Acredito que mesmo com o declínio dessa leitura — é oportuno afirmar que ele é extremamente desconexo — mas os motivos são menos óbvios, essa resenha não terá longevidade, mas será de valia para quem está pesquisando por ele e quer saber se vale a pena. Vamos lá?
Lançado pela Darkside — este livro não é a origem do filme — como já vi em alguns com essa dúvida. O Filme não teve origem literária, foi criado para o cinema e apenas. Este é uma produção do autor James Kahn, que converte roteiros de filmes em narrativas (ou pelo menos tenta), publicado em 2023. O livro engloba Poltergeist 1 e 2, e para efeitos de informação, as versões dos anos 1980.
Apesar de que muitos resenham ser fiel ao filme, ele é uma novelização que “remove” muitas características, altera alguns personagens, dinâmicas e até mesmo ‘cenas’. Há elementos obviamente presentes do filme. À este ponto eu não sou contra, mas a narrativa (o romance) é um show de horrores em uso de expressões, redundâncias e até mesmos incoerências. Passagens e personagens que sofrem “mutação” de espaço e tempo.
Como eu disse, declinei da leitura no primeiro capítulo. Na primeira página senti que estava lendo um belo romance (ficção), mas na segunda página já senti um desconforto — em usos de expressões conhecidas como “preenchimento de espaço” que não significam nada.
Há uma mistura de leitura leve com alguns termos rebuscados (que não atrapalham o entendimento em si) mas cria uma quebra de dinâmica (textos leves consistem em menos complexidade é mais específico a contar os fatos) — assim que a alternância de complexidade implica em subir uma ladeira e de repente ter que voar (textos densos consistem em descrição massiva) — este último contrasta com que eu afirmei sobre o entendimento, porque você não mistura texto (fácil) com (difícil).
Mas o livro não consegue ter um equilíbrio, no entanto não foi por isso que declinei. Foi porque em poucas páginas haviam uma salada de fatos, que eu nem sei se o Poltergeist é o grande vilão. Há muitas passagens desnecessárias, sem sentido, até mesmos confusas e algumas bizarras. Como por exemplo – “Enquanto Robbie observa Dana, sua irmã mais velha, ele a vê conversando com suas amigas enquanto folheiam uma revista para adolescentes e nota que elas sussurram e fazem gestos que não deveriam fazer.”
Sabe qual é o problema dessa frase? Vários. Primeiro que Dana não tem uma localização, se está dentro ou fora da casa. Robbie quando fala, aparentemente está em cima da árvore de Carvalho (mas ele é teletransportado para dentro e fora, cedo e tarde) no mesmo dia. Não se sabe se ele está observando ela pela janela acima da árvore, ou dentro do quarto ou mesmo ela está no quintal.
Um outro problema recorrente é que há troca de espaços físicos entre os personagens, mas o autor, não parece ter habilidade de explicitar a transição entre esses lugares (e mesmos tempos) em que os eventos ocorrem. Dando a entender que tudo está acontecendo ao mesmo tempo.
Outro ponto, como uma criança de 7 anos sabe que gestos e falas são inadequados? E mais, o autor não indica o que elas estão falando de tão absurdo — a supor que estejam de fato comentando entre si ou debatendo o que leem na revista — até porque a natureza da revista nem sequer é revelada.
Ainda no capítulo, tem uma parte que Dana abre sua camisa para que a pequena Carol Anne possa ouvir seus batimentos, em um faz de conta de que ela faz enquanto brinca de médico. (Essa cena não existe no filme, a personagem da Dana mal contracena com a família no longa).
A cena revela que ela praticamente abre a camisa. É uma passagem no mínimo bizarra. E detalhe, que quando a irmã dela surge no quarto, a garota xinga ela e manda sair. Mas quase sem nenhuma explicação, cede a brincadeira da menina. Mas não tem sequer explicação o porquê ela optou participar se a primeira coisa que ela fez ao avistar Carol Anne foi de enxotá-la.
Então as aparentes adições a narrativa, não sendo originais do filme, surtiram um efeito de bizarrice narrativa. E outro ponto é que as partes que existem também sofreram e eu senti que estava lendo um conto inacabado com ideias jogadas. É difícil compreender que a Darksider publicasse um livro tão mal feito.
Como no Canal da Junca Games, eu dou a mesma nota aqui, -5.
