É um título um tanto…estranho? Acho que a melhor manchete seria – “Pare de reinventar a roda”. Mas acho que ficaria menos contextual. Talvez ficasse solto, e em um momento muito futuro, não indicaria o que eu vejo acontecer muito hoje. E o perigo que isso tem representado para nós, a educação não deve ser engessada, mas tem técnica que é tradicional porque ela é mais eficiente por sinal. Vamos lá?
Vou trazer um pouco das demais áreas ,porque o Marketing não é o único campo profissional que sofre do que eu vou chamar de marginalização. Esse termo é um pouco forte, mas ele tem um conceito menos ofensivo, se entendermos que ele está ligado ao fato de uma área profissional ser ‘oferecida’ e ‘ensinada’ com gambiarras, para chegarmos lá mais rápido, sem contar o tempo de experiência e as mãos calejadas. Por isso vou enumerar algumas áreas que fiz parte, faço ou mesmo entrei em contato em decorrência do próprio Marketing.
Hoje o ensino não parece ter comprometimento em ensinar. Mas sim de inventar moda para ensinar. Não existe alguns atalhos. Eles existem, mas não para todos os casos. Atalhos são excelentes para quando estamos em um domínio seguro de entendimento da base, quando entendemos o básico. Atalhos não existem em inícios. Eles são ótimos, não são vetados aos novatos, não é isso. Apenas que, se você entende como é, o atalho é uma ampliação. Se você não entende, o atalho é uma confusão.
LIVROS, MÚSICA, MARKETING E IDIOMAS.
O ensino de música, hoje, na internet tornou fácil a acessibilidade aos métodos. Sem sombra de dúvida a internet é um recurso valioso. Mas de lá para cá, tem sofrido de desorganização. Esse caos nos premedita mais erros aos acertos. O correto não é apenas um caminho, mas tem coisas, que só tem um caminho de fazer. Inventar moda, cria caos. E aliado ao fato de que muitas pessoas não possuem um plano de como oferecer o conhecimento, elas em sua melhor intenção, causam mais caos.
Eu vejo os chamados HACKS (Truques) para Ilustração, música, marketing, idiomas e livros. Como aprender tudo em 7 dias? Já leram essa máxima? Como se tornar um pianista em 7 dias? Ou em 30 dias, para causar mais impacto. Aprenda a fazer personagens incríveis com essas 7 passos. Claro que sabemos ou deveríamos nos respaldar no bom senso de saber, que em 7 dias você consegue apenas entender o mínimo do mínimo.
Eu já vi neste ano, mil e trocentos métodos de como aprender violão. Quase todos errados. E inclusive levando ao vício do erro, porque o aluno a procura de seu próprio ritmo, acaba pensando que basta tocar uma corda e estará fazendo um som. O que ele não sabe é que isso leva muito tempo para de fato fazer o tal do som. Vivemos em uma época de imediatos, mas ainda somos como antigamente. Precisamos de um tempo para engajar.
Já vi também a isenção do uso da partitura no piano, só com o uso de cifras. Quero entender como isso permite você executar uma peça? Os comentários que ouço são – “Executo a música diferente toda a vez que a toco”. Esses são os relatos das pessoas que aderem a este método. O chamado “Facilite tudo para tocar a amanhã mesmo”. Lembro que nos anos 90 tinha uma revista chamada “Teclado toque hoje mesmo”. Uma blasfêmia para qualquer músico.
Só tinhas cifras, o tempo era quase sempre simples (4 [semibreves] e 2 [mínima]) e as músicas eram quase todas em tom CM (sem sustenidos e bémois) e quando tinham, você sentia que a música tinha um som levemente diferente do original. Na música você tem muito disso, essa mudança de tom, chamamos de afinação ou arranjo. Mas as músicas eram ‘desafinadas’ em alguns momentos.
Você não aprendia a ler partitura, estudei em uma escola que ensinava tudo. E quem não estudou ficava a mercê desse tipo de coisa. Desenho é ainda pior, tem toda uma infraestrutura por trás. Não tem como você se tornar um ilustrador excelente com um método que te ensina em 7 dias. Você pode aprender o básico. Do básico, do mínimo, do simples. Mas em 7 dias, você não vai fazer Kratos, não vai recriar a cidade de Boston de Deus Ex, não é possível e você no fundo sabe disso.
Mas queremos resultados para ontem. Então nos enganamos. Por isso que eu vejo com preocupação, quando uma pessoa taxa em tom generalista, que fazer faculdade não é importante. Se fizessem, notariam que esses materiais dispostos na internet são construídos sem qualquer metodologia. Como eu disse, o violão está cheio de erros na internet. Cada um dando sua versão dos fatos. É como a brincadeira do telefone sem fio.
