Xadrez (5) – Precisão vs Chances de vitória

PRECISÃO é DIFERENTE de VITÓRIAS.

O conceito de precisão em Xadrez chama atenção para o propósito deste cálculo relacionado as vantagens, e não as chances. A cada turno, o jogador tem a possibilidade de mover uma peça para uma casa. E para cada movimento é feito uma decisão que irá nos oferecer um vantagem ou desvantagem. O objetivo é sempre gerar mais de 2 por turno.

E existe um cálculo que é considerado o que é uma casa de vantagem, ou seja, o espaço em que uma peça assume o controle. É considerado por exemplo um movimento inicial, os peões, irem para as casas do centro do tabuleiro. E é normal que uma defesa siciliana ocorra, para evitar o controle total desse centro.

Esses movimentos são ora benéficos e portanto considerados em cálculos de precisão como uma boa jogada e com chances de vantagem para movimentos futuros. Mas isso não significa chances de vitória. Ter uma alta precisão não é proporcional a uma alta chance de vitória e vive-versa. Então vamos conversar sobre isso aqui neste artigo.

CHESS. COM, CHESS ULTRA ou MODO TRADICIONAL (Físico).

Já optei por jogar Xadrez? Um dos melhores jogos de estratégia. Ok que há vários modelos. Mas quando se trata de colocar os planos e táticas em prontidão, o Xadrez é um excelente exemplo para tal situação. Passei os últimos tempos avaliando qual seria o melhor formato de jogo estratégico para adotar. Para quem sabe da minha história de exploração, em 2019 estava procurando exemplares de jogos de RPG estratégico que fossem similares ou o próprio DnD (Dungeons and Dragons).

No lugar descobri sobre o Magic the Gathering. Que combina estratégia com probabilidade gerando cenários imprevistos. É uma boa dica, que, ao jogar MTG somos capazes de desenvolver o pensamento para improváveis cenários. E nisso consiste pensar em planos alternativos ao original. Em MTG isso é uma regra. Em Xadrez é um pulo do gato. No final de 2020 comprei um tabuleiro e passei a praticar desde as jogadas, aberturas, meios e finalizações jogos assistindo a diversos canais pelo Youtube e pesquisando sobre livros.

Desde de assistir partidas com 30-40 minutos entre Blitz, Bullet, modo padrão, campeonatos e jogos casuais. Também fui para os desafios práticos como o Chess.com jogando contra a IA ou ser humano. Depois até mesmo usando RV (Realidade Virtual) em Chess Ultra. Optando por jogar por modos de treinamentos e livres. Sempre aumentando a dificuldade do PC.

Como dizem – “Mal revolto ensina”. Então pode parecer complicado no início. Mas depois a gente aprende. Tudo muda quando aprendemos plenamente as regras. Táticas do garfo, cravamentos, coroação e movimentos furtivos. E claro os chamados dilemas, aberturas agressivas e o domínio do centro tabuleiro. Com essas ‘regras’ somos capazes de compreender o jogo ainda mais.

QUAL FOI MINHA INFLUÊNCIA?

Na mesma época coincidentemente, estava passando na Netflix, o Gambito da Rainha. Que insistentemente surgia o trailer em autoreprodução. Mas não foi essa série que me fez ir para o Xadrez. E sim meu ímpeto por estratégia mesmo. Ao longo de alguns anos, uns 30 anos.

Venho desenvolvendo gosto por jogos de estratégias, seja tradicionais ou eletrônicos. Desde de mistura de gêneros como RPG, Survivor, Aventura e estratégia para completar, tem sido não apenas um momento de recreação como algo que me ajuda a manter os neurônios funcionando.

As vantagens para jogos de estratégias são:

  • Agilidade de pensamento;
  • Organização mental;
  • Geração de ideais e criatividade;
  • Aumento de memória;
  • Aumento de qualidade de vida.

Estou há 3 anos jogando Magic, e notei que em algum momento podemos definir o ‘modus operandi’ deste em Xadrez com um certo salto. Tenho menos de 6 meses de Xadrez. Mas com um pouco de nota, posso considerar analisar jogadas de quem tem rating mais alto para ver se consigo deduzir as melhores jogadas.

