Por que a série de Supergirl durou 6 temporadas em uma época de saturação de super heróis?

Em 2015 iniciava um novo arco em um universo paralelo ao DCU, onde Kara Zo-rel era enviada à terra junto do primo, Ka-rel, com a missão dar proteção e mentoria, enquanto se salvava de uma iminente morte em seu planeta, Krypton.

SUPER HERÓIS HUMANIZADOS | SUCESSO | DRAMAS DE MAIS | FIQUEM DE OLHO

Em 1984, quando Helen Slate fez Super Girl (Kara) e hoje contracena como mãe adotiva da nova heroína, sua missão era ir ao planeta terra (bem antes de Krypton ser destruído) para recuperar o artefato de engenharia chamado Omegahedron e que caíra na mão de uma feiticeira na terra.

Na série o artefato chegou a aparecer, com infinitas outras menções aos filme, aos filmes do superman de 1978 à 1983 (sem dar pitaco ao quarto filme, 1987) e com crossover em séries como Flash e Arrow. Mas o que tornou essa série durável contra outras que não parecem ter muita longa vida?

E por quê os filmes não parecem ter muita pretensão, considerando que 6 temporadas (2015-2021) não é um tempo pequeno, considerando 20 episódios por temporada. Qual foi o segredo?

Em parte a série não é um conceito de heroísmo do tipo Superman 1978 ou Batman 1989 onde temos capangas contra um herói destemido. Não é que não havia roteiro, mas o simples era: Cidade infestada de problemas, herói acaba com os problemas, tem um chefe principal, acaba com eles e gostamos de tudo. Essa é a receita dos filmes dos super heróis antes da geração DCU e MCU.

Quanto mais houve complexidade na sétima arte, mas foi exigente que os personagens apesar de heróis fossem menos heróis, menos fortes e apesar de aliens ou mutantes, menos aliens e menos mutantes. Em Superman Returns de 2006 com Brandon Routh, temos um Superman extremamente poderoso.

Com o Homem de Aço temos um Henry Cavill parecendo um homem-aranha que voa. Forte, mas não o suficiente para por exemplo carregar uma ilha pelo espaço, como em Superman Returns. Nem como consertar a falha de San Andreas em 1978. E com sentimentos, obstáculos e problemas humanos. Problemático? Superman em 1978 apareceu do nada, salvou Lois Lane e ninguém se importou com isso? O superman atual foi impedido de salvar o seu pai adotivo para não se expôr, porque a sociedade não teria empatia de aceita o diferente.

Problemático? Sim. Porque ninguém vai ao cinema para ver superman mais humano que humano. Com problemas de humano, enfrentando fila do pão, não tendo prioridade, todo mundo tem um anel de Kryptonita em casa, tudo é tão poderoso, que o formalismo de ser um Superman é apenas porque o nome do filme sugere isso.

Fora isso os filmes são bons em qualidade, tanto em trilha como em fotografia. Mas esperava mais como Superman dos anos 70 e 80. Pelo menos ali eu podia acreditar que um homem podia voar. Hoje não sei se vou chorar por tanto drama ou lenga a lenga do tipo Glee (não sou contra, mas não é meu gênero).

Batman dos anos 80 mais sombrio que dos anos 60. O lado bom é que os roteiros eram apenas simples para dar o ar de heroísmo do Batman. Ele é humano, tudo bem ter problemas de transporte. Exceto que se queria esconder a caverna, poderiam avisa-lo para tirar aquela chancela do lado de fora da caverna? Tudo bem, era um tempo bem mais inocente. E claro, bem mais divertido.

O Batman de 1989 era furioso em sombrio. Mas tínhamos certeza que o bandido ia levar o caldo do dia. E que podia ter problemas, o mocinho venceria. Imagine se o Bruce Wayne resolve chorar às pitangas porque seus pais morreram toda vez que ele fosse vestir a roupa. Ou ir combater os inimigos. Ou ainda, quando ele foi lutar contra o Coringa o objetivo era parar aquele maluco. E no final, dava para ver que ele queria salvar até o responsável pela morte dos seus pais. Mas não ficou com historinha do passado, ou de lembranças. Era oito ou oitenta.

