Pílula de Marketing (102) – UX Design para quem?

Há diversas maneiras de aplicar uma boa técnica. No caso do UX (User Experience) se trata da experiência interativa do cliente a um produto, interface final. UX Design apesar de ser uma função, está direcionada a um resultado para terceiros, e não é exatamente uma função. Por isso que insisto em parar nesta ‘existência’ desenfreada de inventar nomes para coisas que já existem.

Se não fosse pelas inúmeras vezes que vi resultados de suspeitos UX Designers, que nada sabem de publicidade, que não compreendem branding, não tem noção nenhuma de Marketing, mas confundem a área como sendo uma extensão de Design e promovem soluções ‘discutíveis’ e ainda por cima confundem como sendo uma área extensiva de design. Vamos lá!

Há quem diga que o ensino tradicional acadêmico é engessado. Talvez estejamos falando de dois tipos de ensino acadêmico. O engessado e o moderno. De uns tempos para cá, há uma parte da população que acredita que ficaram ricos sem faculdade (quando há uma exceção minúscula, para quando esses casos icônicos aconteceram), a maioria só ficou rico por ter muito estudo mesmo e certificações que não param de brotar.

Parte dessa população que acredita assim, são os que vivem entre a certeza e a incerteza. Em um resumo, eles não tem certeza. Como ficam nesta berlinda, não são os que detém os cálculos para ter certeza. Mas vivem das recomendações que surgem. Destes são pró em iniciativa em procurar formas de solucionar problemas. Pois bem, como em uma educação de base influencia sua forma de pensar, não é diferente quando você pensa que, não tendo um ensino formal, terá mais sucesso.

Quando que se fosse discriminado como o ensino formal que é engessado e o que não é. Quando digo ensino acadêmico moderno, não estou me referindo ao método de autodidatismo ou método de ensino via internet (não é EAD), é quando a pessoa sem cursar algo, procurar se instruir. Não estou me referindo a forma moderna de aprender, mas as faculdades que se mantém na modernidade.

A maioria que critica, estudou em um modelo engessado. Uma faculdade ou mesmo o termo popular, uma ‘unisquina’. E provê dessa experiência sua visão (total e final) do que acha sobre o ensino acadêmico atual.

Por assim dizer, o cenário que quero apresentar é justamente o que temos em mãos, e não é uma particularidade do Marketing. Esse campo de ‘reversão’, de ‘redução’ do que se precisa saber para executar algo, é universal. Temos presenciado o porquê dos profissionais estarem super despreparados.

UX Design não é algo novo, não é algo dos anos 2000. Tampouco do século 21. Nunca foi. Não é nem do século 19 e 20. A experiência de usuário é um processo (não função). Ele faz parte de uma rede complexa de saberes, pois que conecta mais do que uma simples realidade nos apresenta. Não é possível promover uma experiência para o cliente apenas sabendo como mexer por exemplo, com uma ferramenta gráfica. Estamos falando de pessoas, estamos falando de:

  • Psicologia;
  • Antropologia;
  • Sociologia;
  • Economia;
  • História;
  • Filosofia.

E não há um conceito ‘superficial’ quando ditamos essas ciências. Quando falo de psicologia, não estou falando de psicologia barata. Estou falando de estudo comportamental, de análise de como a pessoa se vê, como ela se relaciona com a sociedade, com um grupo, com uma matriz, com um nicho. E a psicologia ela vai até um limite, daí temos outras ciências que passam a compartilhar seus vieses para tornar a resposta possível.

A psicologia estuda o indivíduo, a sociologia estuda este indivíduo em uma sociedade, grupo, população, nação. A antropologia estuda o conceito do ser humano em uma civilização. Sua evolução, sua modernidade. A história ela é cooperada por filosofia, sociologia e antropologia, porque se fosse separada, ela seria só fato histórico. E nestes caso, você quando estuda um grupo populacional, não estuda só no presente, e sim no passado (recente, remoto e até pré-histórico).

Sabemos que a influência na infância nos acompanha a vida inteira. Não é diferente de um organismo maior, como a sociedade. A cultura japonesa é tradicionalista, atua com duas filosofias (que muitos erroneamente nomeiam religião) xintoísmo e budismo. Esse equívoco gera outros equívocos. A religião é dogmática, a filosofia é mutável. Uma para e a outra anda. Se você considera budismo ou xintoísmo um conceito religioso, provavelmente vai cometer alguns erros de julgamento, que podem gerar crises.

Para dar um exemplo do que estamos falando. UX Design não é o design. Design não ‘desenho’, embora possa ser aplicado com este sentido. Mas quando associamos a esta composição e relacionamos ela ao Marketing, Publicidade. Estamos falando de design como planejamento. Design como o desenho do plano. Desenhar um mapa de ações. Desenho de um conjunto de táticas. Que ainda pode ser feito através do próprio desenho, não é o ‘desenho’ próprio.

Logo quando falamos de UX Design estamos nos referindo ao estrategista de UX. Esse nome ele nos confunde, porque no Brasil, Design é entendido como design gráfico. Design visual. E apenas. Lá fora, Design significa desenho, mas quando falamos de negócios, ela muda seu sentido, e virá planejamento. O ato de ‘criar estratégias’. Quando entendemos o tipo de significado adotado fora do Brasil, mas que é adotado também pelo Brasil, vemos que UX Design não é uma área de Design.