O objetivo do Xadrez seria dar xeque-mate? Seria mais preciso e evitar também que o seu adversário dê o mate antes de você. Para isso você monta armadilhas ou dilemas de campo, onde peças de peso maior devem ser sacrificadas ou poupadas, você, impondo uma exigência de movimento, que faça o outro cair em uma arapuca. E ao mesmo tempo gerar com o material necessário (peças para dar mate) ganhar o jogo.

Parece simples. Mas é um jogo complexo.

PRECISÃO x RATING x VITÓRIA.

Se você ‘folhear’ qualquer fonte de Xadrez terá em mente os nomes de Nakamura, Carlsen, Karparov, Fischer. E considere também o notório espaço em que o Xadrez nos permite criar ‘táticas’ conforme vamos entendendo o que significa o jogo. Precisão não significa vitória e sim um sistema de ponderação que permite nos comunicar se uma casa ou movimento nos oferece vantagens de campo.

Rating é uma pontuação que nivela o tipo de jogador. Mas não necessariamente o imortaliza como sendo um GM imbatível. Encare como um sistema de escore. Que nos possibilita uma posição, mas não de domínio intangível. É possível um Rating mais alto perder para um Rating um pouco menor (1300 por 1250). É difícil de perder para alguém muito novato.

Mas lembre-se que 1200 para 1300 a diferença não é 100. Existem fatores que fazem muito mais distância do que a matemática entre esses dois números. O mesmo se refere as pessoas com rating iguais. Não são necessariamente eficiente iguais. Um pode ser mais que o outro. Vai depender do tipo de estudo que elas possuem. Esses Rating também garantem algum tipo de mensagem – “Mais experientes, menos experientes”.

Existem algumas tabelas que definem um pouco do que significa os Ratings:

Vitórias são realizadas de várias formas. Afogamento, ausência de material (para dar mate), desistências. E mesmo que por hora, um empate não é considerado vitória, é uma forma de finalização da partida. Que considera os movimentos por turnos como uma pontuação válida.

Xadrez (4) – Treinamento e Prática

Xadrez é um jogo de estratégia purista, que não recebe influência nenhuma da probabilidade. Mas lida com ela a base do conhecimento que o jogador escolhe ter durante a partida. Isso significa, que diferente de jogos de azar na qual a probabilidade é um agente catalisador e ativo, em jogos de estratégia como Xadrez que não o detém como agente controlador, o jogador pode definir suas estratégias controlando as ações futuras do seu oponente.

Não é de hoje, nem deste último ano, mas há muito tempo que eu detinha um gosto por jogos de estratégia. E quando fui atrás de alguns que estimulassem a característica de RPG, descobri um gosto específico por estratégia duelista (MTG) que eu não sabia ter. Mas também não considero MTG e Xadrez duelos, e sim estratégias onde o objetivo é chegar em um ponto de informação.

Avalio sim que jogos como esses o que menos temos que fazer é de combater o oponente. Levamos em questão que derrotar um adversário é bem mais complexo do que responder a questões do tabuleiro. À fornecer respostas aos problemas é bem mais simples e divertido. Estimulante e um exercício sem igual ao nosso cérebro. Assim podemos considerar um jogo que trabalha o raciocínio, paciência, memória e visão tática\estratégica.

No último dia de 2020 comprei um tabuleiro de xadrez, não foi o meu primeiro, mas muito mais sofisticado do que os já tive. E faço questão de todos os dias joga-lo. A mente se adequa, que nem aquele ditado de Albert Einstein, quando a mente se abre ela não volta fechar. Sua cabeça se acostuma e começa a ficar ágil. E devo dizer que muitos anos de jogos de estratégia, com um intensivo de MTG por 366 dias, fez com minhas habilidades ainda precoces em Xadrez não fossem banalizadas.

Estou mais atento, consigo perceber oportunidades em futuros turnos e fazer jogadas com a consciência de obter informação mais exata. Assim garantimos a vitória no Xadrez. Ela depende de como nós nos preparamos. E sim, estamos sempre aptos a fazer escolhas que irão impactar nossa jogada e a do nosso oponente. Diferente de um jogo de azar.