Hoje o Batman tem 50 minutos do filme de 2 horas para lembrar do passado tenebroso com pitangas e lenços. Ainda que eu admire a dramatização humana, e posso não ser a pessoa que mais adora ver dramas, chega a dar tédio em ver filmes de Super Heróis onde o drama, a tristeza, a perda, a fila do pão, problemas de emprego, ar poluído tem mais lugar do que usar uma visão de calor do tipo que o Gohan costuma jogar em seu inimigos.

Boa comparação? Dragon Ball Z é o tipo de exemplo que o filme de heróis não podem seguir. Apesar de Gohan descer o sarrafo, ele passa 5 episódios falando e narrando sua vida e como irá matar o adversário, antes de descer o sarrafo. Tudo bem, é assim que são as produções japonesas. Eu gosto. Adoro ver filmes japoneses, no idioma original. Mas os filmes são assim.

Eu sei que quando vou ver um filme de herói japonês, de ficção japonês ou qualquer categoria que eu goste, eu sei que no filme Japonês teremos um Tutorial 1 e 2. Teremos uma introdução 1 e 2. E quando faltar 5 minutos do filme, teremos o grande ápice. Eu sei. Mas eu espero que seja assim. E não um filme americano que dura 120 minutos onde você vê uma novela mexicana. (Nada contra, tem séries e novelas mexicanas legais).

Quando assisti Kick-Ass 1 e 2 esperava um filme pé no chão. Não sabia nem mesmo da HQ, depois que fui me inteirar sobre. E ainda que eu falei com muito cuidado, Kick-Ass tem mais ação e focado no personagem do que os filmes do DCU e MCU juntos. Não é comparável, nem deveria. Estamos falando de seres humanos com iniciativa de heróis contra seres alienígenas, multdimensionais, mutantes e gênios da engenharia.

Apesar de ser gostar de Dr. Estranho, e não desgostar das adaptações feitas e alterações da HQ para os filmes. Não sou do tipo chato, que se mudar um pingo vou ficar irritando, mas não vi a importância maior do Stephen Strange na tela. O filme de 2016 é bonzinho, de 2021 (viva a Feiticeira Escarlate, cadê o Dr. Estranho?), o filme do Homem-Aranha sem volta para a casa, se juntar a parte que ele participou desse filme com o Multiverso da loucura, teremos um filme Dr. Estranho 2.

Dos filmes coletivos temos pouca importância, faz sentido, o foco não era ele. Com as animações do What If achei bem mais notório. Veja que não estou torcendo para o herói sair vivo. Dr. Estranho já morreu pelo menos umas 10x nos quadrinhos e sempre volta. Mas nem é bem trabalhado no MCU, colocaram ele lá. E bum!

A feiticeira Escarlate é uma personagem muito melhor nas HQS, não estou falando de poder, e sim de construção dela. No MCU é drama sem sentido algum e melodrama e chatice de loucura de onde não teve. E furos de roteiro. Mas independente disso, muito drama mexicano.

VAMOS FALAR SOBRE SUPERGIRL.

Por 6 temporadas é possível dispersar drama com sobrenatural. É possível fazer um filme de 3 horas que não seria possível fazer o mesmo que três episódios de um formato em série. É possível criar parâmetros para os personagens, o protagonista, o antagonista, as pessoas ao redor e o contexto. Filmes são difíceis porque precisam abrir e fechar uma história com algum sentido.

Não tem espaço para desenvolver personagem. Então não faz muito sentido se você colocar impactos específicos. Por exemplo, o pouco que temos, Feiticeira Escarlate perdeu os pais em Sokovia quando pequena, perdeu o irmão (um velocista, não sabemos como isso é possível), ela não teve um filme solo, teve uma série que não contou com muito sentido, foi uma invenção (tem HQ) mas para o arco não fez nenhum sentido.

O que sabemos dela? Nada. Como ela foi para ali? Não sabemos. Ela foi uma heroína quando pequena e cresceu e se junto com Thanos, por quê? Não sabemos. Por que ela decidiu se juntar aos Vingadores e possivelmente as pessoas que tiraram tudo dela [STARK]? Não sabemos também. Por que ela inventou dois filhos que não tinha? Darkhold, mas não fez muito sentido. Por que ela ressuscitou Visão, mas não matou Thanos? Precisamos perguntar aos roteiristas.

