Ilustração (2) – Pontos de Fuga

Pontos de Fuga é uma elaboração da época renascentista (empregando o nome de forma clássica ao chamado Pontos Renascentistas) que em lugar de uma reta partindo de um ponto localizado em um horizonte, era usado raios de luz para conferir a perspectiva (afastada ou aproximada) do ponto de referência (ou ator). E são importantes para qualquer desenho que se faça, em especial, efeitos 3D e angulação.

E para uso óbvio, todo tutorial disposto na internet parte do princípio de um quadrado formado e dele parte as retas. Saiba que basicamente você constrói o quadrado depois que define as retas de um ponto de origem. E explícito assim, porque, se você já constrói um quadrado e dele parte para o ponto de fuga, não há muito sentido em ter um horizonte.

A CISMA DA RÉGUA PARA ALGUNS ILUSTRADORES PURISTAS.

E mais, não ache que usar régua o fará menos desenhista. Se o fizer sem, verá o caminho das pedras de perto e verá que cada segundo será um calvário. Então esqueça quem diga que não usar réguas e compasso não é coisa de artista, porque o teu objetivo é fazer o desenho, e não ser uma máquina que faz reta sem régua. E se está ganhando dinheiro com isso, vai por mim, teu cliente quer a reta 90 graus certinha, se você vai fazer isso sem régua ou não, é outra história.

Esta aí traçada uma linha no horizonte. Dela você vai definir um ponto nesta reta que chamaremos de Ponto de Fuga (P.F). Normalmente para visões proporcionais ao como vemos, apenas um ponto de fuga é apropriado. Para mais pontos de fuga era começa a criar distorções: Como olho de peixe, distorção sphere map e panorâmica. Que seria através do uso de uma GO PRO ou uma câmera que abra mais os ângulos laterais.

Vamos desenhar um quadrado. Mas a partir do ponto de fuga. Não faz sentido em fazer o quadrado e dele puxar as retas de fuga. Não vamos seguir uma métrica ainda, vamos apenas traçar. Vocês irão notar que o quadrado vai ficar bem desalinhado.

Tracei em vermelho, para deixar claro o desenho do quadrado a partir das retas de fugas. Vamos desenhar em perspectiva a face da parte de trás. Para apenas visualizarmos a figura que se forma.

Vamos apagar a parte que estaria atrás desse desenho que acabamos de fazer, para dar entender que essa face oculta o que está ali. E vamos pintar as retas em vermelho em preto para que faça jus a um quadrado que desejamos construir.

O mesmo podemos fazer para tornar as faces do lado opacas, e nos conferir como se fosse uma caixa aberta.

Agora para fazer uma quadrado com ângulo reto (90º) é preciso sair do ponto de fuga com as retas de fugas com ângulos opostos. Por exemplo duas retas para cima com ângulo de 45º e para baixo com o mesmo ângulo. Para conseguir essa angulação você precisa usar régua. Fazer na mão, criará uma assimetria que você só vai notar quando desenhar a figura que deseja. E verá como n nosso exemplo ‘sem usar métricas’ o quadrado saiu torto (de propósito).

E assim também podemos compreender como desenhar as figuras, prédios, carros, pessoas, se baseando que elas não foram criadas. Se você as cria a parte do ponto de fuga e retas, não faz muito sentido já que não terá ideia de como formar as figuras a partir delas. E pratique isso em um desenho tradicional antes de partir para o digital.

Porque naturalmente você vai se acostumar em fazer como se faz na internet, primeiro a figura e depois liga as retas. Na hora de fazer isso no desenho tradicional, como se fala? Vai penar um bocado.

Ilustração (1) – Conceitos e Fundamentos

Há cerca de 3 meses comecei a desenhar diariamente (exatamente) até que chegasse em um ponto ideal de qualidade. O ponto ideal é aquele que você desenha sabendo, mais do que basicamente:

  • Proporções;
  • Método de Loomis;
  • Método de Estrutura Anatômica;
  • Luz e Sombra;
  • Angulação e Gestual;
  • Estilo Realista e Cartunesco;
  • Perspectiva linear, tonal e atmosférica.

Confesso que a pior parte foi a boca, continua sendo, mas quando se quer obter um nível desejável, o lábio tem que seguir algum padrão. Se for realista, haja treino. Se for cartoon, podemos destacar que até um traço pode ser uma boca.