Durante o período de jogatina com MTG, eu sentia que menos pensava e mais deduzia o que seria bom naquele momento ter nas mãos. Uma carta com condição de vitória. Só pensava em estratégia ou até mesmo pensava, quando minha mão era favorecida. Pelas tantas vezes que isso acontecia durante a jogada, eram poucas vezes que eu pensava. Em Xadrez você pensa continuamente na sua e na partida do seu oponente. É um jogo que mantém as engrenagens se movendo sem parar.

Alguns números comparativos (Xadrez vs MTG):

  • 1 Partida de Xadrez sem ser campeonato pode durar em média mínima de 3-4 horas ou até dias (máximas);
  • 1 Partida de MTG ou jogo B03 (pode durar 2 horas) considerando 3 partidas, nunca será em dias;
  • Xadrez você pensa a longo prazo, pensa antes de iniciar o primeiro movimento e elabora táticas sempre turnos à frente;
  • MTG você pensa no momento (curto), não tem o que pensar antes do primeiro movimento e elabora táticas sempre que tem alguma chance de criar danos ou oportunidades;
  • Xadrez você tem 315 bilhões de formas de mover os 4 primeiros movimentos, e depois de 10 lances você tem 170 trilhões de combinações possíveis;
  • MTG você não tem ideia de quantas as possibilidades e nem as combinações, nem medir quando isso ocorre;
  • Xadrez você tem o pleno controle;
  • MTG você não tem controle;
  • Xadrez é movido pela habilidade do jogador;
  • MTG é movido pela sorte do jogador.

Quando temos uma predisposição a gostar de certos jogos somos intransigentes a críticas. Então é normal que se você ler essa parte do artigo, não goste da ideia que em MTG a sorte lidere a suas chances. E que com certeza seu argumento será – “A pessoa não sabe fazer deckbuilder”. Mas o buraco é mais embaixo. MTG é um jogo eventual de estratégia que nos permite desenvolver a habilidade de resolver cenários improváveis, Xadrez é um jogo de estratégia nativa que nos permite tomar as decisões que nos levem a vitória ou não.

Ter como medir as combinações e soluções nos faz ter o controle. MTG você não consegue medir isso. E ainda precisa ter a disposição um controlador de probabilidade (decks caros) para ter alguma chance e mesmo assim não garante. Xadrez nos proporciona cenários imprevísveis também, também nos permite criar e inventar jogadas, não….MTG não proporciona. Ele limita.

Sei que o seu argumento seria, MTG é criativo. Se fosse dada a liberdade do conhecimento da informação (quais cartas), poder de controle (tirar a carta que quer), eu diria que a criatividade seria possível. Mas ela é só importante no Deck Building. E nisso consiste MTG, montar combinações que sejam capazes de nos dar uma chance em campo de batalha. Dar uma chance. Percebe?

Levei um ano de estudos para identificar que MTG dependia mais da sorte e do seu poder de aquisição (Deck caro) para ter alguma chance do que a possibilidade do seu esforço pessoal em criar maiores performances e expectativas que dessem pontuações superiores quanto as anteriores. Em MTG você aumenta sim sua capacidade de compreensão e agilidade. Mas não o que mais interessa em uma estratégia, controle. Você ainda precisa ter disposição e grana para comprar o melhor deck.

É como ser um piloto de corrida e depender mais do tipo do carro do que sua habilidade. Ainda que um carro faça uma diferença enorme. Será o piloto capaz de dar ao carro resultados que mecanicamente ou fisicamente se julgam serem imperfeitas e impossíveis antes de qualquer tentativa. O carro pode ser muito bom ou ruim, depende do piloto. Mas faz diferença quando comparamos uma Ferrari com um Fusca. Dependendo do terreno, o Fusca pode ser sair bem em relação a Ferrari, concorda?

Em MTG o valor absoluto é que independente do terreno a Ferrari vence o Fusca. Independente de qualquer vantagem que o Fusca teria, a Ferrari é melhor que ele.