Tanto drama, pouca construção. Em SuperGirl o drama tem uma contramedida. Ele consegue ser construído se você o dispersar conforme a série caminha. Na primeira temporada vemos KARA sendo guiada por Cat, sua chefe. Vemos sua irmã sendo o que ela deveria ter sido do Ka-rel. E vemos ela construindo sua confiança, personalidade, pessoalidade e força.

Mas vemos que ela pode contribuir com isso usando uma metáfora, a super força que herdou por ser Kryptoniana. O desfecho da primeira temporada dá a personagem um novo rumo. A missão dela era de ser uma protetora de Ka-lel. Mas ela perdeu essa motivação ao surgir no mundo 20 anos após e encontrar seu primo bem mais velho que ela.

Em 20 episódios, que foi a primeira temporada. Equivaleria em filmes, uns 30-40. Não é exagero. Porque filmes são formatos mais condensados. É preciso ir para ação logo do que ficar na filosofia de existencialismo. A série pode organizar 5 episódios para contar a origem da família e da casa El em Krypton. Se fosse em formato de filme seria 3 apenas para contar as guerras (que seria algo do tipo Game of Thrones) como ocorreu na série Krypton. Seria mais 3 filmes para anteceder o filme do planeta. E 2 filmes para mostrar a vinda de Ka-lel para a terra.

Ao total 8 filmes para mostrar Superman vindo ao planeta terra e explicando sucintamente o que isso significou para o último filho de Krypton. Agora eles querem fazer isso em 2 filmes em um espaço de 2 horas. Sobra o que para vermos ação? Nada. A maioria dos filmes de super heróis hoje são comparáveis aos filmes dos anos 60 de ficção científica. Como assim?

Com baixo orçamento, tecnologia escassa. Os filmes dos anos 60 só mostravam o monstro ou o fenômeno no final do filme parcialmente. Era tão medonho em ver pouco, do tema que levava no título, que a gente pensava – “Nossa que clássico.” Vi há muito tempo um filme chamado Krakatoa. Dos anos 60. Eram 2 horas de filme contando tudo, menos o Krakatoa. Ele só explode no final e era uma maquete muito mal feita. O tempo de explosão foram menos de 3 minutos.

Os filmes estão com uma cara de Stephen King. Sabe o que é isso? Como é a escrita de Stephen King, como a de H.P Lovecraft. Muita descrição, muito detalhamento, muito foco em uma cena. Parece Kubrick. Fica mil anos olhando para uma explosão de luzes e como elas se expressam se você mudar a angulação. Sabe o que torna chato mais ainda? O fato que os roteiristas continuem a fazer esses borrões para contar uma história que ninguém está querendo ver.

Fale a verdade, você vai para o cinema ver o drama familiar de Superman? Ou quer vê-lo dando uns murros em um Cthulhu? Em Supergirl é possível ter uma vida humana na fila do pão e ter uma vida alienígena cheia de problemas fantásticos. Mas isso torna as 6 temporadas um mar de temas. Cada temporada se revestiu disso. Agora será sobre Krypton, agora sobre os Daxamitas, agora Luthors e assim por diante. Cada 20 episódios conseguiam delimitar os personagens e suas histórias.

Maçante? Aplicável á alguma série, eu diria Stranger Things. Até a terceira temporada (eu excluo a segunda temporada da memória) eu diria que era uma série sobre ‘Coisas estranhas’. Hoje está mais para ‘Adolescentes em Hawkins e telecinese’. Depois do Vecna e os 9 filmes de 1h30 (poderia ter terminado ali), torna o desfecho da série (será lançado agora em 2025, não mais 2024) que nem aquele efeito de Jogos Vorazes – A esperança Parte 2.

Lembram? Levou 1 ano. Mas a parte 2 era praticamente um filme burocrático sem nenhuma ação, dando desfechos de cada personagem por 2 horas. Por que eles não passaram logo isso durante a parte 1? Levamos 1 ano para ver o forno esfriar e receber uma esfirra sonsa? Stranger Things demorou demais. E não importa se é uma boa série, está cheia de furos e muitos hiatos que poderiam ter sido resolvidos em 4 temporadas e com menos tempo.

A série é ruim? Obviamente que não. Mas ela poderia ter tido menos contratempos se houve um roteiro criado para as 5 temporadas. Dá para perceber que eles inventaram o Vecna recentemente. Roteiros bons são aqueles que você já sabe como a história vai terminar, independente se isso vai levar 5-6 temporadas.

