Blade Runner 2049

Los Angeles, século 21, 30 anos após a derrocada da Tyrel Corporation e os replicantes da geração Nexus 6. Rick Deckard (Harrison Ford) cria o discurso confuso de ser o policial traumatizado por matar replicantes que para ele não são apenas seres sintéticos e também a grande dúvida, ele é um replicante? Se apaixonada por Rachael (Outras grafias do nome atendem por Rachel ou Raquel) interpretada por Sean Young.

Em 1998 a Westwood Studios lançou uma versão do game de mesmo nome no mesmo universo de Deckard com o policial Ray McCoy.

Mas o que acontece 30 anos após? Se isolarmos o filme de 1982, a história é um futuro trancafiado de seres humanos indo e vindo com uma chuva que não para de cair, com uma parada no restaurante de Howie para comer macarrão, e as luzes psicodélicas que cortam as ruas claustrofóbicas de uma cidade americana enferrujada, poluída e rica em Neon.

Em 2049, exatas 3 décadas após, um policial chamado K entra em cena em uma fazenda de proteína a busca de um replicante da classe Nexus 8, aqueles que além das características de força, inteligência e emoções possuem uma indefinição do tempo de vida. O policial recorda aqueles detetives dos anos 40, mesmo ambiente noir, com um ar grotesco e na visão de primeira pessoa. É preciso compreender que a forma de ver Blade Runner (1982 e 2017) é de vê-los na perspectiva do personagem.

Não tem muito espaço para ‘fulano foi para delegacia e de lá foi para casa’. É no momento de entender que Blade Runner é uma obra de arte que vislumbramos, e no meio tem uma história de um cara chamado K. E partir daí descobrimos que o dono da fazenda é um replicante, com um segredo que irá mudar a história de 1982, que enriquece o enredo de 2017 e que promete uma continuação.

Quem é replicante e quem não é? Fica no ar, porque depois de um tempinho, ou melhor, logo no início você descobre que K é um replicante condicionado pela polícia a matar outros replicantes. Em troca, deixam ele viver.

Em 1982, obviamente um tempo antes do meu, nunca entendi como era um androide, senão tinha partes metálicas. Acho que me conformei que de fato Roy Batty(Ruth Hauher) apresentava uma força sobre humana e em quanto ele se aproximava do poema “Das lágrimas nas chuvas”, seu punho e fisionomias ganhavam um aspecto pálido. Fora isso eram humanos fortíssimos. Só depois de um tempo é que li que androides podem ter partes humanas e terem partes mecânicas.

Em 2049, o diretor consegue pegar aquela ilusória cidade destruída pelo tempo, dos recursos acabados, da chuva, das luzes fortes e intensas, e demonstra que até os androides podem sonhar e procriar. Esse é o foco de 2049. Uma replicante pode dar a luz.  O que Tyrel criou? E o que mais ele fez que ninguém sabe?

Apesar da atriz Sean Young não estrelar no filme, a personagem dela faz participação e mais sentido do que se pensa. É um engano pensar que não ver o primeiro filme será sopinha no mel entender o segundo. Se havia uma ponta solta no filme, era essa questão do Deckard ser um replicante ou não. Ele foi na verdade o primeiro ser humano a ter um caso com uma replicante. Mas que é preciso vê-lo para compreender que ali há uma conexão.

No segundo filme a empresa Wallace comprou a falida Tyrel e dominou o mercado de Nexus agora na geração 8. A trama não é penosa, quem não está acostumado com o enredo do tipo noir e detetivesco vai achar Blade Runner um filme de 161 minutos longo e chato. Quem entende e percebe que a história precisa dessa construção, vai passar a apreciar a estrutura de Blade Runner.

Rotten Tomatoes classificou a obra com a nota de 89%.

Fonte: Rotten Tomatoes é um site que classifica os filmes baseado no público e uma votação de júri. É uma grande referência da indústria cinematográfica.

Como no antecessor, as cenas de ação só acontecem no final do filme. Mas a questão é: K é filho de Rachel e Deckard? Se você acompanhar a história do replicante Nexus 8 vai se surpreender que até a mais sutil memória pode ser a pior forma de ver o mundo. Durante todo o filme você aposta que ele é o primeiro filho de um replicante. Mas então veem aquele choque, tal como Roy no telhado na frente de Deckard declama:

“Eu vi coisas que vocês não imaginariam. Naves de ataque em chamas ao largo de Órion. Eu vi raios-c brilharem na escuridão próximos ao Portão de Tannhäuser. Todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morrer.”

A mesma cena, a mesma música e sem o poema. K desfalece na escadaria que leva a única e primeira filha de uma replicante. O filme termina com Rick Deckard do outro lado do vidro enquanto vê sua filha na redoma presa a memórias que não pertencem a ela. Esperamos o Blade Runner 2049 parte 2.

WAR, WAR NEVER CHANGES.

Nota: 95,0.