Essa brincadeira pode parecer boba, mas se os participantes criassem um padrão para transmitir a mensagem, eles não teriam tanto ruido quando o último a recebesse. É uma brincadeira, mas no final sabemos que ela denota, desorganização e falta de metodologia de nossa parte. O engraçado nela é ouvir o que o último recebeu e o que o primeiro quis dizer. Mas em uma conclusão mais séria do assunto, significa “CAOS”.
O QUE ISSO NOS ENSINA SOBRE MARKETING?
Marketing como em uma insistência saudável de minha parte, sempre o cito como uma ciência que elabora pesquisas e análises para identificar o que está acontecendo ao redor do que nós podemos chamar de pivô do produto ou mesmo de um público. Quando nós perguntamos o que devemos oferecer e como, temos uma bateria de recursos para nos ajudar a extrair a resposta. O Marketing tem uma forma de ser ensinado.
A forma mais equivocada é de chamá-lo de venda. A outra forma de truque e a outra de milagre. São as três formas repetidamente feitas pela internet ou por qualquer pessoa, seja de forma presencial, que queira ensinar sobre Marketing sem ser de Marketing. É comum pensar que você pode aprender isso apenas com um livro, um vídeo, uma aula ou mesmo uma leitura em um artigo. Como qualquer coisa, Marketing exige tempo.
Não é possível que você acredite que vai ser um profissional em qualquer coisa, apenas com um período de tempo muito pequeno. O melhor método do mundo elabora dois pilares como sendo os moldadores de sua habilidade:
- Tempo;
- Treino.
Todo método que se valha como positivo e excelente, tem que ter esses dois pilares. Não fará sentido de não ter. E por que será que eles são pilares essenciais em um método ideal? Talvez não refletir sobre eles, tenham nos colocado em uma situação de não compreensão. Vamos lá.
TEMPO.
O tempo discorre em períodos ou intervalos. Se você tem um ano para aprender alfabetização, divide essa tarefa por meses e semanas. Suas metas definem o cálculo do que você planejou atingir. Correto? Se você não tem hábito sobre aquele conteúdo, a sua óbvia conclusão será que você precisa de mais tempo para se adaptar.
O tempo nos ensina o hábito, porque quando insistentemente nós os fazemos, ele se torna o hábito. Assim você consegue ver a chamada memória muscular. Quando você corre todos os dias, uma hora você vai correr mais rápido, e mais rápido, até ter um ritmo acelerado, sem perder o fôlego e manter a saúde. Seu corpo precisa entender o que está sendo ensinado.
Se você correr uma maratona sem treinar e ter tempo para o corpo desenvolver um ritmo, metabolismo e absorção, você pode passar mal ou até mesmo, morrer. Seu corpo, sua biologia não compreendem o esforço exigido. Então ele não corresponde. Mesmo que você pense que ele deveria corresponder. Não é mesmo? Sua biologia é como seus recursos. Precisa de tempo para entender o que esses recursos irão fazer e como irão se regenerar.
TREINO.
Faz parte da lapidação de uma habilidade, como tocar música, ilustrar, correr, vender, falar e cantar. Você precisa entender o que é certo e errado. O treino nos ensina sob um efeito de simulação dentro de um cenário específico e de um tempo ou situação, como o certo e o errado são moldados diante daquele objetivo.
Conforme você estuda, por exemplo a língua chinesa, mas você entende como a tonal funciona. E conforme você treina, aliado ao TEMPO, você nota que a nossa língua portuguesa, é tonal também. Então você associa esse conhecimento com o seu novo entendimento. Assim você percebe que essa dificuldade de pronúncia, acaba desaparecendo. E você vai aos poucos aprendendo mais e mais.
O treino nos capacita a ensinar a nossa biologia, cérebro, mãos, nosso fôlego, que estamos exigindo deles um resultado. Sua mão ainda não sabe fazer um acorde no violão. Não comece por ele. Precisa treinar o dedilhado primeiro, precisa fazer os dedos entrarem em uma conexão. Não é possível desenvolver acordes, sem treinar os dedos primeiro.
A capacidade que a gente aprende a ter, vem do treino. Você treina andar desde de pequeno. Treina a pular, escalar, falar, negociar, vender, tocar música. Você aprende como? Treinando, exercitando.
NÃO CONFUNDA DOM COM PREDISPOSIÇÃO.
Importante. Vejo muito isso. Quando aliamos o nosso conhecimento sobre o que o TREINO e TEMPO nos faz, temos que pensar em outro ponto que muitos confundem ou falam de boca para fora, mas é um dito popular. Quem sabe fazer algo impressionante é dito como talentoso. Certo? Aqui é a importância. Não existe sorte, azar ou talento.
