Série Marketing: Nota de esclarecimento que sua empresa não deve emitir nunca

Obs: Nenhuma parte deste artigo foi escrito por Inteligência Artificial.

Atuo há tanto tempo com Marketing que uma simples navegação na internet procurando por qualquer informação — deparo-me com cases que podem ser trabalhados em sala de aula. E o episódio de hoje vamos exatamente falar sobre Notas de Esclarecimento que uma empresa não deve criar. Vamos lá?

Ninguém quer um imbróglio. Ainda mais criar um outro por razão deste. A capacidade de resposta de uma equipe de emergências, anteriormente conhecida como departamento de Marketing, precisa saber responder uma crise sem criar outra. Esse é o desejo de toda empresa bem sucedida.

Vamos ao nosso case, que dispensa inúmeras exemplificações ilustrativas que garantam a compreensão sobre um tipo de resposta que beira ao refrão “Tô nem aí”, vamos capitular a análise com o objetivo didático, e cito que, todas as partes foram protegidas.

CASE: CLIENTE SE SENTIU DESRESPEITADO EM GRÁFICA\COPIADORA.

Este tipo de caso é talvez o mais comum que podem importunar a imagem de uma empresa. Em Marketing, quando falamos de imagem estamos associando as estruturas da reputação. Por quê falar estruturas e não usar o termo comum — sobre? Estruturas nos dão mais representatividade concreta que o objetivo do Marketing é em essência, trabalhar como as pessoas veem ou deveriam ver uma empresa ou pessoa.

E apenas mencionar ‘sobre’ para destacar, parece-me que faz pouco pela complexidade que é de construir um posicionamento. Então a importunação pode criar ruídos na imagem de uma empresa ou de uma pessoa. E estamos sempre suscetíveis à esse cenário. Acrescento que, nenhuma empresa é novata (as pessoas não nasceram ontem) de entender que ignorar um chamado crítico de imagem, é um verdadeiro tiro no pé.

A expressão — tiro no pé — é extremamente aplicada e acredito aplicada agora banalizada, pois que não compreendem que um tiro no pé, é um tiro na espinha, no dorso da corporação e uma mancha que pode se tornar permanente na imagem, em como as pessoas o enxergam. Ou seja a compreensão sobre o que significa não cuidar da imagem é em palavras em tom mais ameno, o fim de tudo.

Concluído nossa jornada de explicações necessárias ao entendimento do case, vamos agora analisá-lo. Abaixo a transcrição da resposta da empresa sem mudar nenhuma palavra ou colocação.

“Boa tarde, prezado cliente, peço desculpas por qqer inconveniente que possa ter ocorrido, nossa equipe é sempre muito cordial e educada e realmente nossa máquina é manual por sermos uma gráfica e não uma copiadora, fazemos cópias para atendermos principalmente os nossos clientes da vizinhança para que os mesmos não tenham q se deslocar muito para uma pequena impressão. De qqer maneira, muito obrigado pelo seu feedback, é sempre muito importante para melhorarmos.”

A leitura dessa resposta demonstra três pilares que criam crises diante de outras crises. Quais são eles? Vamos destacar as afirmações e explicar o que elas significam.

(…) peço desculpas por qqer inconveniente que possa ter ocorrido (…)” esta citação demonstra qualquer desprezo ao que o cliente relatou em sua reclamação. Perceba que a empresa se coloca como responsável, mas logo depois menciona “qualquer” inconveniente. O cliente disse qual era o inconveniente. Esse tipo de fala, da empresa, demonstra que eles nem sequer prestaram atenção ao tipo de problema que chateou o consumidor.

Pilar (1) : Responder sem ouvir, é o nosso primeiro problema aqui. E devo destacar não apenas pela força da expressão, isso significa que a empresa já se coloca em uma posição de “tô nem ai”.

(…) nossa equipe é sempre muito cordial e educada (…)” esta citação agora se certifica que a empresa apesar de ser responsável ignora novamente que o consumidor tenha participado de uma dinâmica que gerou mal estar, mas que exclui que o problema tenha sido da própria equipe. Ou seja, a empresa torna público que ninguém será disciplinado, apenas que talvez o cliente tenha imaginado tudo aquilo. Esta citação ainda está no primeiro pilar que destacamos.

(…) realmente nossa máquina é manual por sermos uma gráfica e não uma copiadora, (…)” esta afirmação destaca o jogo de domínio. Qualquer pessoa fora do círculo de compreensão de como uma copiadora ou gráfica funcionam em uma percepção comercial e/ou industrial, não saberá replicar. E para efeitos de uma boa comunicação, ninguém além da empresa, importa esse tipo de explicação. Porque nenhuma pessoa fora do ecossistema deste tipo de serviço tem a obrigação de saber a diferença.

