Título original: War of the Worlds
Ano: 2025
Direção: Rich Lee
Roteiro: Kenneth Golde, Marc Hyman (baseado na obra de H.G. Wells)
Gêneros: Ficção Científica, Ação, Suspense, Terror
Duração: 89 minutos
Elenco principal:
- Ice Cube como Will Radford
- Eva Longoria como Cientista da NASA
ANÁLISE (DIFERENTE DA ESCRITA) + NOVIDADES SOBRE O FILME.
ANÁLISE.
A obra construída por H.G Wells trazia consigo na ‘mala’ uma invasão despretensiosa alienígena ao planeta terra de uma raça hostil, produção em 1953. A adaptação feita em 2005 por Steven Spielberg, que trazia Tom Cruise e Dakota Fanning, mantinha a ideia dos alienígenas plenamente hostis e agora com uma invasão mais POV (Ponto de vista). Com dilemas e interpretações morais, que poderiam beirar ao imoral. Mas no sentido tão negativo de dizer que o filme era um contraste maior ao filme de 1953.
O imoral aqui é preciso ser explicado. O personagem Ray Ferrier precisou matar um homem para impedir que seus lamentos em voz alta atraísse os seres alienígenas e provavelmente matassem sua filha. Justifico aqui que é uma interação tensa. Em 1953, não havia foco em desdobramentos relacionais do tipo. Apena era a relação Alien vs Terra.
E a terceira adaptação em live-action, trouxe alienígenas hostis só que com uma justificativa, o que contrasta um pouco as duas primeiras. Porque não temos uma argumento sólido de invasão. Não é uma raça querendo se vingar, ou tomar o planeta, mesmo um efeito colateral de guerra intergalática, em que o planeta terra está em um território a ser conquistado. Mas na terceira adaptação, eles dão um motivo.
Aqui temos Will, pai e funcionário da agência de segurança dos Estados Unidos. Como pai, um pessoa distante, como funcionário, alguém aficionado pelo trabalho. Capacitado a ter olhos por toda a cidade devido a natureza do ofício, ele consegue ver pelas câmeras a invasão do que parece ser alienígenas. Mas o desenrolar da história nos revela, que eles não estão aqui por acaso. Há mais de 60 anos, eles caíram por aqui e nós, humanos, roubamos a tecnologia deles.
E a razão de termos, segundo explicação da narrativa, acesso a computadores, internet e dados, é porque herdamos a tecnologia alienígena, larapiada, o conhecimento para desenvolver tais recursos. E o governo estava preparado para ativar um projeto Goliath. Este que se firma em algo muito parecido com vigilância plena sobre as pessoas. O que acontece é que Goliath é baseado em uma tecnologia de sinal.
Ao ativar esse sistema, fez uma chamada direta aos alienígenas. Que acabaram por serem invocados ao planeta. E a razão deles é de “roubar” de volta os seus dados para irem embora. Logo a invasão não é exatamente uma invasão, e sim um resgate de propriedade intelectual. Aparentemente conseguimos perceber também, que os alienígenas, que não são revelados, possuem natureza cibernética.
E parecido com a ideia dos PODS de 2005, as naves são enviadas através de meteoros, aparentemente. Caem no planeta e se tornam uma espécie de transformers. Tudo isso é capturado por imagens de câmeras, muito parecido com ideia de Cloverfield de 2008. Mas para ser sincero, credito que a montagem realizada em 2008 tem um aspecto mais profissional. A fotografia é bem mais qualitativa.
A sensação do grafismos do filme remonta filmes independentes de orçamento raso. Não que a imagem configura em algo que impacte a narrativa. Até porque separados, eles se completam em um processo mais interessante. Que é a ideia meio caseira. Mas tem algo que se salva muito, que tem sido a CGI, que peca muito. Dando a impressão de um filme de baixo orçamento. Contrastando em muito o que vimos em Cloverfield que faz a mesma abordagem de POV Câmera, ou seja, o ponto de vista nosso vem praticamente do ponto de vista de que tem uma câmera na mão.
MINHA OPINIÃO.
Guerra dos Mundos é fascinante por nos brindar com a possibilidade de uma invasão alienígena. Claro, é fascinante na ficção — ninguém quer uma invasão de verdade. Sempre olhei para Guerra dos Mundos não pela ameaça, mas pelo fascínio de imaginar seres de outro planeta chegando aqui com suas naves. O filme de 2005, dirigido por Spielberg, criou um marco tão forte que qualquer obra que tente explorar o mesmo tema precisa, no mínimo, superar esse padrão.
É como tentar fazer um filme sobre uma criança que encontra um E.T.: mesmo com uma abordagem diferente, a referência inevitável será o clássico de 1982. E aí, já se exige uma premissa superior. Este novo filme até tenta, ao apresentar uma narrativa com ecos de Black Mirror, o que é uma escolha interessante e, em muitos casos, bem recebida. Vivemos numa era de dados, tecnologia e inteligência artificial — é saudável termos obras que especulem possibilidades.
A narrativa, para mim, foi instigante. Gosto do estilo POV Câmera, mas aqui me senti preso à perspectiva dos personagens, que sofrem do mal súbito de “olhar para frente e jogar a câmera para baixo”. Isso nos deixa sem saber de onde vem o perigo e para onde ele vai. Apesar disso, Cloverfield, que usei como comparação, tem um nível visual absurdo. E isso escancara outro ponto negativo: o nível atual da tecnologia gráfica parece… inferior ao que víamos há anos.