SuperGirl bateu em duas fontes que deram certo: Longevidade para dar tempo para criar os personagens e toques ‘humanos’ para criar uma série ao mesmo tempo fantástico e ao mesmo tempo dramatizada. Aliás todo mundo gosta de uma implicação de relacionamento? Pois é, o drama faz muito sucesso. Mas quando ele é aplicado sob uma medida errada, em filmes, costumam dar errado.

Se Supergirl fosse um filme teria que fazer como em 1984. Ela sai de Krypton, procura o artefato, acha. Tem problemas com os humanos. Resolve, vai atrás da feiticeira e resolve o problema. Acabou. Filme é uma tomada certa. Não é uma tomada com detalhes para dar certo.

Pensa assim, em Superman de 1978, temos o que de Ka-rel?

  • Que ele é alienígena;
  • Que tem poderes ao absorver o sol amarelo;
  • Que Zod, Non e Ursa foram presos na prisão fantasma e depois tiveram com ele;
  • Que após uma dose errada de sintetização de Kryptonita ele ficou mal;
  • Que teve um interesse romântico com Lois Lane;
  • Que renunciou os poderes uma vez para ter uma vida comum;
  • Que salvou EUA inúmeras vezes.

AGORA, pense na complexidade que os filmes nunca poderia ter tocado. Senão não teríamos o filme que tivemos em 1978-1983. O fato dele ser alienígena vem pela dedução de a introdução do filme mostrar Krypton e ele indo para terra e caindo em uma fazenda (alusão de E.TS e Fazenda). Fora isso não sabemos da vida dele em Krypton e nem do seu Pai Jo-rel e nem de Lara Jo-rel.

Não sabemos porque Zod queria submeter Krypton, nem porquê Non e Ursa se juntaram à ele. Porque parece que Jo-Rel tinha poder em puni-los, mas não teve o mesmo poder de mudar o ponto de vista dos habitantes em relação ao fim do planeta.

Houve uma pequena crítica do fim de Krypton, mas sem precisar ocupar mais espaço. Aquecimento global. E depois o envio de Ka-lel para o planeta terra com a finalidade de impedir de acontecer o mesmo que de Krypton, outra mensagem, sem lenga-lenga.

Superman vai para terra, arranja um emprego como jornalista sem precisar de diploma e faculdade, ninguém pergunta de onde ele veio, não tem complexidade de hoje em dia. Ele consegue achar os problemas com apenas o que tem na redação do Planeta Diário, não importa, mesmo sem internet e celular, ele sabe que uma formiga está presa na árvore na China.

Em Supergirl ela vale da ajuda do DOE e da Catco para conseguir parte das informações que acontecem. Note que a série consegue explicar como ela consegue achar as informações do que o filme pela longevidade. Se o filme precisar ter que explicar isso, precisaríamos de um segundo filme para mostrar o que o primeiro filme queria mostrar – Ação.

SUPERGIRL FUNCIONA COMO FILME? | SÉRIES | DEU RUIM.

Em 2021, a série teve seu fim. E os acontecimentos da série formaria uma possibilidade de um filme bem mais possível do que apenas criar um filme do nada. Por exemplo, se Dr. Estranho tivesse uma série, e dali fosse para um filme, seria possível criar uma identidade dele e assim as pessoas entenderiam, o que muito leitor de HQ sabe, THANOS teria sambado.

Um filme da Supergirl com Melissa Benoist seria bem mais possível e bem mais profundo que o Helen Slater em 1984, devido a série. Porque foi possível criar uma personalidade para ela e seus avanços. Ela não era apenas um alienígena prima do Superman, agora era uma heroína cheia de personalidade e confiança. E não o de repente, vimos esse crescimento. Foi possível.

Deu certo porque na série tudo que é possível desenvolver, tem tempo para fazê-lo. Em Wandavision o que deu errado? Tudo. Ficaram muito mais preocupados em esconder que ela que fazia tudo aquilo do que montar uma personagem. Para depois no final do que parecia ser uma pessoa que sofreu com as perdas, mas eram só isso, em uma rainha de caos e destruição no filme, que deveria ter sido do Dr. Estranho, mas passou a ser de Escarlate.

