Japonês (46) – A estrutura da frase

A língua japonesa é uma coordenação de informações onde temos uma estrutura gramatical muito peculiar, mas não tão assombroso como podemos pensar. Vamos à ela.

SUJEITO | OBJETO | VERBO.

Sujeito é tudo aquilo que sofre ação do verbo, quer seja ‘coisa, pessoa ou animal’. Em Japonês a referência da partícula (wa) は nos permite identificar o sujeito da frase, portanto ele ficará no início da frase, mas atenta, que nem toda pessoa envolvida estará nesta posição, uma vez que temos que entender quem ‘conduz’ a sentença de uma maneira geral.

Porque toda pessoa, coisa ou animal pode ter ações do verbo além do principal, no entanto temos um sujeito principal. Lembre-se que ele pode ser simples e composto.

Então teríamos:

私はブラジル人です。 (Eu ou Sou brasileiro). Quem é o sujeito? O verbo indica que a nacionalidade brasileira pertence ao sujeito. Por isso a partícula wa, refere-se ao sujeito.

E vemos o verbo no final da frase. No lugar de falar “EU BRASILEIRO SOU” não façam essa conversão. É para um aviso igual ao estudo de um idioma sem traduzir. Compreenda que não é inverso. Se comparado ao nosso é diferente. Mas isso só capitula a dificuldade de aprender o idioma. Entenda que é assim que o japonês fala e se comunica.

Vamos como fica a composição dos objetos ali no meio da frase, tem uns padrões que podemos ver por aí. Mas há um modelo que sempre se repete na fala e na escrita.

SUJEITO | OBJ. TEMPO | OBJ. ESPAÇO | OBJ.PRON.INTERR | VERBO

Teríamos:

私はあした学校に何時ですか? em ROMAJI.

(WATASHI-WA ASHITA GAKKOU-NI NAN-JI DESUKA?) Que horas vou amanhã para a escola?

ASHITA (Objeto temporal) se refere ao dia seguinte, amanhã. É o termo amanhã.

GAKKOU (Objeto espaço) se refere a escola.

NAN-JI (Objeto pron.interro) se refere a quando [itsu] \ horas [ji]

DESUKA (Verbo) se refere ao mesmo que “é?”

Quando temos provavelmente duas pessoas em uma frase, como é que fica?

彼は彼女と今寺に行きます。

Ele foi para o templo agora com ela. Em Romaji (KARE-WA KANOJO-TO IMA TERA-NI IKIMASU)

Quem conduz a frase? Ele (KARE), que completa a ação com verbo junto? Ela (KANOJO) =>

SUJEITO COMPOSTO | OBJ. TEMPO | OBJ. ESPAÇO | VERBO

Construa a frase:

どこはですか? (DOKO-WA DESUKA) Onde?

それはどこですか? (SORE-WA DOKO-DESUKA) Onde é isso?

Isso se refere ao sujeito de especificação (lugar). Um lugar pode assumir a condução da sentença ao qual o verbo entra em ação. Não é complicado, apenas compreender que a frase segue este modelo sempre.

Japonês (45) – Estudando Kanjis – Parte 12

No nosso último artigo 44 estudamos as cores onde citamos uma composição de KANJI que é o

学校 que (GAKKOU) que significa ESCOLA, em separado o primeiro caso que é definido como 学ぶ(MANA(BU)) se refere ao verbo aprender em sua forma regular básica. E sua pronúncia é dita pelo modo KUN (Japonês) quando associado ao kanji 校 (kou) que quando não associado ao sufixo, tem o significado de exame, prova ou artigo.

Se você associa os kanjis eles são lidos como na forma ON (Chinesa) por isso que não falamos MANABUKOU e sim GAKUKOU (GATSUKOU) e portanto GAKKOU (lembrando que esse U é um prolongamento do O e lemos em tom fechado no O. O U não é pronunciado. Então vamos usar um caso bem popular de onde esse KANJI surge.

Banda Japonesa ATARASHII GAKKO? Já ouviu falar. Pois é o significado da banda é praticamente (Nova Escola). Que pode ser muito associado ao conceito do Babymetal que se trata de um novo estilo musical (por isso New born Metal) e no caso do Gakko é uma nova escola de estilo musical também. Vamos aos hiraganas e KANJI associativos.

あたらしい学校 . Vamos ver esses todos em momentos particulares.

Atarashii que significa novo, pode ser também moderno. Que pode representar mais do novidades e sim algo do futuro ou ainda recente. Acima poderia ser interpretado também como Escola Moderna.

学ぶ (MANABU) significa aprender, o verbo de aprendizado. 

