Existe DnD no Brasil.
Antes que eu responda uma pergunta que para mim é simples de dizer. Rápida e curto. Preciso alinhar a minha resposta a descoberta. Há tempos que ouço falar que Neverwinter é um game com características Dungeons And Dragons. Mais do que isso, que seria uma representação fiel ao famoso RPG. E certa vez, não tem muito tempo, escrevi um artigo se investir em DnD no Brasil era uma boa ideia.
Vou me posicionar diferente, neste artigo cheguei a conclusão que não seria uma boa ideia, clique aqui para ler. Mas como até com MTG eu mudei de ideia se era um jogo de azar ou estratégia, não vai ser diferente aqui. Andei por um bocado para encontrar lojas que vendiam mais de 1 aventura de DnD e games que fossem capazes de entreter quem gosta de RPG de verdade.
Comprei Neverwinter outro dia por 9 reais no Steam. E acho que confirmo o que me disseram. Ainda que fosse melhor que eles tivessem avisado que Neverwinter não é baseado em DnD. Ele é uma aventura de Dnd. Sim. Com certeza que sim. Porque quando joguei peguei meu livro do jogador que comprei recentemente e li cada detalhe da classe, sub classe, alinhamento, raça que nos é disposto antes de começar o jogo. Então somos confrontados com uma adaptação mais do que fiel do universo de DnD.
Se você está apto a ler “1d6” talvez esteja contaminado com a linguística de Dnd. O que significa? Antes, foi o que li em diversos atributos que temos na nossa ficha de personagem no jogo. E seus marcadores. Ou seja, quando nós criamos nosso personagem em Dnd é atribuído tipos de dados para obtermos vantagem na habilidade específica. E esses dados são divididos pelo número de lados.
Dados de quatro lados (d4), dados de seis lados (d6) e assim por diante. Depois temos atributos seguidos dos marcadores. E ainda temos ‘fórmulas’ de acertos e de habilidades e suas vantagens. Nenhum jogo de RPG contém esse tipo de estrutura. A maioria investe em personagens que possui vantagens. E generalizadas. Mas não ligadas e influenciadas. Um ponto maior de inteligência influencia sua habilidade de magia, de leitura, de interpretação, de aprender idiomas e de sair de fininho em uma batalha.
RPG DnD vs RPG Skyrim.
Em jogos de RPG genéricos, temos uma árvore de habilidades onde um ponto de vantagem atribui a um efeito particular. Porém individual. Sem influência contextual. Ou seja saber mirar bem com o arco e flecha não influencia seus pontos de atenção. Que não favorece seus pontos de melhor absorção de fatos. Ou de ouvir melhor. Ou de entender melhor uma situação. Apenas significa ter maior precisão com o Arco.
Quando joguei pela primeira vez um jogo de tabuleiro com temática DnD, foi Hero Quest. Anos mais tarde joguei Skyrim. Que julgava ser mais RPG que qualquer outro que tinha jogado. Depois mudei de ideia quando joguei Oblivion (um jogo da saga, anterior). Depois joguei Morrowind (da mesma saga, anterior ao Oblivion) e determinante quanto mais antigo, mais RPG.
E finalmente joguei Neverwinter para entender que o DnD está vivo. E está mais do que vivo. Porque não estamos falando de um jogo similar a estrutura de DnD. Estamos falando de DnD propriamente dito. Neverwinter é Dungeons and Dragons. No mesmo momento, uma forma de dizer, dois antes, encontrei uma loja em Curitiba que vendia mais de 1 aventura do jogo de tabuleiro. Enquanto que só encontrava gatos pingados jogando e lojas que eram de outro assunto vendendo algo que estivesse sobrando no estoque.
Alguma fornecedora com nome, com presença em eventos, me fez pensar que com tanta visibilidade, ela não tinha nada de DnD. Então não tinha mercado de DnD no Brasil. Correto? Fosse a maioria das informações desencontradas. Então já satisfeito por achar que aventura de Stranger Things que possuo fosse a única jornada do meu amigo com toque de Jace Beleren e Dr. Stranger, teria que ousar inventar outras no meio para fazer diferente. O que não é impedimento. DnD é isso mesmo. Criar aventuras.
Mudando de opinião.
Com certeza que mudei de opinião quando soube que o RPG mais famoso ainda corria por aí solto e vivo. E depois que comprei esta versão digital. Senti que a esperança corria novamente. O que não deixa de ser também um importante material didático para entender certos pontos de DnD que não ficam muitos claros ao ler os manuais ou assistir a jogatinas.
É também interessante perceber que DnD é vendido de um jeito errado para quem não sabe nada sobre o assunto. Ou desconhece o conceito específico de RPG para este tipo de modalidade. Ele soa menos atrativo. Por exemplo de início pensei que DnD fosse dependente da encenação e um mestre. Mas já li, e vi que certas aventuras podem ser jogadas solo e sem a presença de um regulador da aventura.
