DEBATE SOBRE O TÍTULO E SUA DEVIDA IMPORTÂNCIA.
No final de 2023 assisti um filme no Netflix traduzido como o termo engraçado, Tiozões, mas o título original faz mais questão e eu prefiro assim direcionar a vocês, pois que ‘Old Dad’ refere-se ao contexto da velha escola. Como se fazia antes. E não apenas o filme trata de gerações, como trata de tecnologia, de uma nova sociedade, conceitos, sensibilidades, grupos, inclusões e complicações. E como podemos ‘encarar’ essa travessia de épocas.
O filme é um conceito polêmico, porque Old Dad refere-se ao ponto de que a geração atual é conhecida como a NEM-NEM e a MIMIMI. Aqui peço que tenham uma paciência, e se considere cientistas sociais e não levem ao lado pessoal e sim profissional. Toda geração tem uma birra com a antecessora e a sucessora. A minha quando jovem sofria das reclamações da anterior, agora ela repercute as mesmas reclamações.
Atual vai reclamar da seguinte e assim por diante. Haverá o seu devido momento (risos) de virar o resmungão. Mas o resmungar talvez possa ser visto não como um ‘recalque’ mas como uma fúria. Que é a ideia da interpretação do filme. Que na realidade estamos ‘confinados’ ao nosso modo de ser, de achar que a nossa forma era melhor, que no nosso tempo era mais comportado, que temos as melhores qualidades, que foi melhor e agora não é. Tudo envolvido em uma fúria, somando em um processo de cólera (ira).
E ao ver o filme notei que o título não faz muito jus a mensagem. Porque o termo tiozão é referido aos mais velhos, a minha e a anterior geração, que bate de frente com a nova realidade. Mas estamos nos referindo mais a idade do indivíduo que a sua concepção do novo. Porque há pessoas de 90 anos que não vê problemas em ser da nova geração. Mas o termo não estaria tão errado, mas ao meu ver, ao falar de Old Dad, o OLD SCHOOL (Velha Escola) se refere mais ao ponto crucial que nos interessa.
A VELHA ESCOLHA ERA A ASSIM MELHOR MESMO?
Não há muito tempo, eu tinha 10 anos. E lembro muito bem que não havia essa regra geral que podíamos andar pela rua e tudo bem. E que podíamos abrir a porta deixa-la a deus dará que tudo bem. Que no nosso tempo tinha músicas incríveis e somente. Que os filmes eram melhores, que os roteiros eram melhores, que as pessoas eram mais sábias. Mas ao velho conceito de comparação, a sociedade não é apenas o comportamento que vemos no dia-a-dia.
Porque no melhor dos tempos, anterior a minha geração, houveram guerra terríveis. E com certeza a sociedade não era tão segura assim, e tampouco santa, e muito menos qualitativa. No meu tempo, teve outras guerras. Quase uma terceira guerra aconteceu na crise dos misseis de 1962 e outra em 1983. Nos EUA durante a segunda guerra e os anos 70, foi o período que teve um surto de serial Killers. Haviam problemas e muito deles velados.
O meu tempo não foi melhor que o tempo anterior, é um progresso. O que não foi consertado em 1970, vai continuar quebrado nos anos 80. Não vai curar do nada. E o que está quebrado hoje é responsabilidade das gerações anteriores. Não é um passa bastão e acabou. O que temos que entender é que não existe ‘geração que foi melhor’. Se o nosso futuro indica uma baixa de qualidade, QI baixo, MIMIMI, é porque não fizemos o nosso dever de casa direito.
Não surgiu do nada. Não é espontâneo. Na ciência quando foi realizado o experimento da carne apodrecida para explicar de onde vinham os vermes que ali comiam. Anteriormente se pensava que eles brotavam do nada. Que surgiam como um passe de mágica. Mas foi descoberto que a podridão preserva um ecossistema ideal para procriação daqueles pequenos seres. Que era uma espécie de pulpa.
E ao entender que havia um processo para isso acontecer. Eles perceberam que o verme não surgia porque a carne estava podre. Mas porque ela estava ideal e ao processo, ao tempo, durante, a carne se tornava ideal para criar aqueles vermes. E á isso percebemos que talvez o filme, com essa abordagem, nos ensina sobre algo na sociologia aplicável ao Marketing. E aqui tornarmos óbvio o que iremos falar. Mas vou falar, para deixar claro à você o propósito de olharmos para ‘sociedade’ como um crescimento ou um ciclo. E não ‘DO NADA’.
GERAÇÃO MIMIMI, SENSIBILIDADE, ANTES NÃO TINHA ISSO.
Vivemos em uma época estranha? Eu diria que não. Porque ao estudarmos a história, é a época menos estranha. É a mais clara. Mais específica. Mais óbvia. Antigamente tudo era difícil. Tempos complicados. Podemos concordar que o que nunca mudou foram os conflitos. Sempre pelo mesmo motivo e pelo mesmo caminho. Mas as relações elas existiam, mas não era construídas do jeito que vemos hoje.