No Xadrez não é bem assim. O Fusca pode ganhar sim a Ferrari. Se ele tiver alguns requisitos atendidos, mas baseado nas decisões do piloto:

  • Terreno;
  • Tipo de pneu;
  • Tipo de motor;
  • Torque para as viradas e Drifts;
  • Tamanho do carro;
  • Queima de Gasolina;
  • Manutenção do carro.

É como o ditado da Lebre e da Tartaruga. Pode parecer utópico, mas um Golias pode perder para um David quando você tem a liberdade de pensar em uma solução. Se for pelo MTG não interessa, o Golias vai vencer o David.

Cabe ter um Deck David Monstro para vencer o Golias Default. Mas basta o Golias Default nerfar e virar um Golias Master e o David Monstro perde. A base da estratégia é que se você tem uma chance baseada em sua autonomia, podemos considerar que não é um jogo de azar. E o treinamento e prática farão justiça para os enxadristas.

Se você leu meus outros artigos de Xadrez e os 64 de MTG, já deve ter notado que fiz uma análise complexa e profunda entre jogos de estratégia e de azar. E que minha primeira pergunta foi de definir se MTG era estratégia ou azar. Saiba que escrevi diversos artigos sobre isso. E que cheguei na conclusão que você depende sim da sorte para disputas em MTG.

E depende do poder de aquisição para ter o controle dessa sorte. E que o seu quociente de esforço é desproporcional a intensidade do poder do deck. É preciso saber operar o deck, então o jogador precisa ter conhecimento das regras e do traquejo das jogadas. Não pode ser um noob. Mas um jogador de 1 ano pode ganhar de um jogador de 10 anos.

Em Xadrez isso pode ocorrer? Com muita dificuldade. Mas pode. Se você tem alguma bagagem também pode ocorrer com muita facilidade. Mas contra um GM (Grand Master) do tipo Gasparov, Magnus, Fischer (falecido), não. Aqui é anos, anos e anos de prática. É diferente de enfrentar um GP (Grand Prix) no MTG. Se você tiver um tempo de jogatina, e é preciso ter, saber os paranauês, e com um deck bom, você ganha um campeão de MTG sem problemas.

Em Xadrez você tem as opções de vitória um pouco parecidas com a do MTG, mas elas seguem um raciocínio consciente, baseado em suas ações conscientes. Então cada jogada, partida, anotação algébrica, turnos, lances te ensinam a aprender sobre. Então quanto mais você joga, ganha ou perda, mais você aprende. Em MTG, durante um ano, o que eu aprendi não foi apenas a jogar melhor. Mas não é difícil de jogar, é ter a probabilidade de ter uma carta favorável para ter a oportunidade de aprender melhor.

É que depois de jogar muito eu aprendi que para não perder é preciso ter cartas muito boas. Então isso independe muito de minha habilidade pessoal. Mas depende do meu conhecimento teórico e prático de como uma carta pode ser usada. As cartas podem ser usadas partindo do conceito daquela função dela, ou podemos inventar outra função para ela. Mas isso depende do seguinte:

  • Desta carta sair;
  • Do Timing;
  • Da margem de erro do oponente;
  • Do combo em sua mão.

São pré-requisitos que dependem da probabilidade. Não temos exatamente um controle disso. E nem temos uma garantia do controle caso tenhamos alguma ferramenta que possa proporcionar o controle do controle. Isso muda quando falamos de Xadrez. Lá podemos pensar em funções diferentes das peças. Você pode ‘rampar’ por exemplo elas. Sabia?

Um peão pode ser promovido ou coroado, ao chegar na última linha oposta ao seu formato, ele pode virar uma Rainha, Torre, Cavalo e Bispo. Ou permanecer Peão. Sabia disso? Você tem todas as estratégias de MTG presentes:

  • Mana Azul (Control) – É a jogada nativa do Xadrez;
  • Mana Vermelha (Aggro) – São jogadas agressivas do Xadrez;
  • Mana Verde (Ramp) – São peças que podem de fato assumir outras identidades ou serem usadas hipoteticmente como outras peças;
  • Mana Preta (Death) – Os Gâmbitos (sacríficios) do Xadrez;
  • Mana Branca (Life) – Quando você salva uma peça sua, mas o seu oponente acaba tendo que sacrificar a dele por algum motivo.