Pilar (2) : Dar perdido. Aqui é uma declaração de mover a atenção do problema para fora da questão. Confundindo o discurso. É conhecido por muitos como — cortina de fumaça.

(…) fazemos cópias para atendermos principalmente os nossos clientes da vizinhança para que os mesmos não tenham q se deslocar muito para uma pequena impressão. ” esta afirmação não possui qualquer sentido. Ela é uma expressão de complemento a cortina de fumaça do pilar 2. Notem que eles explicam que precisam agir dessa maneira porque atendem aos clientes das redondezas, esclarecendo que a demora é justificável para melhor prestar um serviço (embora não haja qualquer lógica em conectar essas justificativas) e por fim cita que a empresa mais próxima seriam eles (destacando a vantagem sobre eles) e que outras empresas seriam menos favoráveis por estarem mais distantes (o que não prova nada, já que o número de copiadoras\gráficas é tão abundante quanto farmácias).

De qqer maneira, muito obrigado pelo seu feedback, é sempre muito importante para melhorarmos.” esta frase ela é um complemento ao pilar 1, mas podemos destacá-la a uma classificação em um terceiro pilar. Mas ela é essencialmente a intenção de totalmente ignorar o que o cliente reclamou a passagem — “de qqer maneira” — pode não ter intenção do falante em algo que se entende – “tanto faz” no entanto, a construção gramatical continua rígida quanto à isso, demonstra que apesar deles não concordarem que o caso do cliente ocorreu como ele disse, eles agradecem que ele tenha ido até a página e feito uma crítica.

Pilar (3): Conclusão do caso pelos próprios meios. Este é um pilar que diz que a empresa considera que para ela, o problema, não ocorreu e que a falha foi do cliente. E que se o problema não ocorreu, portanto crise resolvida.

À parte os erros ortográficos, que sim impactam qualquer empresa, temos uma total alienação de que a crise está ali e resolveram fechar os olhos para ela. Um cliente hoje, dois mil amanhã. Lembram do tiro do pé que eu mencionei? Nenhuma empresa ou pessoa cria uma crise que logo arrebenta seus limites no primeiro encontro. É como, vamos usar uma analogia, uma pessoa possuir um carro e se movimentar pela cidade com ele, sem atentar que, o desgaste está ocorrendo.

Lombadas, enchentes, uma guinada, um eixo maltratado, subidas, descidas. Com o tempo a física não falhará em castigar as estruturas do veículo. Enquanto isso a pessoa está apenas ignorando que o carro é mecânico, que é suscetível a envelhecimento e que não vai fazer o reparo automaticamente. Até um belo dia, o carro simplesmente para. A pessoa sai da direção vai até o motor, olha os pneus e realiza uma verificação, tardia, que o carro não estava em boas condições. Embora por todo o tempo, afirmava que não tinha qualquer problema ocorrendo.

Um carro parar no meio da cidade não é uma crise grande. Você pode ir a pé até um posto de gasolina, a uma garagem de guincho e contratar um serviço de ajuda e reparo. Mas como humanos sabemos que cenários menos favoráveis são os mais prováveis. E normalmente um carro não enguiça com as melhores opções. Ele pode enguiçar em uma ladeira e seu carro simplesmente descer à toda sem freio.

Ele pode enguiçar em uma enchente. Pode acontecer no meio do nada. Pode parar em uma vizinhança perigosa. Pode acontecer à noite. E inúmeras situações podem ocorrer. Porque se a crise, do carro, não for devidamente resolvida, qualquer cenário pode ocorrer e em qualquer um deles você não estará preparado.

A analogia do carro nos permite entender que a crise de uma imagem não é algo que acontece no primeiro baque. Esse cliente reclamou da demora, expressou que esperou mais tempo do que pode ter sido o anunciado e está relatando um problema de atraso. Atraso é algo que muito parece fazer parte, de forma negativa, aos nossos dias. Atraso é um problema.

As explicações da empresa são as mesmas de um dono de um carro que está para enguiçar. Para ele, o carro é infinito em suas condições. Que uma garoa, uma batida, usar combustível não recomendável, não fará, nenhum dano. É invulnerável. Impenetrável. A empresa acredita que talvez esse cliente seja o primeiro e único. O problema é sempre mais embaixo. Esse cliente teve a atenção de ir reclamar. Mas e os outros que não reclamaram? Quantos outros não reclamaram?

Não reclamaram com eles. Reclamaram com os vizinhos, com os amigos, com os familiares, com os alunos. A compreensão do problema é óbvia. Talvez a empresa não saiba, mas a bola de neve já é maior que tudo o que eles podem abraçar ou desviar. Quando a crise ocorrer, ela virá normalmente à cavalo. E os envolvidos, as vítimas, por assim dizer — afirmarão que é complô — mas no final foi uma ferida não tratada que apenas infeccionou e já se espalhou para todo o organismo.