Somos seres humanos dotados de emoções, vulnerabilidades, dificuldades, facilidades, sentimentos e uma sucessivas propriedades que nos compõem. No passado, havia racismo? Nos anos 80? Época Punk? Á rodo. O racismo não nasceu agora. Infelizmente ele existe há milênios. A misoginia é tão antiga quanto, se bobear mais ainda. As pessoas que possuem alguma dificuldade motora, psicológica, emocional sempre existiram também.
E no passado pessoas com problemas, neuroses, eram trancafiados ou pior. Nossa forma de lidar com os problemas eram…insensíveis. Tínhamos uma mania de ‘catalogar’ tudo em um lugar só. O tempo passou e a nós vimos isso acontecer. Porque a evolução foi as poucos nos dando essa informação. Agora temos o conceito de identidade de gênero e orientação sexual. Temos o conceito de etnia, de raça, de espécie e de nacionalidade.
Temos síndromes, quadros e espectros. Tudo isso pode parecer…’melação’. Mas isso tornou claro alguns problemas que resultavam em confinamento perpétuo, em sofrimento, em conflitos. Em parte o lado que nos simplifica que é entender o que é autismo, TDAH e outros estudos psicológicos e médicos, é que também somos complicados.
Somos associados a gostar de relacionamento e sofremos com ele. Tem pessoas que se casam, mas não gostam do casamento, mas gostam um do outro. Como explicar? A relação é definida por afetividade e não necessariamente algo que ‘determina’ para sempre. Então existem amizades coloridas, relação divertida e outras classificações possíveis. A narrativa do filme foi precisa em um fator, porque eu acredito haver muito mais do que apenas fúria.
Hoje temos esse conceito de líder, quer dizer, já havia líderes antes. No entanto temos que ceder a realidade é que romantizamos o líder. Ele continua chefe, ele manda, mas no lugar dele apenas pensar em dinheiro, ele vai pensar na produção humana. Daí ele será versado em seres humanos. A confusão se dá pelo fato de que não é apenas o foco humano, continua sendo o dinheiro. Para ambas as partes. Que lidera e quem é liderado. Ou alguém aceita trabalhar sem ganhar nada, por que você gosta da liderança?
O filme bate na questão de empresas mais ‘coloridas’, mas demonstra frieza ao mesmo tempo. A gourmetização da liderança é um dos pontos do filme. O outro é a tecnologia. Se você está acostumado a andar de carro, vai achar que uma bicicleta que não tem regulamento, é ‘out’. Mas aprendemos a lidar com isso. Vemos o outro lado. Não andamos apenas de carro, e sim de bicicleta.
O conceito amplo do filme bate também na chamada ‘confidencialidade’ que é uma crítica atual. Das grandes empresas de tecnologia, optarem por usar seus recursos para nos vigiar. E alimentar suas máquinas de Marketing. Foi um escândalo. Lembre-se que essa ‘espionagem’ sempre existiu. Não é novo. Não é de agora. Não nasceu com as redes sociais. E nem as redes sociais são novas. Nem o conceito de ‘reunião’, de hangout, de messenger, whatsapp, telegram, tik tok. Tudo isso existia nos 80, 70, 50.
Com projetores, com momento Kodak, tudo isso sempre existiu. A diferença é o formato. E isso nos coloca na versão do filme que aquele personagem, que vivia com raiva daquilo tudo, não associou que nada mudou, só a forma de fazer. Então ele acaba sendo o famoso ‘acomodado’. A lição fica para qualquer geração. E para o Marketing ela se associa ao conceito da psicologia. Porque o Marketing fala do consumo, e tudo o que fazemos é consumir.
Então as pessoas da geração atual consomem o quê e por quê? Nossa geração consome, e tem alguma resistência? A geração anterior a nossa, tem mais resistência ou não? A geração posterior a atual, que é criança hoje, tem resistência ou é mais aberta? Como andam as formas de pensar? Será que solucionamos os problemas, ou só criamos novos? Ou não criamos nada, só anda tudo como antigamente com nova roupagem?
Ao pensar neste filme, eu levei uns 5 dias para refletir em fazer um artigo que tornasse legível o que eu gostaria de abstrair ou mesmo indica-lo como atividade de estudo, porque se virmos pelo apontamento de fúria, que não deixa de ser verdade. A pessoa está com raiva de ter que mudar a forma que fazia. Os problemas são os mesmos. Mas também queria deixar esfriar a ideia para que ela fosse mais aproveitável.
O QUE TIOZÕES ENSINAM PARA O MARKETING?
O resumo do filme é que ele trata dessa resistência ao novo, a nossa própria reflexão da sociedade. Do conceito de convivência. Da aceitação do diferente que sempre existiu. Da nova forma de ver o mundo, e ver o que era invisível, incluir o que era excluído. De analisar o novo revelando que o antigo. O Marketing de Influência não é novo. Sempre se tratou de usar a imagem do sucesso para promover vendas.
Se você via a novela, ela tinha roupas de cama, vestuário, localidades e atores. Era uma venda ‘televisiva’. Porque as roupas de cama, os móveis das casas, o vestuário podiam ser encontradas em lojas, que eram a patrocinadoras do show de TV. As localidades promoviam o turismo e os atores, o arquétipo pessoal. As pessoas se espelhavam neles.