Seria UX Manager ou UX Strategist, a forma mais correta. E por quê isso? Porque temos que chegar nesta conclusão? Porque eu tenho visto muitos absurdos de UX por aí. E isso não tem haver com a capacidade. As pessoas são habilidosas. Mas quando você julga um peixe que não sobe uma árvore, fica evidente, que estamos falando de uma área pouca clara. O peixe será eficiente em um rio, mas fora dele, ele não é. Nem o básico ele fará.

UX Design não se trata de um profissional que mexe com o design visual. Não é o mesmo profissional que lida com a programação visual ou a codificação visual (quando nós mencionamos o Front-End). Na prática de mercado, UX Design é visto ou interpretado como a pessoa que fará uma imagem bonita para fazer um cliente mexer no produto. Soa estranho se falarmos isso em voz alta. Soa lógico se pensarmos mentalmente. Um desenho pode significar uma solução, não pode?

UX Design, como em nossa pergunta do artigo – UX Design para quem? – temos agora uma base para responder qual é o alvo desse ‘profissional’. Antes que a gente chegue lá. UX Design é o publicitário. Se trata justamente da aplicação do conceito de soluções interativas. E de onde ele tirou essas informações? Do Marketing. Que vai pensar se o UX Design precisa construir algo novo, se é preciso implementá-lo, qual é o custo e etc.

O Publicitário por subtópico – UX Design pensa no cliente final. UX Design não é o que você acha. É o que o outro entende. Vamos pensar assim:

  • Você quer vender chocolate.
  • O Ponto de Venda precisa vender chocolate.
  • O cliente precisa entender que vai comprar chocolate.

A experiência do cliente nem sempre é uma FESTA. Experiência do cliente envolve setores e processos, que são:

  • Atendimento;
  • Venda;
  • Follow-up (acompanhamento do pós-venda);
  • SAC;
  • Ouvidoria;
  • Experiência da loja física;
  • Experiência ad loja virtual.

Isso que significa UX Design. Não é o visual, é o funcional. É o que nós interagimos. Um espaço de evento é um UX DESIGN que pensa. Não é um designer de interiores (se inventa nomes). Quando falamos de experiência de cliente, consumidor ou pessoas, estamos nos referindo ao….MARKETING DE RELACIONAMENTO que conecta-se ao MARKETING DE SERVIÇOS.

UX Design é um processo estratégico publicitário e Marketing para criar a possibilidade de conversão (compra) e garantir fidelidade e a volta do cliente. Embora o nome soe bonito, esse é o objetivo do Marketing desde de sempre. Por isso que a invenção do nome, sem entender a base, torna-o supérfluo e mesmo, inútil.

Eu sempre faço aos meus alunos a analogia do jogo de RPG, Dungeons and Dragons, que eu falo que nos anos 90, você tinha 4 classes de personagens para jogar. O mago, o bárbaro, o arqueiro e o anão. Mago era o conjurador, bárbaro era a força bruta, o anão era o furtivo e o arqueiro era o combate a distância. Cada um deles concentrava uma importância única.

Você precisava ter um mago no grupo, senão em certas aventuras não funcionava. Então pensava-se em que o processo de build (que significa construir o personagens com habilidades e caraterizações) fosse acompanhado de perto por cada membro. Porque se você fizesse o seu mago ou bárbaro errado, todo mundo pagava caro.

Hoje, existe um conceito chamado balanceamento. Que torna o mago inútil, porque você divide ele 15 outras classes. No passado, só ele podia conjurar magia, hoje todos conjuram magia. O mago se tornou irrelevante. O furtivo? Todo mundo tem furtivo. O arqueiro? Todo mundo tem arco. Temos mais classes e nenhuma é potencial. Temos perda massiva de potencialidade e menos unicidades. Mesmos singularidades. A precisão, a habilidade e a maximização eram os fortes.

UX Design existia no passado apenas com o nome de Marketing, porque era um processo de umas das etapas de ação que você planejou lá no plano de Marketing. Hoje, se separa o UX Design de Marketing e isso torna as soluções…inúteis. Você acha que é assim…e ponto. (Risos)

CONCLUSÃO.

Ux Design, precisa ser compreendido como o profissional que lida com o cliente, mercado e produto (e já chamamos isso de publicitário e profissional de Marketing). O inteirar desse termo é amplo, porque estamos falando da usabilidade, da funcionalidade, do conceito de adquirir, do conceito de usar e de solucionar um problema. O UX Design não se refere apenas ao conceito comercial de contato, que nós definimos ali em cima, como sendo atendimento, venda, sac, essa é a experiência do usuário com sua empresa.

Ainda temos a experiência que abrange tudo:

  • UX Design para produtos;
  • UX Design para reclamações;
  • UX Design para serviços;
  • UX Design para ampliação de produtos e serviços;
  • UX Design para programas e campanhas publicitárias;
  • UX Design para Marketing de Guerrilha;
  • UX Design social;
  • UX Design econômico;
  • UX Design interno (a comunicação interna e/ou endomarketing).

Estou citando alguns. Tudo que você pode identificar como sendo ‘algo’ que uma pessoa vai entrar em contato, o UX Design é existente. É aplicável. Por isso o perigo de não associar o UX Design ao Marketing, e sim como uma extensão do Design (visual) e não como Design (Planejamento). E achar que é um campo novo. Espero que vocês tenham aproveitado a leitura e até a próxima.

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