  • 今日私は全て車の日本びました。 (Kyou Watashi-wa subete kuruma-no nihon manabimashita) Eu aprendi sobre Japonês hoje.

(KOU) significa provas ou exames.

VIMOS NESTE ARTIGO OS SEGUINTES KANJIS

学 校 今 日 私 全 車 本

Japonês (43) – Katakana: Como usá-lo?

Com certeza que você já leu alguns artigos que falam que o seu uso é para: Estrangeirismos e destacar. No entanto como todo idioma, o estrangeirismo pode ser um problema, pior quando você é um(a) aluno(a) tentando aprender e confunde o uso. Em prática, há muitos que acreditam que o idioma japonês praticamente é vazio e que só faz uso de palavras influenciadas pela cultura externa, especificamente, porque o Katakana é usado a rodo, quase sem nenhuma regra pelo ocidente. Vamos entender porque e quando usar o Katakana.

KATAKANA: A ESCRITA DO ESTRANGEIRISMO E DESTAQUE.

Os japoneses usam o Katakana para representar o destaque de um termo ou torná-lo evidente. Embora muitos acreditem que a justificativa seja porque o idioma japonês não tem negrito. Sinto dizer, nenhum idioma vem com o negrito de fábrica. Normalmente o português no manuscrito, usamos as aspas simples ou duplas, o sublinhado ou mesmo entre parênteses ou ainda, colocamos em caixa alta tudo.

Então não é por isso. Katakana possui os mesmos sons e significados do hiragana, a diferença fica por conta de sua popularidade. Como uma escrita voltada especificamente para tornar evidente um título, o uso é feito como um turbo, uma vez. Ocidentais (nós) usamos para tudo. E ai que o bicho costuma pegar.

Além do destaque o uso do Katakana também serve para representar o estrangeirismo. Normalmente associado a nome de marca (Coca-Cola, Disney, Amazon Prime, Magic the Gathering ou Wizard of the Coast e etc). E nomes ocidentais. Mas a associatividade ultrapassa o limite, quando se usa o katakana para pegar uma palavra no estrangeiro, para representar algo, que há no idioma japonês por natividade. Não achem que tem pessoas que acreditam que o Japonês mal possui palavra no vocabulário do que emprestada, dada a overdose que o KATAKANA é utilizado.

Eis alguns exemplos:

  • Leite (ミルク – MIRUKU) do inglês. Mas o Japonês tem uma palavra para representar o leite que é o 乳 (chichi – ちち);
  • Limão (レモン – REMON) do inglês. Mas o japonês tem uma palavra para representar o limão que é o 檸檬 (remon);
  • Tem uma música da cantora japonesa (solo) – Takahashi Minami (高橋みなみ) que se chama KAGAMIYO (que significa espelho) e como título de destaque ela usa o KATAKANA (カガミヨ) no entanto esse é uma palavra de origem japonesa, ela pode ser escrita em HIRAGANA (かがみよ) ou em Kanji (鏡).

O problema do uso é faze-lo usando o KATAKANA quando a palavra é obviamente japonesa e voce a usa como se fosse estrangeira. É como o destaque fosse contínuo e para tudo. Daí voce não está usando para o destaque, não é algo exclusivo. É usar o turbo sempre, perde o sentido. E mais, muitos acreditam que a palavra em KATAKANA é muitas vezes japonesa por si só como o caso do MIRUKU ou quando a palavra é japonesa eles acreditam que é estrangeira.

Vamos mais a um exemplo: Magic the Gathering. É uma marca de jogo. Mas MAGIC, THE, GATHERING são palavras comuns que há em qualquer idioma, inclusive o japones. Mas na prática, como ele é um BRAND, voce não se refere a ele como no idioma japones que seria em dois casos uma referencia ao nome comum e próprio, o segundo caso, é usado o KATAKANA.

  • マジック・ザ・ギャザリング (MAJIKKU.ZA.GYAZARINGU) aqui estamos nos referindo ao jogo de cartas criado em 1993 por Richard Garfield e hoje como propriedade da Wizard of the coast.
  • 魔法 (MAHOU – MÁGICA\MAGIC), não existe artigos em japonês, 集まる (ATSUMARU – REUNIÃO\GATHERING) na prática seria 魔法の集まる (MAHOU-NO ATSUMARU) – Reunião ou Encontro dos Mágicos. Mas neste segundo não estamos falando do jogo, e sim de uma situação.

O mesmo acontece com A LENDA DE ZELDA, que se pegarmos do INGLÊS para o JAPONÊS temos em parte o nome ZELDA (americanizado) para ZERUDA (em parte essa origem do nome eu já ouvi duas histórias, não sei qual é a verdadeira, uma tem a haver com Zelda Fitzgerald e a outra é que o nome da assistente dele nos anos 1980 se chamava Zelda. Então não vou entrar nos detalhes se o nome era japonês anteriormente e se transformou para zelda no americano.