A abordagem é interessante, porém com a conclusão nos últimos episódios, deixa claro que Wandavision foi montado episódio a episódio. E não roteirizado tudo de uma vez e filmado com os pormenores em cima da mesa. Tanto que se confundiu isso, que muitas pessoas que nunca leram os quadrinhos, entendem que Feiticeira Escarlate é uma personalidade diferente da Wanda. E não é uma personalidade. Ela se diz “Feiticeira Escarlate” como quem substituiu sua vida “de antes” por uma nova, é uma questão psicológica e não fantástica.

Essa confusão ainda gerou uma segunda pior. Em Homem-Aranha sem volta para a casa, Dr. Estranho criou o lapso no multiverso certo? Então por que a América Chavez e o Cthon parecem ter sido os responsáveis pela ruptura e não o Dr. Estranho? Uma invenção de última hora colocou em xeque a qualidade do filme. Se forem inteligentes, desconsiderem o Dr. Estranho – Multiverso da Loucura, e apenas o filme de 2016 direto ao ponto.

Clea foi a primeira pessoa que Dr. Estranho encontrou nas HQs, ao contrário de Christine a enfermeira da noite. Será que Charlize Theron vai continuar no papel? Em 1963, Clea nem sequer tinha esse nome. Mas se eles fizerem a lambança de novo, que devem fazer, Clea é sobrinha de Dormammu, filha de Umar (Irmã de Dormammu). Não colocar isso na história, vai só criar o colapso do MCU até agora.

Ninguém consegue me explicar por que a própria Marvel resolveu não usar os roteiros das suas próprias HQs. Eu entenderia perfeitamente se fosse outro estúdio. Enfim, o MCU hoje vive um multiverso da loucura, já virou palhaçada desde da fase 2 (bem antes do Homem de Ferro 3). Desandou muito por ali. Depois foi só ladeira abaixo.

O mesmo seria aplicável ao The Last of Us, que teve seus episódios lacretes, mas que conseguiu pelo menos atingir a cota de fidelidade (talvez a primeira para games). Não tenho uma opinião positiva ou negativa em relação ao TLOU. Apenas que ele não poderia ser feito como um filme. E se fosse, seriam uns 50 só para mostrar os 20 anos durante o surto.

SUPERGIRL DEU CERTO? | DEU ERRADO? | STAR TREK É IGUAL AO STAR WARS?

No momento que escrevo esse artigo, estou assistindo a segunda temporada de Supergirl. E vejo porque deu certo. Mas podia não ter dado. Arquivo-X por exemplo nos anos 90, desandou da quarta-temporada para cima, independente de ter até 2 filmes para complementar a ideia. Muitas vezes séries não tem uma vida útil ou nem elasticidade para embarcar muita ideia junta.

Buffy é uma outra série que contava a história de uma caça-vampiros, que daria muito bem para ser uma série longeva, sem problemas de ter 30-40 temporadas. Porque Caça-vampiros e vampiros sempre serão um grande problema. Quem disse que uma escolhida ou escolhido serão os promissores para acabar com toda a horda? Se existe até o século 20 os vampiros mais velhos, não teve uma resposta a altura até hoje. Não seriam eles os catalisadores da solução final, seriam?

Mas Buffy terminou sem pé e nem cabeça. Teve episódios odiosos, como o caso do Corpo, que foi um episódio inteiro mostrando a morte da mãe da Buffy que tinha um câncer no cérebro. O pior na minha opinião. Já havia divergido do conceito de caça-vampiros há séculos quando esse episódio foi ao ar, e já tinha os fins para contar da série. Houveram tentativas de HQS para dar um final mais digno, aquela lenda da Caverna do Dragão que todo mundo gostaria de acreditar de ter tido algum dia, esquecido em uma prateleira.

Supergirl poderia ter terminado mal, mas ela teve histórias para contar. Uma delas era a construção da personagem que foi ganhando batalhas pessoais, criando caráter e formando o que ela queria ser. Nada que nenhum outro ser humano não se identificaria. Cada temporada significou uma espécie de arco e saga, poderíamos dizer que se fosse uma HQ, seriam 12 volumes para cada arco. E quando chegou aquele momento de “Já enfrentamos hordas de inimigos, marcianos, Kryptonianos, problemas da terra, multidimensional, crossover e montamos nossa heroína” está na hora de dar um fim (com o gostinho de continuidade) mas sem ser mais SOLO..

