Um dos meios mais promissórios de obter uma resposta emocional é de observar sem interferência como uma pessoa interage com alguma atividade. Parte de nossas respostas não são respondidas quando temos uma pressão social acontecendo. Essa pressão é quando somos obrigados a responder um questionário com milhares olhos apontados em nossa direção.
A maioria destes questionários são superficiais e irão coletar informações racionais, que mais se aproximam de um preenchimento de ficha padrão. Para estes casos, a empresa pode trabalhar em cima de dois quesitos:
- As informações podem ser preenchidas a distância
- As informações servem para identificação
O que as empresas querem são as respostas que fazem uma pessoa comprar um produto. Essas informações não são conseguidas com pesquisas do tipo: ‘Qual é o seu nome, Onde você mora…”.
Este último caso é definido como pesquisa quantitativa. A terminologia acadêmica apenas confere que essa pesquisa acumula informações no lugar de abstrair alguma mensagem subjetiva, como é própria das informações ou fatores emocionais, o exato motivo que faz as empresas aplicarem o Inbound Marketing em suas estratégias.
Indo rápido demais? Vamos começar pelas definições de cada etapa. Pesquisas são definidas em dois tipos:
- Qualitativa
- Quantitativa
A primeira quer captar fatores emocionais. Ela se prontifica a determinar quais as variáveis responsáveis pela tomada de decisão de compra ou rejeição. São com estas respostas que o Marketing trabalha sua estratégia e cria gatilhos para promover ações das pessoas.
A segunda quer captar informações formais. Tais como origem, nascimento, nome, quanto ganha, onde mora, onde frequenta. Não é uma pesquisa que avalia tomada de decisão e nem comportamento de consumo, mas complementa essas informações.
A exemplo de como as pesquisas trabalham em conjunto é quando analisamos pela pesquisa qualitativa que a pessoa comprou algo porque se sentiu bem. E quando conferimos na pesquisa quantitativa que ela respondeu que residia quando criança próximo a uma loja que vendia aquele produto.
Podemos unir as duas informações e chegar em um veredicto.
Mas em Marketing a avaliação predominante é sempre emocional. Nenhuma pessoa comprar por impulso racional. A racionalidade é o básico requisito do lado do cérebro que toma as decisões baseado na conveniência e resquício da necessidade.
Uma pessoa compra uma escova de dentes e pasta para evitar cáries e problemas de saúde. Esse é o lado racional pensando.
Se fosse o lado emocional, a pessoa pensaria em comprar uma escova personalizada e uma pasta com sabor de amora.
Assim podemos determinar:
- Lado Racional – Necessidade – Pesquisa Quantitativa
- Lado Emocional – Desejo – Pesquisa Qualitativa
Passado as definições básicas, podemos compreender melhor o que é TIC. É um método de pesquisa qualitativa conhecido como Técnica de Incidente Crítico.
As palavras destacadas das iniciais são importantes. Vamos lá. O incidente crítico não é um referencial pejorativo, não estamos falando de acidente ou insatisfação. E sim de percepção. Logo a pesquisa foca em saber o que aconteceu quando um cliente interagiu com alguma atividade.
Esse momento de interação é entendido como Incidente Crítico. O TIC é um dispositivo que deve atender a demanda de entender o cliente na perspectiva dele. E não nossa, da empresa ou de outrem. Portanto a pesquisa precisa ter direcionamento pessoal. Eis algumas formas de desenvolve-la:
- Permita escrita
- Elimine o máximo de múltipla escolha
As perguntas precisam deixar que a pessoa tenha a liberdade de pensar. Por isso a múltipla escolha não pode ser um elemento presente. Normalmente ela ‘pressiona’ que a resposta seja daquela forma. Veremos um exemplo de como a múltipla escolha deve ser eliminado ou parcialmente eliminado.
- Questões como Sim e Não
- Questões que pergunte o Porquê
A primeira já condiciona que a pessoa seja positiva ou negativa a uma questão. Muitas vezes a resposta não é simplesmente SIM e NÃO. Portanto a pesquisa deve permitir que a pessoa possa expressar o que exatamente ela pensa.
A inclusão do por que abre o leque de respostas que a pessoa pode usar em um determinado momento. O Sim e Não podem ser usados quando que logicamente apenas existam essas respostas.
Por exemplo:
Uma pessoa tomou um sorvete de sabor morango. É valido perguntar: Essa pessoa tomou um sorvete, sim ou não? Para entender porque ela preferiu tomar o de morango e não o de limão, a pergunta por que faz mais sentido do que pedir para ela responder sim ou não.
Uma das vantagens do TIC é que você não limita a resposta do seu público e o permite narrar em seu ponto de vista o que ele sente de positivo, neutro ou negativo em relação a algum serviço, produto, atividade ou interação.
O TIC coexiste em um ecossistema estrutural de Pesquisa de Marketing que permitem cobrir e entender conclusivamente a percepção de um cliente ou de vários, públicos ou grupo sobre algum objetivo. Veremos a seguir as etapas de uma Pesquisa de Marketing.
- Solicitação da Reclamação
- Estudos sobre Incidentes Críticos
- Pesquisas de Exigências
- Questionamentos sobre Relacionamento
- Telefonas de sondagem para pós questionamentos
- Encontros e Discussões sobre expectativas com serviços
- Avaliações dos Controles do Processo
- Etnografia orientada para o mercado
- Compras-Fantasma
- Painéis de Clientes
- Pesquisa sobre o cliente perdido
- Pesquisa sobre expectativas futuras
- Pesquisa na base de dados de Marketing
Destacam-se cada uma dessas etapas e suas conexões entre fases que é de alimentar ou complementar informações obtidas em cada uma dessas etapas com o que se encontrou em outros momentos.
É essencial também considerar a validade estatística. Que são informações percentuais oriundas de bancos de informações auxiliares ao objeto da Pesquisa. Assim podemos configurar uma definição mais completa a natureza da pesquisa.
O TIC como podem observar, trabalha em conjunto com diversos recursos e dispositivos de abstração e análise informativa que tem o objetivo de entender porque uma pessoa comprou ou deixou de comprar.
A complexidade é válida quando estamos tentando ler por assim dizer, a mente das pessoas enquanto elas tomam milhões de decisões que a farão comprar um carro de uma cor e não o outro carro. Ou uma faca de cozinha com o cabo preto e não cabo bege e assim por diante.
A recomendação em Pesquisas de Marketing Eficazes é que se tomem sempre a medida de captar o que o cliente quer em suas palavras, fazendo uso de ferramentas como o TIC.
E que a pesquisa quantitativa não é apenas menos importante, ela é essencial para tornar a pesquisa qualitativa mais eficiente. Mas separadas as informações ficam em conflito a depender da situação.
SOBRE O AUTOR.
Rafael Junqueira é Professor, CEO e Diretor de Marketing da Junqueira Consultoria. Publicitário e especialista em Marketing Digital e Marketing de Relacionamento. Possui mais de 8 anos em experiência em Marketing Jurídico, autor de mais de 80 artigos. Pós graduado em Adm. de Marketing e Comunicação Empresarial (UVA), Marketing de Relacionamento (IBMEC), Gestão de Riscos em Marketing Digital (ESPM).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.
Zeithaml; Bitner; Gremler. Marketing de Serviços – A empresa com foco no cliente. Porto Alegre, Bookman, 2011.
