração está involuída? Que é tecnofóbica? Ou vai se permitir olhar para a nova cultura geracional? Deixe esse artigo para que vocês possam desfrutá-lo. Até a próxima.

Deixe aqui seu comentário