A diferença de MTG para Xadrez é que você pode assumir as cinco estratégias (conscientemente) ou adotar uma delas. Em MTG você pode montar um deck control, mas depende muita da probabilidade de você caracterizar seus resultados em um deck control. No Xadrez, a maior parte do tempo você vai pensar como um Deck Control, seguindo as habilidades nativas dessa mana:

  • Scry (Vidência ou Vigiar) – Analisando os turnos seguintes;
  • Draw Card (Comprar card) – Mover uma peça em um momento oporturno;
  • Removal (Remover ou Anular) – Capturar uma peça chave ou anular as chances de um Xeque\Mate;
  • Desconjurar (Devolver) – Obrigar o oponente a mover a peça para uma outra casa ou recuar;
  • Paralisar – Tornar a peça do oponente inútil.

Percebe? São táticas que existem no Xadrez e que possuem seus devidos nomes e que podem nos ajudar mais a entender como é que um treinamento em Xadrez unido com táticas de MTG nos favorece bastante no aprendizado.

Em Xadrez eu consigo, naturalmente ser Jace Beleren do que em MTG. Nós podemos identificar alguns pontos de tribos da mana azul nas peças:

  • Criaturas com voar – Cavalos;
  • Criaturas Aquáticas (Peças Líquidas) – Rainha, Bispo, Cavalos e Torre;
  • Planeswalker – Rei;
  • Terrenos – Um lance por turno;
  • Criatura Minúscula ou Pool Mana – Peão
  • Ramp ou Nerfar – Peão na última linha oposta sua formaçao.

No Xadrez o Rei é um Planeswalker, como você. Ele não pode dar xeque (atacar) o oponente. Mas ele pode capturar no caso do MTG seria uma espécie de Ultimate Skill. Mas que pode ser usado independente de sua lealdade. Mas comparável ao custo, temos que usar o Rei para colocar em dilema as estratégias. O Rei não pode ser capturado, portanto ele pode ser um pivô entre você e uma pedra no chão.

Ou seja ele invalida muitos movimentos. É arriscado coloca-lo, assim estará a mercê dos xeques das peças Rainha, Cavalo, Torre e Bispo. Mas também é uma peça Coringa. E seria uma criatura Hexproof e Indestrutível se comparado ao MTG.

Dentre os dois jogos, prefiro entreter-me com Xadrez, mas aprender com o MTG, as chances de vitória na estratégia nativa é mil vezes maiores do que se pode imaginar. Nisso consiste o treinamento e prática em Xadrez. Jogar todos os dias, mas:

  • Aliar estratégias de jogos de Azar;
  • Analisar probabilidades;
  • Jogar Sudoku;
  • Estudar táticas de guerras;
  • Manter um ritmo de disciplina em jogadas;
  • Fazer uso do Tabuleiro físico e virtual (Chess.com e Ultra Chess).

Magic the gathering (64) – Qual é o objetivo de MTG?

Joguei muito MTG para avaliar a infraestrutura e o objetivo do jogo. Todo jogo tem um objetivo. E se você pensa que é ganhar ou perder, não está enganado, mas não está completamente certo. Às vezes um jogo determina uma definição, chega em um ponto final, gera uma vitória, oferece uma resposta ou até orienta. Sua finalidade é importante porque assim podemos também saber utilizar o jogo como uma ferramenta de aperfeiçoamento.

Não me leve a mal, mas todos os jogos tem seus limites, e portanto devem ser considerados restritos ao seu campo de atuação, e não levar a mal, isso significa que mesmo que um jogo seja considerado o melhor, perfeito, ele tem uma atuação específica e não serve para todos os casos. E vamos começar pelo ano de 2019 para entender porque acho importante saber qual é a do MTG.

No finalzinho de 2019 comecei a procurar boardgames que fossem RPG e não estratégia, todos eles atuam como jogos catalisadores de um cenário e uma tática, que está a sua disposição inicial ao longo dos turnos, e que também lhe serve com uma pitada de liberdade para criar suas próprias ações conforme o jogo anda e você entende a ideia. Então de uma certa forma eu não encontrei, até porque o RPG é uma característica inata da estratégia e vice-versa.