Elas são autossuficientes. E devido a riqueza do DnD, podemos tornar aventuras que exigem elementos de controle, sem eles. Porque podemos definir regras novas para as próprias aventuras. A aventura de Stranger Things depende do mestre Will (sim o personagem da série). Mas podemos por regras do DnD e não da aventura substituí-lo por variantes que suspendam a necessidade de alguém controlando a aventura e você seguir pelo covil e resolver as questões por si.
E isso no faz pensar que o fator de ter encenação, mestre ou regras típicas das aventuras elas possam ser alteradas conforme o seu entendimento. Tornando uma espécie de RPG Sandbox ou RPG Free roaming. E isso aumenta nossa percepção sobre o que isso significa jogar um RPG do tipo DnD. Ele é mais rico. Certo? Temos uma fase importante chamada de criação do jogador que demora mais do que você pensa.
Prova isso que levei uns 30 minutos (e porque estava com pressa de jogar) o NeverWinter, para montar o personagem. Você obviamente tem diálogo que não acaba mais. Aliás estamos falando de um RPG legítimo. Não querer um jogo que tem diálogos, é negar a essência natural dos RPGs.
Vale à pena?
Deveria ser uma resposta simples logo de cara. Mas gosto de divagar sobre esses assuntos. Aliás não seria tão interessante se logo dissesse, após procurar por um bom tempo por um RPG que tivesse a cara de um. E apesar de gostar de jogos como Deus Ex, Fallout (versões mais atuais), Skyrim, Far Cry ou qualquer outro jogo que reproduza a árvore de habilidades, não são legítimos RPGs.
Esse comparativo faz parte da resposta. Porque jogamos todos os dias jogos que levam uma categoria de RPG ou são chamados de MMORPG (tenho uma certa aversão a jogos Online, por diversas razões), mas existem muitos jogos online categorizados como MMORPG quando nós temos apenas MMO. E acabamos confundindo o que é RPG e FPS.
O que jogamos diariamente e por anos são definidos como FPS. Jogos de tiro em primeira pessoa ou até em terceira pessoa. E não um jogo focado em diálogos, desenvolvimento do personagem, influência da trama, influência na evolução das alianças e mudança da sua percepção e vantagem devido a evolução. E sim em progresso em pontuar. Na maioria das vezes sem qualquer diálogo ou história.
Ainda que isso irrite algumas pessoas que MMO não possuam história, e se sintam ofendidas. Mas é verdade. MMO não possuem história. Eles possuem uma espécie de “conto” que serve para introdução, mas que não faz nenhuma diferença para o seu personagem. E há muitos jogos de singleplayer (off-line) que seguem a linha onde a história é uma fachada.
Por exemplo, em Resident Evil, um dos meus jogos preferidos. Mas não posso deixar de citar. Falar que Leon, Claire são treinados em armas, ou membros da S.T.A.R.S ou da polícia de Raccoon, não resulta em nada na prática. Eles são citados na história, possuem um dossiê. Mas ninguém pode negar que existe uma ausência dessas habilidades do personagem nas partidas.
Em RPGS a história é contextualizada com as habilidades do personagem. E o personagem fomenta essa história. E dela ele ganha atribuições. Razão pela qual temos uma caracterização muita complexa quando definimos por exemplo atributos em força e existem modificadores que o tornam mais eficientes. E quando na aventura, assim a história, a força é muito valorizada e seu personagem possui diferentes ‘n’ atributos que a tornam vantajoso.
Quer dizer, se você encontra um Orc, saber manejar uma clava é bom. Se encontra um Ciclope de 3 metros, saber manejar uma espada do tipo do Cloud (FF7) é outra vantagem. Lutar contra um dragão. E você portar uma armadura que pesa toneladas também. E a condição dos monstros citados também são influenciados onde eles se encontra. Se aventura se passa em uma masmorra.
Aquele monstro tem pontos de locomoção. Mais facilidade em piso de pedra, pode ser locomover pelas paredes, nado, submerso e aéreo. Digamos que você com atributo de força associado a destreza, consiga anular boa parte dessas vantagens dos seus inimigos, não seria uma boa?
Os atributos e modificadores da força resulta em diversas habilidades e sub-habilidades que influenciam suas ações, consequências e resultados em campo. Que influencia sua partida como um todo e lhe permite garantir sua vitória ou a derrota. Consegue ter a mesma conclusão em um jogo de FPS? Não. O que depende é a rapidez no controle ou se sua armadura tem bônus maior que o seu adversário.
Se contasse a habilidade de agir rápido para apertar o gatilho 2-4 segundos antes e desviar ao mesmo tempo que atira. Você poderia evitar levar chumbo do seu adversário e acerta-lo. Isso considerando que suas habilidades somadas com uma ação evasiva e agressiva assim fosse considerada.
Ou seja jogos como Dark Souls que são difíceis, e apesar de muita gente chamar de RPG, eu chamo de FPS medieval. Não seria tão malévolo de difícil assim. Você teria alguma chance, conforme o building do seu personagem.
A minha resposta seria simples, mas complicada de dizer no início. Sim, vale à pena.