Foi assim com Orphan Black (estão querendo fazer a sexta-temporada), espero que não aconteça. A série fechou como tinha que fechar. Se tem mais história, com certeza, publiquem em formato de HQ, como série chegou ao seu fim. Tudo tem seu fim. Um certo tempo atrás ressuscitaram Arquivo-X para mostrar que é possível piorar mais do que ela tinha piorado em 2002 (a última temporada). E se você for uma pessoa que valoriza sua autoestima vai considerar a série até a quarta temporada lá nos anos 90.

SuperGirl deu certo porque soube contar a história, usar o espaço, usar os temas e quando viu que esgotou os contos possíveis para serem contados, fechou as cortinas. E isso foi possível porque foi montado um conceito antes de fazer a série. Eu até tento pensar como é que uma pessoa ou grupo, pensa em fazer uma série ou filme sem pensar no que ele vai comunicar. Supergirl quis contar a história de uma viajante que tinha um rumo certo e de repente não tinha mais nada e teve que encontrar o seu próprio caminho.

Dá para fazer spin-off:

  • Guardião (James Olsen) e Winn (dificilmente, eles funcionariam apenas como uma dupla cômica) – Diria que o Guardião sozinho e indo para outra dimensão seria mais interessante;
  • O Diabo veste prada no papel Cat Grant, daria certo porque tem haver com a superação do empoderamento feminino na indústria. Mas teria que tomar cuidado com a mesmice, já que ela mesma não é uma heroína e se quiser usar a mitologia dos super heróis vai ser algo bem no estilo Rogue Squadron (Filme Star Wars) sem Jedis;
  • LizieWire – Daria para fazer como Arlequina foi feito;
  • Luthors – Com certeza, com muita conspiração e ‘Umbrellas Corporation’ da vida;
  • DOE – Como uma agência que atua para proteger a terra de alienígena? Seria muito boa também.

Esses arcos foram criados e super trabalhados na série. Mas a própria protagonista não seria uma boa continuar como SOLO devido ao esgotamento dos temas que ela já participou. Ela poderia fazer uma ponta nos SPIN-OFFS. Como fez nos Crossovers do Arrowverse e Flashverse. Ela não ficou em cena muito tempo e nem sequer sofreu de PROTAGONISMO (Como diria a Primeira Fila).

VALE A PENA VER?

Se depois de eu ter feito esse MEGA artigo e dissesse não. Eu mesmo teria que reler ele todo e ver que nada mais o que fiz foi de sustentar um argumento que SuperGirl se manteve nos eixos porque soube usar a narrativa ao seu favor. Fazendo a série bater em teclas como:

  • Drama familiar;
  • Drama pessoal;
  • Histórias de multiverso;
  • Histórias de Super heróis;
  • Conspiração Governamental;
  • Easter Eggs de Filmes e menções de homenagens;
  • Crossover interessantes.

E quando finalizou não deixou ponta solta. E também concluiu (sim já vi o último episódio) uma escada de crescimento que os personagens tiveram desde de 2015. Não houve saltos e nem teve tragédias desnecessárias. Houve momentos que você falaria – “Que série horrível.” E outras – “É, não é bem horrível, mas tem algum sentido horrível.” Até dizer – “Não é horrível, apenas é diferente.”

Então eu diria, vejam. É muito bom. E tem muito mais significado do que se pode ter ao vermos algum trailer ou pôster da série. Mesmo eu surpreendi. Não gosto de série de Super Heróis, com uma exceção muito rara para Dr. Estranho e os filmes de Superman Antigos. Não sou antiquado, mas acredito que esses são os filmes que dou mais valor pelo conteúdo que gosto de ver.

Mas Supergirl consegue representar um andar mais privado, porque nós conseguimos sentir o que a Kara sente como se fossemos ali como ela, nós. Nós saímos da Terra para uma missão, quando chegamos no destino, tudo muda. E agora? E descobrimos que temos poderes, o que fazemos? Que caminhos escolheremos? Teremos todas as respostas? E mesmo ela com os poderes, ela tem dúvidas, aliás porque deveria ter todas as respostas, só porque tem super força?