Estratégia é basicamente uma forma de resolver problemas. E também assumir o controle. Sem o último fica difícil de gerar ações precisas e atingir objetivos. Em MTG nós temos um cenário imprevisível, ou imprevisíveis com uma mão inicial ou por turno desfavorável que nos exige montar soluções sem saber o que vamos enfrentar. Ainda que seguimos o metagame, essas surpresas podem colocar todo o nosso pensamento por algo abaixo.

Imagine que durante uma caminhada matinal você pegue um beco sem saída e quando tenta retornar aparecem três cachorros de rua raivosos. Desconsidere a situação anterior aquele beco sem saída e os cachorros. A partir dali o que você precisa fazer? Desviar dos cachorros e sair da rua sem saída. Certo? Na maioria das vezes você não possui a solução certa, ninguém possui todas as respostas prontas, esse é o objetivo de Magic the gathering.

Gerar soluções para cenários imprevistos. E com uma mão sempre desfavorável. O que se considera é o fator sorte (probabilidade) para obter resultados favoráveis. Entenda que o MTG nos coloca em uma situação sem controle, sem ciência e sem garantia. Você depende da probabilidade para ter uma chance e colocar uma solução em mesa. Mas isso nem sempre acontece, e não depende de você ter essa probabilidade. Muito embora tenhamos o controle dela, parcialmente quando obtemos cartas que controlem a saída de cartas, certo?

Por definição MTG não trabalha com estratégia, ele trabalha com probabilidade. E baseado nesta probabilidade você pode ter uma janela de estratégia. E deve estar se perguntando, depois de 3 ou 4 artigos falando sobre isso, por que novamente falo sobre isso? Porque estou determinado a explicar porque o MTG é muito importante para os jogos que são definidos como estratégia. O MTG é uma simulação onde nos encontramos em desvantagem e que como a qualidade de nosso deck builder seríamos capazes de reverter uma situação.

Ou seja, aquele beco sem saída. O MTG nos ajuda a pensar em soluções durante a situação. E nisso consiste aquela máxima, se você puder evite o risco, senão contorne o risco. Mas de forma não proposital, não nos colocamos em perigo para ganhar, MTG é 100% você em um risco e tentando ganhar. MTG é quase que uma tentativa de acertar e errar. Você monta decks que são capazes de sair de uma situação em que você não manda em nada. Imagina as pessoas que ganham campeonatos assim? São geniosas.

E é por isso que eu acho no mínimo um pouco negativo fazer campeonatos de Magic. Onde a probabilidade de uma mão desfavorável nos coloca em xeque o tempo todo. E ao usar esse trocadilho, eu vou começar a falar em artigos do famoso e centenário jogo de estratégia, que não depende de nada em sorte e que nos oferece uma visão de controle desde do princípio e que tem as margens de suas regras e táticas, um lugar muito importante para o Magic, o Xadrez.

Xadrez é um jogo que origina a ideia do que é estratégia. Magic é uma parte do jogo, seria aquele momento que escolhemos aplicar uma ação de gambito (sacrifício), de isca, de enganação, de perspicácia. É o momento da pegadinha. O Xadrez é aquela janela bem pequena que acontece no Magic que é de termos a chance de aplicar o que pensamos quando montamos o deck.

Em 2018 se não me engano saiu uma reportagem falando que as combinações resultantes de Magic the Gathering para os cenários de jogo eram incalculáveis e que contrapondo o Xadrez, haviam cenários finitos, definidos. Isso argumenta sob o meu ponto de vista. Que Magic não é um jogo de estratégia, para tantas combinações sem gerar um resultado preciso, isso se chama simulação. Como ganhar um jogo de simulação? Mas isso treina sua mente a lidar com situações imprevistas.