O meu desejo sempre foi de fazer personagens no estilo oriental, o comumente conhecido como Mangá e um estilo até ‘próximo’ o Anime. No entanto para muitos que já leram, Mangá é em Japonês HQ e não um estilo. Então nós podemos falar em estilo oriental e ocidental.

Não comecei há 3 meses, já vinha em tempos que eu já desenhava alguma coisa. Posto regularmente os desenhos no Instagram, mas não todos, se for referir, um desenho por dia, são 30×3 = 90 desenhos, e só tem talvez uns 20 publicados.

Conforme o tempo passa, o tamanho do desenho vai ganhando uma proporção de corpo inteiro, quando que anteriormente era apenas elementos da face. Depois a face. Por fim o pescoço. Depois a parte dos ombros e o busto até acima do peitoral. Agora já faço da cabeça até a cintura.

A melhor forma de estudar é:

  • Desenho de referência (Não é desenho cópia tampouco tracing);
  • Desenho de cabeça;
  • Desenho de retrato;
  • Estudo de elementos e anatomia;
  • Desenho de perspectiva;
  • Usando diferentes tipos de lápis;
  • Tonal com cores;
  • Tonal com escala de cinza.

Passando por cada fase:

  • Desenho \ Esboço (Usado lápis graduado em H);
  • Desenho \ Arte-Final (Usado lápis graduado HB e 2B/4B)
  • Arte-Final \ Coloração (Usado lápis HB/4B/Nanquim/Cores)
  • Usando perspectiva tonal

Usando os métodos:

  • Loomis;
  • Anatomia;
  • Assimetria;
  • Proporção.

Sempre escolhendo temas diversos, variando em ‘paleta e angulação.

Batendo na tecla de diferentes estilos. Mesmo quem vai tentar ser mais ‘cartoon’, sugiro fazer uma viagem pela arte realista. Vai permitir mais liberdade na hora de fazer um desenho mais figurativo.

Tradicional vs Digital:

  • Diferenças: Na hora de edições \ Desenho limpo;
  • Mesmos métodos \ Estudo;
  • É preciso ter tempo de adaptação.

Confesso que a minha primeira vez com uma mesa digitalizadora da série One by Wacom é bem ‘complicada’. Mas é preciso ter jeito. Configurar sensibilidade. Porque para fazer composição, sou mais jeitoso com a arte tradicional. Mas tenho mais tempo com ela do que com a digital.

A grande ‘graça’ do digital é a facilidade de edição e o uso de camadas. Sinto que quando faço o desenho tradicional, lá no começo, eu tinha que apagar parte do desenho ou refazer. Sim, acontece. Hoje tenho menos contratempos dessa espécie.

Já fiz desenhos digitais antes, mas usava o mouse. E sinto uma enorme dificuldade com a caneta. Minha mão ainda não se acostumou. Mas é engano se alguém falar que você não aprende desenho em digital. Apenas ignorem, é o mesmo que fazer tradicional com o uso de pressão, diferenças graduadas e acabamentos. Digamos que há regras diferentes para cada tipo.

Considerações para Arte Final:

Se alguém te falar que contorno não é arte final, ignorem também. Tirando a exceção para artes realistas e hiper realistas, onde o volume, luz e sombra e cores fazem a curvatura, desenhos do tipo cartoon possuem contorno. Mesmo o contorno são feitos em linhas quase apagadas para criar a sensação de ‘curva no horizonte’, mas ainda tem contorno.

Se você excluir da cabeça que não tem contorno, seu desenho vai ficar super esquisito. E outra, a arte final conta com um desenho bem construído, fazemos sim ‘pressão’ em cantos, em partes da curva. Essa pressão é chamada de contorno por pessoas normais.

Quem gosta de criar regra, fala que se chama de pressão. Isso atrasa em muito o aprendizado de quem segue o próprio ritmo no estudo.

Esfuminho ou Hachura?

Depende. Mas tem algumas regras que são fáceis de entender. Esfuminho são usados para criar o shade, o efeito de textura mais real em pinturas e desenhos mais reais. Em cartoon eles são pouco comuns, exceto em cantos. E até nas narinas. No entanto a melhor para estes casos não é generalizar.

