Aviso: Esta crítica possui SPOILERS.
Lucidez ou poderes?
A narrativa de Undone é bastante peculiar e inconclusiva. Não significa ruim. Porém confusa. Para uma série de 8 episódios, acredito, iniciais. O final deixa muito no ar. A trama é interessante. E nos faz pensar se a ilusão acometida a personagem Alma (Rosa Salazar) é produto de sua imaginação ou algo acontecendo de muito estranho. Vamos à análise da série disponível no Amazon Prime.
Rosa Salazar parece ter um tanto para duplicidade de seus papéis. Ela é uma atriz que se sente confortável em ser uma personagem em um apocalipse ou em um drama comum de cada dia. Recentemente fiz uma análise de seu papel em Alita. Agora em Undone, algo como desfeito em tradução livre, ela incorpora Alma. E há algo de muito interessante na história, e se você é fã de Life is Strange, talvez eu tenha algo a dizer sobre isso.

Life is Strange (1 e Before Storm), esqueça Life is Strange 2 (particularmente acho que tinha mais história para Max e Chloe…enfim). Temos uma adolescente que descobre ter o poder de voltar no tempo. E suas tentativas de mudar a linha do tempo não promete estabilidades. Baseado em um gráfico cartoon, Undone também empresta o visual e um pouco da trama.
Nas tentativas de ir e voltar, acontecem coisas muito confusas na cabeça de Alma. Tal como Max. Quase presa nas dimensões intra-espaciais. Como em LIS, os nativos americanos também tiveram um papel. No caso de Undone, os nativos mexicanos. E iniciou através de um trauma. Em Lis Max vê sua melhor amiga após 5 anos fora de Arcadia Bay, ser assassinada no banheiro feminino e ela volta no tempo naquele instante.

Em Undone, a personagem acessa os seus poderes de pulo temporal após um acidente de carro. Ela fica entre voltar e ir. Ora pensamos que esta morta e viva. Mas volta e muda a linha temporal. Mas tem algo que fica no ar. Algo que espero ter uma segunda temporada. Porque na primeira temos muitas perguntas. Nenhuma resposta. Será que ela volta no tempo, ou está com problemas mentais muito sérios?
Há passagens na história que dá a impressão que ela realmente volta. Mas muito que particular tudo começa sua fase no hospital. Onde ela parece ficar em um loop infinito de acontecimentos. O que pode ser explicado muito facilmente da seguinte forma. Estando contundida após um acidente de carro, ela podia estar alucinando. Fica no ar quanto tempo ficou em coma, se é que ficou em coma.

Então ela vai e volta na linha temporal. Ora mudando acontecimentos e fazendo correções em suas ações. Mas tudo poderia ser apenas aqueles devaneios que temos na mente antes de um fato. Tudo está na sua cabeça, correto? O mesmo acontece quando ela vai juntamente do seu namorado, Sam, no laboratório do seu pai descobrir o que está acontecendo.
Ela convence a segurança a dar os arquivos, após ela acessar o que poderia ser um segredo muito íntimo. A irmã desparecida. Mas tem algo que acontece e estranho nesta cena que reforça, mais que ela está alucinando do que tendo acesso a poderes místicos. A cena não mostra algum flashback, ou ela voltando no tempo, como acontece com o seu namorado em um dos episódios. Ela vê o passado dele. A da segurança, ela só arregala os olhos.

Mas o que chama atenção na cena que deixa essa suposição mais fidedigna de trauma psicológico do que acesso a poderes especiais, é que, Sam aponta o protetor de tela do computador e indaga a namorada se ela conclui que a irmã da guarda estava desaparecida pode deduzir as fotos da família dela no monitor. Dando a entender que ela pode ter visto a informação e embaralhado na cabeça e confundido a memória.
Parte do controle desses poderes veem do seu controle emocional, uma analogia ao seu estado de espírito que anda abalado. Em especial porque ela teve um trauma muito forte no passado, há 17 anos. Algo que moldou a vida dela. Que a fez desistir da faculdade, que a fez ter medo de relacionar, de terminar o namoro com seu namorado (apesar de morar na casa com ele desde de então), de sentir para baixo todos os dias.

A narrativa começa mostrando uma vida repetitiva. Claramente abordando a ideia de uma vida tediosa, e a perda de um pai que nunca mais voltou. Ela ficou a noite inteira na rua após a ligação de um compromisso dela durante o passeio juntos no Halloween. E isso claramente constitui um trauma considerável. Parte do que vemos na série pode ser apenas um turbilhão de pensamentos tempestuosos. E o que vem a seguir é ter uma resposta para pergunta fundamental: Ela está alucinando ou tem poderes realmente?
Sim vale a pena.