As animações dos alienígenas, por exemplo, mesmo considerando os desafios logísticos da produção cinematográfica, ficaram muito abaixo do esperado. Com a tecnologia mais acessível hoje, é difícil aceitar que a CGI esteja tão aquém de filmes dos anos 90. Pode parecer extremo, mas há uma lógica: quando a tecnologia ainda engatinhava, o público aceitava os exageros. Hoje, com recursos abundantes, a entrega deveria ser superior.
Há ainda um ponto curioso — talvez neutro, talvez preocupante: parece que a facilidade tecnológica embotou o conhecimento. Esse filme me lembrou O Som do Trovão (2005), cuja CGI era tosca. Mas era 2005. Hoje temos ferramentas infinitamente melhores. E mesmo assim, este novo filme consegue ser tão tosco quanto aquele. Não pela história, que é boa — viagem temporal sempre rende — mas pela execução visual.
O problema não é só a fotografia ou a animação. A narrativa, embora tente justificar a invasão alienígena com uma abordagem inovadora, soa batida. Já vimos ideias melhores em Black Mirror. A justificativa da invasão até tem mérito, mas para funcionar, exigiria um esforço narrativo mais sólido. E investir no POV Câmera, neste caso, foi um erro. A história pedia tomadas mais amplas, com os protagonistas sendo observados, não o contrário. O diretor até tenta corrigir isso com câmeras híbridas, mas não sustenta. Cloverfield faz isso com maestria, mantendo a coerência do estilo.
Faltou planejamento. Algumas ideias funcionam no papel, mas na tela perdem impacto. Não sou fã da obra original, nem da versão de 2005, mas usei ambas como referência para mostrar diferenças narrativas — não como comparativo de qualidade. Sou totalmente a favor de novas formas de contar essa história. Mas Guerra dos Mundos, dirigido por Rich Lee, foi uma tentativa derrapada. A má qualidade gráfica, o uso equivocado da CGI e a narrativa centrada em Will, que começa bem mas se torna maçante, minaram o potencial da obra.
O suspense em POV Câmera pode ser interessante, mas aqui os personagens parecem ter mais respostas do que deveriam em pouco tempo. Eles deduzem que o Projeto Goliath é alienígena quase instantaneamente, logo após os meteoros caírem. Tudo é revelado rápido demais. A forma como a câmera é usada torna a experiência decepcionante. Decisões de produção podem matar uma boa ideia — e foi o que aconteceu.
Rich Lee vem da indústria de videoclipes. É um diretor jovem, com poucos trabalhos no cinema, e claramente experimental. O uso do POV Câmera — ou Found Footage, como é chamado tecnicamente — faz sentido dentro da sua linguagem. Mas talvez ele não tenha percebido que o tipo de história que queria contar exige outro tipo de captura.
Videoclipes misturam conceito, metafísica e música. Isso funciona artisticamente, mas pode gerar caos quando não é o objetivo. O filme começa bem, apresenta a ideia e os personagens, mas depois tudo se acelera demais. Muita revelação em pouco tempo, e um protagonismo forçado que cansa.
No meio do filme, Will descobre que seu filho é líder de um grupo de hackers estilo Anonymous, que ataca o Projeto Goliath. Até então, eles agem sem serem pegos. Mas ao se aliarem a Will, são eliminados com facilidade. Os alienígenas se sentem ameaçados, há um motivo, mas a destruição deles parece uma conveniência do roteiro. O filho de Will sobrevive — protegido pelo roteiro, claro.
Depois, Will comete uma burrice inacreditável para alguém da agência de segurança: acusa o chefe de usar Goliath como arma, e o cara simplesmente fecha tudo em tempo real. Pensei: “que decisão estúpida”. E aí, com um toque de mágica, o filho super hacker ativa tudo de novo. Se ele tinha esse poder, por que não desativou Goliath antes, evitando a invasão?
O roteiro é forçado. Isso torna tudo superficial. Somando os fatores que citei, a narrativa é — na palavra mais gentil — péssima. Para não usar outra que serviria para adubar uma horta (risos). Não é uma perda total de tempo. O filme entrega suspense. Mas, ao refletir, fica claro que teria sido melhor seguir o modelo dos filmes anteriores: deixar os alienígenas virem com ódio e pronto.
Minha nota é 0.5 de 10.0. Menos de 1. Uma nota baixíssima, mas coerente com o que senti ao final. O filme não contribui com uma percepção tecnológica relevante, e se esforça demais para garantir que Will e seu filho sobrevivam. Se os filmes anteriores tinham erros de gravação ou falhas de roteiro, este consegue estragar a premissa inteira.
Não digo que é descartável. Mas é aquele tipo de filme que, depois de assistir, você pensa: “puxa, podia ter sido excelente”. Não foi. Não são 90 minutos de puro suco de decepção, mas também não é algo que se diga: “foi um show”. É só aquele pensamento: “valeria a pena, se não tivessem achado que só por controlar câmeras, teriam todo o poder do mundo”. Se nem os exércitos conseguiram, como é que o cara do drone, da câmera da cidade e o filho super hacker conseguem combater os alienígenas?