Existe facilidade. Uma pessoa pode ter mais facilidade por vários motivos. Ela pode ter uma visão espacial 3D melhor, ela pode ter mais coordenação motora, ela pode ter mais ouvido para o som. Isso constituí as engrenagens que nós, ou cada um de nós, possui. Isso se chama personalidade. Tem pessoas que tem mais facilidade de conversar, de fazer amigos, de aprender, de ensinar. Essa facilidade ela não é exatamente uma habilidade sólida, ela é um gatilho.
Então muitos notam que as crianças (nem todas) tem facilidade de aprender. E assim associam a genialidade ou a idade. E com essa lógica, associam (sem provas na maioria das vezes) que se o novo aprende por ser novo, o mais velho não aprender por ser mais velho. O que se caracteriza, por não ter provas afirmando isso, como crenças. Daí é um efeito cascata negativo que se segue.
EDUCAÇÃO SOBRE TREINO E TEMPO.
Existe TREINO e TEMPO associado a uma metodologia precisa. Quando falo este último, não é uma metodologia que funciona apenas para um caso. Isso não é metodologia. É uma ação isolada. É o que eu vejo acontecer direto. Muitos pagam de professor, não é uma tarefa fácil. Ninguém nasce professor, você aprende a ser um. A didática é importante. Mas didática não significa “inventar”. Significa ensinar e com o melhor método. E isso não significa inventar um do zero. Significa estudar os métodos que existem e aplicá-los.
A base da invenção ou a ideia da invenção de um método nasce em nossa era atual. Nós somos exigidos termos criatividade acima da média. Oferecer leite de pedra. E isso não é uma realidade. Mesmo que a exigência o faça. Métodos levam anos para serem criados, desenvolvidos e amadurecerem. O ensino tem um método específico. O ensino de uma área atende a outro nível de método.
O método de ciência levou milênios para chegar neste modelo atual. Inventar um do zero, me parece e a você também vai parecer, desnecessário, custoso e errático. Métodos precisam de testes, de avaliação e de tempo. Portanto não perca o seu precioso momento em inventar métodos, já existem tantos, que há um glossário enorme para você escolher. E dentre aqueles que ensinam assim, e aqueles que aprendem com um tutor, terão uma conclusão óbvia a ser considerada.
Essa conclusão é aquela que muitos hoje falam em voz alta – “Não vou fazer escola, faculdade ou ensino se quer” porque tudo está na internet. Essa informação na internet ela é justamente aquele perigo que eu disse no começo do artigo – “Atalho”. A informação ela está alocada e não trabalhada. Eu por exemplo, estou estudando violão, tenho 30 anos de estudo de música, 14 de teclado e 16 de piano.
Estudar por conta própria tem mais impacto positivo para quem tem a base do ensino de um instrumento musical, do que uma pessoa que pega esse violão como sendo o seu primeiro instrumento e o contato com a música. O primeiro caso (eu) serei bem mais sucedido, pois uso o método de ensino feito por escolas credenciadas, que funcionam há centenas de anos e os aplico para achar o denominador em comum.
Se o que nunca teve contato, não teve metodologia e não tem um plano, aprender violão será um desafio colossal e quase impossível. E não é, com a devida orientação, não é.
CONCLUSÃO.
Meu direcionamento para a educação é de quase 20 anos de mercado, ensinar Marketing, Publicidade, Design, Comunicação, Atuação e etc, é um conceito que você aprende ao longo dos anos. Lancei meus cursos, e irei em breve lançar um voltado para o público em geral Síndicos, Vendedores, Varejo, comércio, indústria e produção, porque eu vejo naturalmente dois aspectos importantes para este ensino.
- O ensino é o caminho para o aperfeiçoamento e eficiência;
- E o divisor de ter resultados e não ter resultados.
O meu foco não é combater apenas a falta de metodologia ou pedagogia por assim dizer, a ausência plena de conhecimento do ensino ou mesmo da tática que nos leva a saber ensinar melhor (e não cunhar nomes novos ou querer fundar uma nação no lugar do maior foco, que é o aluno). Em minhas andanças como consultor, notei que os serviços prestados de Marketing e Publicidade eram imediatamente esquecidos quando o prestador ia embora da empresa.
E ninguém absorvia o treino, não entendia o serviço, não compilava os resultados. E não associava que uma organização, plano, uma boa ação de marketing, promovia os resultados que eles tinham de fato. Então notei que é preciso ensina-los sobre isso. Mas não faço uso de metodologias inventadas, elas parecem soar bem ou que eu sou um gênio, mas eu prefiro assegurar que você saia da minha sala de aula sabendo com uma metodologia fundamentada por centenas de anos, do que inventar moda.
Até a próxima!