Xadrez é um jogo que não depende da sorte. Ele é um jogo tático onde suas peças estão em cima da mesa e que garantem o controle sob o seu ponto de vista. Para os que pensam que somente isso já garante a vitória, vamos repensar melhor isso. MTG não tem resultado específico das possíveis combinações, isso já gera uma chance quase mínima de vitória, na verdade, a maioria das vitórias e derrotas podemos atribuir em 75% influenciado pela sorte. Os demais 25% é quando temos a sorte de termos sorte.

Xadrez você define condição de vitória quando chega em um caminho para atingir essa vitória. Mas isso não garante nada. Se fosse assim, um dos oponentes na abertura do jogo estaria com os dias contados antes de começar o jogo, certo? Certo. Sabe quantas são as possibilidades de jogatina em um jogo de Xadrez comparado ao Magic?

O cálculo de Shannon avalia que sejam 900 (elevado a 40) entre as posições legais em um jogo temos uma comparação de 4×10 (elevado a 76) e 6×10 (elevado a 96) para medidas mais exatas seria um comparativo ao número de átomos no universo. Por ser uma quantidade grande de possibilidades. Ainda que possamos definir os cenários possíveis isso nos garante (que temos essa quantidade de caminhos.

Em Magic não é possível determinar por quê? Assim consiste que o jogo é mais complexo que Xadrez? Na verdade por não termos como definir algo, o jogo ultrapassa o conceito de complexo. Ele passa a ser um caminho de limite sem garantias. Ou seja Magic não garante um cenário específico. E se você não pode garantir isso, não pode garantir um resultado também. Nestes casos podemos avaliar que entre outras e uma parcialidade dessa análise, Magic depende da sorte para gerar o resultados. Podem ser 2 cenários possíveis (muito menos que o Xadrez) ou 1 trilhão (sendo movimentos legais ou não).

Ao jogar Magic notei que normalmente um deck sempre considera 2 ou 3 cenários de vitória. Muito dificilmente você tem um leque de possibilidades. Você tem muitas ações e surpresas. Mas a vitória é sempre concedida da mesma forma:

  • Arregimentar
  • Concessão (desistência)
  • Vitória por pontos
  • Empate

O arregimentar é quando o oponente brota de fichas no campo de batalha e você fica indisposto a ter uma defesa ou de ter um contraataque.

A concessão ocorre na maioria dos casos quando o oponente não tem uma resposta. Em Xadrez você sabe como ou quando deve conceder. Você prevê isso. Em Magic, isso pode acontecer quando você mesmo sabendo que tem uma criatura ou carta boa, ela não sai à tempo.

Vitória por pontos varia, mas normalmente é com ataques diretos ou fichas ou usando a criatura base mesmo.

Empate é mais difícil. Os dois precisam ter no mesmo turno a condição de vitória e que não se sobreponha. Ou seja devem ocorrer ao mesmo tempo vitória ou derrota. Em Xadrez você consegue forçar vitória, derrota e empate já bem antes de começar o jogo.

Mas em Magic muito embora as pessoas adorem falar que ele é infinito de soluções, na prática sempre temos o mesmo resultado de vitória. Concessão ou vitória por pontos. Sempre usando uma criatura nerfada ou fichas. Para ‘n’ soluções, temos 2 soluções para todos os cenários. Percebe? Em Xadrez você pode dar cheque mate em 3-4 movimentos, ou passar dias fazendo isso, ou usar um peão virando rainha (dama), ou ainda gerando um gambito (isca\sacrifício).

Ainda que pareça finitos os movimentos, eles são mais diversos que o Magic. Muito mais. Em uma mesma partida, jogada várias vezes tendo a mesma abertura, você tem inúmeras possibilidades de caminho. Em Magic a probabilidade impôe um desafio parecido. Mas como a probabilidade ela gera caminhos que são pré-definidos. Logo ela tira o conceito de controle dos jogadores.

O que gera dinamismo não é a probabilidade do cenário, é a tomada de decisão das partes. Logo o Magic é muito limitado perante o Xadrez. Por isso pedi que não me levassem a mal lá no início do artigo. Magic é excelente, para treinar nossa mente a pensar com qualidade, rapidez e em situações críticas. Mas não é um jogo de estratégia. É um jogo de orientação e engenharia de deck.