Alita: Vale à pena?

Alita: Cultura futurista, Cyberpunk e Blade Runner.

Quando comecei a assistir Alita observei primeiro o ambiente Cyberpunk. O estilo muito me agrada. Talvez tenha sido por este motivo que continuei assistindo. Uma influência nobre. Muitas das outras razões que continuei assistindo obras como Blade Runner de 2019 e de 2049. Também tanto quanto Quinto Elemento há quase 20 anos. E outras obras que gostam de usar ambientes futuristas.

A trama de Alita é a mais comum. A luta contra a opressão. Cidade de baixo (Ferro) contra a cidade de cima. Uma cidade flutuante. O gênero movimento futurismo congrega tudo que pode ser exagerado na forma, o que implica em muitas vezes uma sensação estranha de “acabado”, mas confortável. Aquela chuva toda ácida de Blade Runner, com escuridão a cada ponta da cidade. Mas tinha o charme.

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Aqui começa tudo em um ferro velho que lembra muito Wall-E. A personagem uma androide. A atriz Rosa Salazar foi transformada em uma máquina. Através da captura de movimentos (MOCAP). O que de fato lhe ofereceu uma versão melhor da atuação. Seria impossível que parte do processo do filme fosse feito se a atriz fosse ‘humana’. Lembra muito os animes japoneses.

Neon estala olho. Lutas de espadas. Uma guerra. Uma antiga ordem. Um opressor dos céus. Uma visão maquinista. Robôs. Humanos. Tanta mescla. Que para qualquer pessoa que adore steampunk e cyberpunk queira desfrutar. O enredo apesar de normal. O que importa é entender as tramas de uma androide que não se lembra do seu passado. Sua descoberta da vida nova. E do que está destinado a ser.

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Adiantando que deva ter uma continuação. Lembrei também do jogo que é jogado na animação (pode ser também live-action) já que mistura atores reais com uma personagem de animação 3D. As partidas mortais de um jogo em arena. A diversão do pão e do circo. Quais elementos desse gênero faltariam em uma narrativa do futuro ferro-velho? Tron.

Essa é a sensação que tenho quando vejo a partida mortal que faz máquinas seguirem uma pelota em uma pista circular que lembram os circuitos de Daytona (Stocking Cars). As coisas amotinadas lembrou do filme Player Read One, que é outro recheado de citações do mundo Pop culture. Geek a feira de colecionadores. Realidade virtual, MMO (embora não goste muito) e de um mundo imerso no virtual.

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A diferença de Alita para Player Read One são os personagens. A trama é a mesma. E cheia de estilos que gostamos. Ainda que gaste o tempo em querer ver os elementos que fazem as tramas se parecerem. São filmes diferentes.

Crueldade robótica.

Todo filme futurista clama pela bizarra abordagem do desconhecido. Bizarra porque unir máquina com ser humano sempre me faz lembrar um filme chamado Vírus. Um embarcação militar e científica russa é invadida por uma entidade cibernética que une carne com metais. O resultado era uma carnificina sem precedentes.

Crueldade porque temos uma sensação óbvia de que parte da máquina que vemos nas pessoas, é apenas uma parte metálica. Há pessoas por baixo dos panos. Não se engane. As personagens robóticas são humanas. Mas possuem membros biônicos. Muitos possuem 99% de membros artificiais. Mas são humanos. Quase chips de computadores. Lembro do Bobo de Double Dragon na década 90.

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Um monstro anabolizante sofrido pela aparência grotesca. Ainda era um ser humano. Mas uma massa de músculos disforme. O mesmo acontece aqui. Máquinas. Seres humanos de metais. Será que “Androides podem sonhar?” algo como uma singela homenagem em minhas palavras o conto original de Blade Runner, que nada tinha haver com a história. Mas que influenciou em muito no que vemos no cinema.

A crueldade não fica nas palavras. Vemos um caçador tendo um rosto arrancado. E apesar de ter circuitos saindo do tronco. Ele sofre por perder a única parte que ainda era humana. Um rinoceronte de pessoa que esmaga tudo com uma mão em forma de aríete. Mas que tem o corpo esfacelado e reduzido a uma cabeça em um tronco minúsculo. Seres humanos separados por membros e estocados.

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A crítica do filme, como todos, aborda o elemento social do quanto estamos dispostos a pagar pelo o que desejamos. Decisões que transformam. O filme é bem feito nesta parte. Porque Alita tomou uma decisão no passado, seu namorado fez escolhas ruins e passou a encarar o seu destino de uma forma bem diferente. E tudo leva a crer que a luta entre as classes começou.

Muito do que vi em Alita, me fez lembrar também do jogo da Square Enix – Deus Ex. A ideia é exatamente a mesma. Uma guerra de interesses. Uma elite que determina como o mundo anda. O Prequel de Deus Ex lançado em 2001 pela Bio storm. Na época os gráficos eram top. Hoje é tão primitivo que acho que muita custa a fazer ligação que são da mesma história.

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Adam Janssen (referente Adão e Eva) é um segurança de Sarif Industries que sofre com um ataque terrorista. E perde ambos braços. Com um empréstimo na trama de Robocop. Um policial mutilado, é transformado em uma máquina (a diferença é que Robocop foi bem massacrado. Não sobrou muito dele) a versão de 1987 é bem menos impressionante que a versão de 2017. Ver uma cabeça flutuando com apenas os pulmões foi a cena mais aberrante que vi.

Não esperava. Essa é a crueldade robótica. Muito do que Adam pode fazer, Alita faz. Luta. Investiga. Descobre. Em Deus Ex temos uma cidade na China chamada Pangu. Que flutua igual a cidade do filme. Embaixo a cidade iluminada, suja, cheia de tramas. É uma boa referência para começar a entender os elementos futuristas e da trama. Embora sejam também histórias diferentes e ao seu jeito.

Sim, vale à pena.