Watch Dogs 2 (WD2) apostou em uma cidade réplica da São Francisco no lugar de Chicago, duplicou a interatividade, criou uma comparação com GTA V, criou uma turma carismática e trouxe o hackativismo num nível prático. Mas vale a pena comprar o jogo?
A crítica e alguns jogadores detonaram o primeiro jogo, porque a Ubisoft prometeu Deus e o mundo, e na prática temos um jogo com ação no primeiro plano, e hacker no segundo plano. E um cara (Aiden Pierce) que precisava ser uma máquina de guerra, mas incrivelmente sem muitas opções num mundo virtualmente ilimitado. Bem complicado.
WD2 continua no mesmo ritmo do WD1, talvez no início não dê para notar isso. Porque as maioria das missões, sejam principais ou secundárias, são super fáceis. Mas quando o jogo vai ganhando estrada, você nota que seus super poderes e aquela interatividade bacana dos seus amigos da DedSec morrem quando as fases vão ficando cada vez mais cabeludas. E vamos também aos fatos (que são mitos) listados pelos jogadores mundo a fora (vulgo internet) e entender melhor o que o WD2 propõe.
WD2 Vs WD1 (E GTA V). (Lista de fatos e Mitos)
- WD1 e WD2 não se compara com GTA V. História, mundo, interatividade, complexo, realismo são diferentes demais para terem alguma referência. Talvez a maior conveniência seja o open world. Mas neste quesito então teríamos uma barbaridade comparativa, todo jogo aposta em um open world, alguns mais e outros menos.
- WD2 não é diferente do WD1 – as missões, a química e apesar da história não ser igual, tudo converge para a mesma conclusão. Marcus e Aiden são um exército de um homem só.
- WD2 você trabalha em equipe, em WD1 você trabalha sozinho? Em ambos você trabalha sozinho.
- Em certo momento do jogo você pega uma missão que você encontra com Aiden Pierce. E um detalhe, ele parece ser o cara. Quando quem se lembra do WD1, a dificuldade absurda que era certas missões? E ele ser o CARA, força muita a barra. Como assim, ele era o cara? E dá a impressão que o Marcus também e esse cara. E você acaba notando uma semelhança que não fica na suposição. Mesmo jogo, mas com roupagem um pouco diferente.
- É verdade que você tem uma interatividade maior ao hackear e com um mundo semelhante ao nosso. Como selfies, curtidas e até um mundo imersivo, pode brincar com cachorro, arranjar briga e presenciar situações que acontecem independente de você . Mas não é bem assim que você está pensando. Você vai ver gangues se batendo, a polícia entrando na jogada, cachorro latindo, ou espantando pombos, gente querendo brigar com você. Mas depois de um tempinho isso torna bem repetitivo e raramente você presencia essas atividades independentes. E algumas vezes essa animação viva pode causar alguns bugs. Por exemplo, se você chamar a polícia ou gangues (é uma atualização do seu hackeamento) para pegar fulano de tal, pode acontecer da polícia passar direto ou parar, e ficar na frente do seu alvo e retornar para o carro. Em alguns casos, suas atividades de Hackeamento não se completam.
- Na prática o mundo parece vivo, mas não muda a limitação que o primeiro parecia ter. Chicago não é um lugar diferente. Tinha pontos turísticos para achar, coisa que o WD2 só inovou com um aplicativo e com uma câmera para tirar as fotos. Você ganha EXP (experiência, no jogo traduzido como seguidores) – é necessário para que o DedSec tenha uma vantagem contra a Blume (A vilã do jogo) – mas na prática esses seguidores só são experiência. Então você não vai ver ninguém fazendo mob para ajudar o Marcus, ele que se vire. Não há um efeito real dessa movimentação de redes. Você não ‘vê’ isso acontecer.
- Boa parte que o WD2 tem é uma mudança de interface e uma expansão de mapa. Claro com o foco no Multiplayer. Já que há muitas missões que são voltadas para tal atividade. Pode ser bom ou ruim dependendo do seu objetivo no jogo. Certa vez estava jogando, e um player entrou no jogo. Tudo terminou bem. Mas teve outra vez que estava perto de conseguir, mas o player saiu e o que aconteceu? A fase resetou, perdi tudo. Não foi uma experiência legal. E embora possa desligar a internet, tem missões que são solo na etapa 1, mas a etapa 2 é online.