Cartoons tem esfuminho para definir sombras de volume. A Hachura cruzada na diagonal é bem conhecida para criar o efeito de ‘dobra. Inclusive em roupa. O jeito é, desenhe, ficou bom? Deixa. Faça com lápis graduado H para evitar que o desenho borre.

Mesa Plana vs Inclinada:

Não precisa comprar uma mesa inclinada. Basta usar uma prancheta e pôr nos joelhos ou sentado a mesa encoste a prancheta na quina da mesa à sua frente. Por que isso? Já deve ter visto que os desenhistas usam mesas inclinadas não é? Não é nenhum capricho de artista.

Acontece que quando a gente desenha em mesa plana nossa perspectiva é diferente. Vocês vão perceber que o desenho vai ficar esticado. Se você desenha inclinado, você percebe a proporção na horizontal e vertical adequada. E seu desenho fica muito bem construído.

Luz pontual ou difusa:

Para desenhar é bom ter claridade. Em especial quando for fazer um acabamento tonal (colorir). Muitas vezes usei uma amarelo marcador no lugar de um amarelo sol pensando ser uma coisa. Quando vi na luz, notei que meu personagem estava radiativo.

Então o bom é usar o desenho contra a luz, natural se estiver de dia. Usar uma luminária com a cor branca diretamente, sem criar halo (efeito circular no desenho, deixando partes fora da iluminação). Qualquer outra cor que além a branca, vai confundir o tonal ao seus olhos.

Colorir:

  • Aquarela;
  • Bastão \ Cera;
  • Lápis de Cor;
  • Escala de cinza.

Tirando Aquarela e Bastão/Cera, posso comentar sobre Lápis e escala de cinza com mais propriedade. A escala de cinza é usar o grafite cinza que desenha para gerar a luz e sombra e criar a perspectiva de volume e curvatura, distanciamento e aproximação.

Serve para estudo, é bem recomendado começar assim antes de partir para cores.

Com lápis de cor tem alguns macetes:

  • Não pressione para criar ‘efeito’ escuro no papel todo. Faça mais isso em bordas ou cantos, com pressão pontual. Largue o lápis sobre a folha. Passe mil vezes pelo mesmo lugar. No tom de pele isso é bem indicado;
  • Para áreas escuras tem dois macetes: Ou usa a cor com mais pressão seguindo uma padrão de gradiente ou crescimento de tons (claro, médio-claro, médio-escuro e escuro), ou usa um lápis de azul marinho. Não use grafite e nem lápis preto, tampouco por cima da cor mais clara;
  • Faça movimentos em todos os lados, mas faça bem junto para evitar espaços em branco.

Técnicas pouco convencionais:

  • Desenhar com borracha – Use o grafite para fazer ‘poças’, use a borracha para criar por exemplo reflexos, efeitos de luz em superfícies, olhos;
  • Use a borracha de todos os tipos – Para remover grafites do tipo 8B;
  • Use Nanquim para fazer curvaturas com mais efeito;
  • Use normalmente 6B ou 8B para fazer o contorno, mais do que usar Nanquim para este fim;
  • Cuidado ao usar a borracha para não viciar sobre ‘grafite’ ou ‘cor’ borrar seus desenhos;
  • Use lápis esfuminho ou cotonetes, alguns usam o dedo. Faça o movimento que quer ‘criar’ com o formato sobre o grafite;
  • Faça ‘sombras’ em cima de linhas e esfumem para criar o efeito de declive, canion ou depressão. Boa para fazer a estrutura do nariz até os olhos. Inclusive a órbita ocular é feita assim;
  • Faça sombras uniforme em preenchimento, normalmente com uma versão ‘menor’ do volume que se criar para o caso de desenhos cartoons.

Proporção:

Faz diferença criar o alinhamento dos olhos, sobrancelhas, orelhas, boca, queixo, laterais usando o Loomis. Não o faça por completo, além de ser mega trabalhoso, não é usual fazê-lo por completo.

Trace o esboço. Vai acertando. Até cada parte estar bem proporcional e construída.