Acontece que LENDA DE ZELDA é ゼルダの伝説 (ZERUDA-NO DENSETSU) em alguns casos vemos por aí esse DENSETSU como KATAKANA.

Bem espero que esse texto tenha esclarecido que o uso do KATAKANA é comedido, não saia usando ele. Não o use para nomes comuns, como BOLO, DOCE, LENDA. Isso já existe em HIRAGANA\KANJI. Use apenas com nomes próprios, marcas e nomes ocidentais. Mesmo que pelo destaque, tome cuidado (sugiro) que ao fazê-lo, coloque sua versão HIRAGANA ou KANJI, para referir aos leitores que se trata de um nome da língua japonesa e não de estrangeirismo.

E evitem usar apenas ROMAJI para se referir, porque lembre-se, os sons do KATAKANA e HIRAGANA são os mesmos. Então não é possível encontrar referência quando escrevemos. É origem estrangeira ou japonesa? Até a próxima.

Japonês (42) – Estudando Kanjis – Parte 10

Hoje vamos falar do verdadeiro nome em japonês de “Demon Slayer”. Comercialmente o nome é bem mais interessante, no entanto, como é uma praxe da tradução de qualquer língua, ás vezes impera a interpretação, muitas vezes curta ou equivocada, mesmo até correta, porém não completa da original. E se tratando de Japonês, isso pode gerar inúmeras inconveniências.

Vamos ver neste artigo 3 KANJIS que formam o nome original e veremos a sua ligação com o conceito de artefatos (as espadas do sol) e os caçadores de onis. Então, criado em 2016, o mangá com 23 volumes, conta a história trágica de Tanjiro Kamado e sua irmã Nezuko, os únicos sobreviventes de um massacre de Onis, e sua irmã, transformada em uma demônia, porém especial. E sua jornada inicia justamente para testar reverter esse problema.

O próprio sobrenome KAMADO (em Romaji) significa fornalha. Para os conhecedores do protagonista, ele faz uso das respirações que são responsáveis por gerar a energia ou ki desses caçadores. E na linhagem de sua família, existe o poder do fogo. O seu sobrenome faz alusão a esse poder tão forte.

Em ROMAJI KIMETSU-NO YAIBA, grafado nos mangás e anime como KIMETSU NO YAIBA. A partícula (NO) permanece em HIRAGANA e as demais em formato KANJI. Vamos lá.

鬼滅 <<< Refere-se ao KIMETSU, quem estuda japonês, entende que muitos kanji originalmente sozinhos possui em si uma pronúncia, mas quando combinados podem ter outra pronúncia. Em padrão ele refere-se a ONI METSU (おにめつ)

鬼 <<< tem como furigana (pronúncia) expressa em hiragana (ONI) おに, que se trata de demônios ou figura folclórica. A intenção da interpretação japonesa, não se trata de demônios em si, e sim entidades, e difere, porque demônios são representativos do malefício e do inverso do bem estar. E nem sempre uma entidade representa essas características, no caso do anime, em certo ponto é correto dizer demônios, mas como temos alguns exemplos que fogem a regra o certo seria “entidades” (também é referenciado como ‘coisa’).

滅 <<< tem como furigana (pronúncia) expressa em hiragana (METSU) めつ, que se trata de destruição, destruir, perecer, arruinar. Associado ao KANJI acima temos algo do tipo como já percebemos. Matador de demônios, destruidor de demônios.

Combinado ao ONIMETSU temos – “Caçadores de Oni”, o que seria o título – “Demon Slayer”. O problema é que temos o tal do YAIBA ali. Essa é a parte que define um pouco na diferença do que podemos interpretar como o anime. Senão fosse o simples fato, poderíamos ignorar. Mas tirando a respiração, que esses caçadores possuem, como disciplina primordial para mantê-los em combate, há uma coisa que os define como matadores, e não é o fato de terem uma respiração como aliada.

E sim uma espada. Sem ela, uma espada feita de um material feito com as rochas da montanha mais alta, próxima do que seria o sol, por isso as espadas do sol, não seriam capazes de matar demônios. Ou seja a espada os define como caçadores e não eles próprios. A isso atribuímos o que significa YAIBA. Em Japonês, a partícula の representa o DE/DO/DA e o MEU, algo que torna posse ou define posse. Neste caso vamos entender o que é YAIBA.