- As atividades de hackeamento e caça ao player danoso voltaram. Sim quando você faz bandidagem sua cabeça é colocada a prêmio. Então no modo multiplayer outro jogador pode procurar por caçador de recompensas e você aleatoriamente, caso tenha praticado alguma ato ilícito, é selecionado. E entenda que essa volta não trouxe nenhuma diferença do WD1. É exatamente igual.
- Gráfico, realismo, batidas e física – Bem notei que o WD2 melhorou algumas coisas e piorou outras. No WD1 a chuva por exemplo, era mais bem feita, o reflexo no asfalto por umidade. Apesar do mapa, da vista ser incrível, notei que o WD1 tem uma renderização de cenário para perto bem melhor que o WD2. E as batidas de carro, parece que no WD2 você está batendo garrafa de plástico na porta da geladeira. No WD1 você sentia a pancada. É carro de plástico no WD2. A física é que tanto o torque, como direção, peso do carro ou movimento do carro são fantasiosos.
- Tem Uber, mas não se engane são apenas missões de “corrida”. Embora seja divertido no início querendo ganhar estrelas por ser um bom motorista, de pegar clientes dispostos a pagar muito, tem algumas conversas inclusive a legalização do ‘Uber’, da briga contra taxistas. Mas para por aí. Lembra do item 9? A física do carro chega a irritar, você bate no acostamento e seu carro parece que sofreu falha de gravidade, você derrapa tão fácil, e até mesmos rampas com velocidade baixa, seu carro simplesmente vira para o lado como se você estivesse a 200 km por hora.
Qual é a vantagem do WD2 então?
Se vocêestá procurando uma solução para o WD1 ou um GTA V 2.0. Não vai ser uma boa adquiri-lo. Há tantos outros pontos que posso levantar para dizer que o WD2 não é exatamente uma decepção, embora tenha matado pontos que era bons no WD1. O que acontece em WD2 é um sandbox disfarçado.
Mas não há muita liberdade, há muitas funções. Mas você continua limitado. Houve um melhoramento das células de uso do hacker que é um tapa na cara do WD1. Quem não sofria com aquelas células de bateria minúsculas?
A vantagem é que ele é voltado EXCLUSIVAMENTE para Multiplayer. O modo campanha conta com personagens….carismáticos. Na prática eles não são carismáticos. Apenas se confunde muito ‘fases de tutorial’ com carisma de personagem que acaba logo depois que essas ‘fases de tutoriais’ também acabam.
Depois disso você cai na real que o jogo é você sozinho, batendo na Blume como pode, ganhando experiência através de “curtidas e seguidores”, para no final derrotar a Blume ou parte dela, e voltar para missões de Hackear dentro de sessões entre cooperativo ou player contra player, que o jogo obviamente vai justificar como sendo uma batalha sem fim do ativismo cibernético contra os opressores que ainda vivem na cidade sob outros nomes.
O lado ruim de ter o foco no Multiplayer é que MMO costuma banalizar os gráficos (como pode ser visto no jogo) e atribuir diversão em missões de tirar fotos, capturar itens escondidos, hackear e etc. Algo como modo skirmish, conquista, pega a maleta e mata-mata.
Nada contra essa jogabilidade. Essa modalidade de jogo online precisa focar em certos pontos para garantir banda (performance) e diversão para todos. E Multiplayer tem esse ponto positivo. Mais é um detalhe que não é perceptível para quem não conhece ou está na espreita querendo saber sobre o jogo.
E se você está procurando uma análise que diga o que o jogo realmente é, essa é sua análise. Se quer pensar que a IA está inovada, que os gráficos estão melhores e que eles corrigiram o erro do WD1, então essa não é sua análise. Mas isso vai lhe custar uma enorme decepção, caso seu foco não seja Multiplayer.
Nota.
Jogabilidade (8.0)
Gráficos (7.0)
Multiplayer (9.5)
Diversão (Solo – tem vida curta [6.0] e multiplayer [9.0])