Macete:

  • Desenhe inclinado;
  • Afaste o desenho e note o tamanho de cada elemento;
  • Acerte as laterais do rosto;
  • Acerte o alinhamento centralizado do queixo. Se ele estiver centralizado, é frontal. Se estiver lateral ou outro ângulo, acerte a simetria e posicionamento de cada elemento, senão vai parecer o Sloth do Goonies ou um quadro de Picasso, tudo torto;
  • Planeje a angulação com o Loomis;
  • Orelhas e Sobrancelhas seguem normalmente um padrão de alinhamento (frontal), a orelha pé bate nas narinas. Em outros ângulos, as orelhas apresentam perspectivas às vezes abaixo da linha dos olhos, ou acima. Então observe outros desenhos ou fotos para ter noção.

Para anatomia pense em musculatura para fazer cada membro. Se pensar em ‘contorno e linha’ você vai desenhar um palito no lugar do braço. Nosso ombro ter uma leve curvatura, fazendo o braço assumir ‘gomos’ em algumas partes. Estes gomos são representados por nossos músculos.

Maneiras para estudar anatomia:

  • Desenho referência;
  • Estudar anatomia muscular;
  • Desenhar o músculo em diferentes ângulos.

Estudo em progresso:

Sempre que aprender algo novo, faça isso repetidamente. E agregue. Vou dar um exemplo. Você aprendeu a fazer boca. Então faça até sentir que sua boca está como você quer. Aprenda olhos. Faça boca e olhos. Quando aprender orelha. Faça boca, olhos e orelha.

Nunca deixe de fazer isso e diariamente. O exercício de proporção exige conhecimento desse mapa. Quanto você mais acostumar, melhor será criar cabeças mais no futuro. Se deixar para depois, pode ser bem complicado esse aprendizado.

Estudo diário:

Não pense em pular um dia. E se pular, não pense pular dois dias. Estudar todos os dias permite você aprender mais do que conceitos:

  • Adaptar a mobilidade e motora da mão;
  • Criatividade;
  • Aprendizado da proporção anatômica;
  • Agilidade em desenhar;
  • Desenhar novidades com mais rapidez do que os primeiros exercícios;
  • Treinar mais ainda o que você tem dificuldade;
  • Fazer todos os dias exercícios de ‘elementos’ – Mão, nariz, pelos e etc;
  • Fazer todos os dias desenhos inteiros: Pessoa completa, busto, cabeça ou cenário;
  • Estudar conceitos e métodos novos;
  • Não pense em ‘acomodar’, se fizer isso para sair da zona de conforto é pior que começar do zero;
  • Se você desenhar hoje cenário, amanhã faça um cenário 3D;
  • Se você desenhar hoje um personagem com roupa comum, amanhã faça com armadura;
  • Evite desenhos cópias e tracing. Evite mesmo. Não fique com aquela desculpa, faço o desenho e mudou uma coisa. Isso é desenho cópia. Use a referência. Vou dar um exemplo.

Exemplo:

Use a referência da Alita. Uma ciborgue, parte orgânica e máquina. Pense no design dela. Como ela é feita por versão: A primeira, a segunda e a última (final do filme).

Pense no cromado, na versão Alita e 99 (quando era uma guerreira). Pense nas armas. Agora faça um ‘redesign’. Não é para mudar uma coisa…é para mudar tudo.

É um reboot da Alita. Você vai criar uma personagem do zero. E nem sequer vai usar o mesmo ângulo. Ela está agachada como estivesse em pose quando se salta de uma posição alta e aterrisa…coloque ela de costas, olhando para trás com uma arma em uma mão e a outra segurando alguma outra coisa. Mude a cidade, que é a cidade do Ferro ou Metal, coloque uma mistura de Los Angeles de Blade Runner com a Night City de Cyberpunk 2007.

Mas não misture essas cidades, pegue a referência e faça uma cena/angulada que não existe delas ou pelo menos que você não encontrou. Leia o desenho. O que ela diz? Pede mais detalhes ou está bom?

Se fizer isso todos os dias, posso assegurar que em 1 ano terá aprendido mais do que pensa. E talvez os 10 anos que muitos dizem que é preciso, podem ser resumidos em 5 anos. Sim, menos que isso é quase impossível. É preciso ter conhecimento e experiência para ter maestria em ilustração.

Vou continuar publicando meus progressos por aqui. Acompanhem, se você for um(a) ilustrador(a) em ascensão. E siga o instagram da Junca Games.