刃 <<<< tem como furigana (pronúncia) expressa em hiragana (YAIBA), que se trata de ser a lâmina, ponta, faca, espada. Dentro do contexto, sabemos que os caçadores podem até ganhar tempo usando a respiração ou até mesmo terem uma luta que os permitam, sim, atrasar os ONIS. Mas não matá-los. Sem a espada, eles são incapazes de fazer qualquer coisa. Logo o título final não leva a parte mais importante, o que muda na prática o contexto. Já que faz sentido.

KIMETSU-NO YAIBA (鬼滅 の刃) significa “Espada matadora de demônios” e não “caçadores de demônios”. Essa tradução capitularia para “Sword, Razor ou Blade Slayer” do que no lugar Demon Slayer. Já que o conceito de YAIBA é de fato um entendimento do anime e mangá e foi deixado completamente de fora do título. Como eu disse, comercialmente até que não é ruim, faz todo um sentido, porém interpretativo, come o sentido.

É comum em jogos, de uma forma geral, séries, filmes, mangás (em especial japonês) terem partes totalmente excluídas das traduções, o que pode sim, mudar a interpretação da história inclusive. Neste caso acima, podemos constatar que a exclusão de parte da tradução, faz sim uma nova interpretação, dá entender que os caçadores são caçadores por serem nativamente letais. E não, eles precisam de uma espada com lâmina especial para concluir o trabalho e de fato serem chamados de caçadores.

Até a próxima.

Japonês (41) – É Kitsune ou Gitsune?

Kitsune é a forma correta para o que se refere ao animal raposa. No último artigo aprendemos como é o KANJI (狐). No entanto porque nos referirmos a essa forma ‘gitsune’? Ela não existe, e a explicação pode ocorrer sob dois pontos de vista:

  • Uso do Google Translate (e porque você deveria abandona-lo);
  • Ouvir a pronúncia e confundi-la.

KI e GI são próximas na pronúncia em japonês. Se for em nosso idioma. O som de KI é QUI se for GI será GUI. No entanto em japonês, não se pronúncia nitidamente o K e o G. A abertura da boca para ambos é ‘timida’. E portanto ao falarmos por exemplo como KI (árvore) ela seria uma pronúncia tão próxima do GI, e poderíamos até confundir.

GITSUNE não tem nenhum significado. Se você colocar no Google Translate ela vai traduzir como raposa. No entanto o dicionário oficial de japonês (físico e digital) conhecido como JISHO é o que tem a palavra final. E há muitas interpretações erradas (inclusive pronúncias) tanto significado de KANJIS (Radical e sufixo).

JISHO é fiel a didática japonesa, tido como um dicionário oficial sobre a língua. Se você procurar por GITSUNE ele não vai retornar nenhum resultado válido. No entanto se colocar KITSUNE (ou 狐) vai retornar raposa.

O mesmo vale para pronúncia, para ressaltarmos as confusões, com o ME e NE. No português temos a diferença na tonalidade. No Japonês a tonalidade é ínfima (existente), mas bem próxima. ME significa olho, representativo pelo KANJI 目 e NE significa raiz (raiz de planta) seu KANJI é 根. Não há acentos para diferenciar ME de NE, tanto quanto KI e GI. Não há morfologia no tom.

GOOGLE TRANSLATE É APENAS UMA REFERÊNCIA.

Para começo de conversa, o Google Translate (GT) não serve para aprender o ensino de uma língua. Especialmente se ela for muito diferente do nosso idioma original. Pronúncia do francês, italiano e espanhol são bem mais fiéis, tem algumas discrepâncias, mas são mais confiáveis.

Quando se trata de idioma muito distantes, em que somos ‘alienígenas’ ao entendê-lo como Russo, Sueco, Chinês, Japonês, Coreano e Árabe, teremos que confiar na pronúncia e tradução do GT.

Mora justamente o perigo aí. Quando comecei a estudar Japonês, fiz por um tempo (ainda que com ressalvas) o uso do GT. Mas já fazia uso do JISHO, o que não prejudicou o aprendizado, já que vinha aprendendo a pronúncia e os significados com mais consulta por um do que pelo outro. O Jisho bate na tecla oficial do idioma.

GT serve para uma rápida tradução, considerando que você já saiba bastante sobre o significado. Podendo a discrepância ocorrer sem danos maiores. Como é o caso acima, que se você colocar GITSUNE ou KITSUNE vai aparecer na parte ‘fonética’ ou GITSUNE e a opção de converter em KANJI para o 狐 sem qualquer regra aplicada.

Outro ponto de desvantagem é que o GT tem pouca fidelidade em tradução de KANJI. De forma isolada até que vai, mas se for usado com uma composição específica, ele traduz ao pé da letra ou traduz segundo um sentido específico. E muitas vezes, nem sequer traduz.