A influência não é algo que você mede com popularidade. E isso tem sido um erro crasso (grave, grosseiro) das empresas. Elas acreditam que ter muitos inscritos é sinônimo de sucesso para ela. Faz sentido. Muitas pessoas verão o meu produto. Logo muitos irão compra-lo. O primeiro caso está certo, o segundo nem tanto. Vamos entender.
As pessoas hoje estão mais sensíveis e responsáveis. Hoje existe uma forma de ver o mundo diferente de como era. Bom ou ruim. Mas mudou. O que mudou também é a forma de criar ‘garotos e garotas propagandas’. Mas nem tanto também. A visibilidade do antigo formato nos ensinava que um ator ou atriz ao surgir em uma tela de TV, ou no programa de rádio ou surgia no jornal e revista, eram símbolos públicos.
O quanto de visibilidade eles tinham? Se fossem colocar como IBOPE define audiência por residência, seria praticamente impossível. Já que o IBOPE analisava a peça como um todo e não para uma pessoa em específico. Hoje temos as redes sociais, canais, sites que nos permitem ver o quanto somos visíveis. Aquela pessoa tem 20 milhões inscritos. Aqui mora o perigo em duas frentes:
- Inscritos não significa ‘clientes’;
- As preocupações da geração atual são DISPENSADAS.
Por isso fiz este artigo rico, fui do filme até aqui, para deixar uma reflexão sobre o conceito do Marketing que não apenas bate na questão de números. E sim de ‘conceitos’. São os dois casados lado a lado. Temos que ter o número e a interpretação. 20 milhões de inscritos é garantido (GARANTE?) que são 20 milhões de pessoas que comprariam sem dúvida? Essa é uma resposta que nos dá aquela prova cabal, que as empresas caem no ardil fácil.
Os 20 milhões daquele ‘influenciador’ é o seu público? As empresas elas fazem programas sociais para incluir indivíduos excluídos, fazem ações que promovem defesa dos direitos, mas será que essas ações mudam algo? De fato? Alteram o DNA do problema? A geração atual, que somos nós, não queremos ver ‘vendas’ e sim ‘mudanças’.
Parte do problema surge pelo fato de que os números chamam mais atenção do que os desejos e necessidades da geração. E mais, e fica com um MEGA ALERTA. Como o filme sugere, o passado parece mais simples. E era um pouco. Tinham os problemas, mas como não haviam tantos filtros, não sabíamos que haviam tantos problemas. Então ficava algo generalizado. Ninguém se identificava, todo mundo estava solto pelo mundo.
A geração atual é mais específica. Porque tem identidade para tudo. Você se incluí em grupos. Subgrupos, subculturas. Descobre sobre si. O que isso nos revela? São pessoas ‘específicas’. O que isso realmente nos revela? Que a geração atual é um mercado SEGMENTADO. Não é mais em massa como era no passado. Não é mais ‘serve para todos’. Não é mais ‘número’. Agora é impacto, sensação de mudança, utopia, saúde mental. E se isso não é correspondido, temos um embate de gerações.
Neste ponto, espero que vocês levem como eu falei lá no começo do artigo, essa análise como cientistas sociais e elevem todo o conceito de analisar o que está acontecendo do que deixar a sua fúria falar. A geração NEM-NEM ou MIMIMI, NUTELA e sinônimos é formado agora por um grupo específico. E como no livro de Chris Anderson, Cauda Longa que fala sobre o mercado segmentado, publicado em 2006, não há muita margem de erro com mercados de nicho.
CONCLUSÃO.
Este artigo veio em um momento que eu pensava, como eu falo para a geração que pertenço e a anterior que não adianta bater de frente com a mudança que já aconteceu? Como falar para eles, que a geração atual, mediante suas próprias dificuldades e facilidades, precisa ser estudada e não criticada? Pois que essa ‘briga’ de geração fraca, ruim, está mais legada aos filósofos que irão promover esse debate como uma forma de acerto para que nós possamos melhorar.
Agora a crítica a sociedade é muitas vezes fundamentada por causa do novo e não do problema. Se fosse pelo problema, teríamos que avaliar que de novo nada tem. Os problemas são os mesmos. A diferença é que, ao discutir no artigo, é que temos uma forma mais ‘detalhada’ de nos conhecermos. Agora temos grupos que definem de uma forma que antes não tinha. Que não era reconhecido. Antigamente adulto com autismo era ‘inviável’, hoje já se elabora estudos para identificar. E talvez a pessoa achar uma forma de melhorar a vida dela. A qualidade e o padrão.
Por que bater de frente com a geração que critica nunca deu certo. Até porque não dá certo com a atual? Nada mudou de fato. O que precisamos é ‘analisar a solução’ e não ‘focar no problema’. Essa lições são diárias, muitos por aí as dizem, e muitos a diziam antes de mim. Mas ela é difícil de aplicar. Ela é muito complicada de ser identificada. Porque você vai considerar que certas coisas não ‘intransponíveis’ e sim ‘inaceitável’. E isso pode deixa-lo com um dilema. Que deixa, na maioria das vezes.