Nota de esclarecimento ideal

1º APURAR O QUE ACONTECEU (SEM JULGAMENTOS)

O problema ocorreu. Foi relatado por algum canal de comunicação da empresa. Seja público ou privado. Qual é a primeira ação que você deve tomar? Descobrir o que realmente aconteceu. Indagar com o cliente (conversando com ele no privado), ligar para ele se for o caso e ir na localidade e entender como tudo aconteceu.

2º RECONSTRUIR O CASO E ENTENDER ONDE CORRIGR

Deste ponto você vai identificar quem, o quê, porquê e o quanto. Essas perguntas elas são basicamente uma forma de entender como você pode corrigir o que aconteceu de problema. Quem foram os atores da comunicação? Os vendedores, o cliente ou ambos?

O quê provocou o problema? Anúncio equivocado, troca de informações, falta de interpretação.

O porquê revela o ruído responsável por todo o problema. Ou falta de treinamento da equipe, falta de coerência do cliente, o dia não estava bom, aconteceu algo, eventos, motivos e etc (entre outras coisas).

Quanto é o prejuízo. Para o cliente, o tempo perdido, o custo. Para a empresa a perda do cliente, ou clientes, a exposição pública em uma rede social de forma negativa.

Ao ponto que a identificação do problema é o objetivo total desses processos que citei, é para resolvê-lo e não camuflá-lo. Que infelizmente foi o caso da empresa na realidade. A crise ainda continua existindo para eles. Mas a nota de esclarecimento após entender o que aconteceu precisa deixar claro que a voz do cliente é real. Na nota de esclarecimento da empresa citada em nosso case, ela fez tudo o que uma empresa precisa fazer para iniciar uma crise.

A nota ideal precisa deixar claro que o problema ocorreu. Na nota da empresa eles disseram que a máquina era manual, portanto admitindo que o caso aconteceu. Mas não admitindo que houve alguma crise — crises são vistas como algo negativo — portanto a maioria das empresas os ignoram.

Essa é uma herança que temos da escola, nota baixa é ruim (vou esconder). Mas nota baixa revela que você não estudou o suficiente ou o professor realizou uma perseguição à sua pessoa. Ao entender esses fatos, você pode resolver o problema. Mas se optar por ignorá-los, você provavelmente vai ser reprovado.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Então a nota de esclarecimento deveria ter sido:

“Prezado cliente, infelizmente aconteceu um atendimento que não acreditamos ser o ideal para os nossos clientes. Confirmamos e já estamos realizando um treinamento para tornar os nosso serviços mais claros e para evitar problemas que afetem as pessoas que nos veem como uma solução do seu dia-a-dia. Convidamos que na próxima vez que retornar a nossa empresa, iremos efetuar os pedidos de graça para que possamos reparar os problemas que você teve e a impressão que ficou. Não temos qualquer intenção de prejudicar quem nos procura e seu comentário é muito mais que um feedback, é uma chamada de atenção para que nossa empresa sempre esteja nos padrões ideais que as pessoas procuram. Obrigado.”

Perceba que a nota de esclarecimento da empresa é – “Você é o culpado, não temos nada com isso e senão gostou, saia daqui“. A nota está em um tom de eufemismo puro, sem ser algo tão direto quanto a minha afirmação anterior. Mas a nota não valoriza nada do que o cliente falou e nem o cliente. E quando eles avaliam que realizam esse tipo de serviço nesta mecânica que eles adotaram, de ser mais lento, expressam que é para o melhor dos seus clientes — no entanto — todo o texto da nota contradiz isso.

A nota que escrevi ela deixa claro que a solução dada pela empresa falhou. E eles admitem. E também deixa claro que o inconveniente que ocorreu com o cliente foi lido e entendido. E mais a empresa está comprometida a garantir que isso não ocorra novamente, mas não o fez em título de punição sumária, deixando também claro na escrita que eles foram consultar a equipe local o que aconteceu. E juntou os fatos: Cliente disse isso e equipe fez isso. E logo mais para reparar a relação corroída, ofereceu ao cliente que foi lesado, poupar as economias para que possa prestigiar e talvez entender melhor sobre as operações da empresa em uma segunda impressão. E o obrigado no final deixa claro que o cliente foi mais que respeitado.

Pessoas largam serviços, mais pela forma de como são tratados de que como o serviço foi realizado. Notem que a insistência do cliente em relatar o problema foi precisamente pelo serviço mal feito e seguido do que ele achou de arrogância. Esse tipo de cliente é o mais valioso. Porque ele deseja voltar ao serviço e quer que ele fique o ideal. Os que não criticam, não voltaram e não deixaram que outros vão. A nota da empresa é um auto cavalo de tróia.

A passagem estratégica dos soldados ao usar uma cavalo enorme de madeira, conhecido por muitos anos como presente de grego, deu a eles a entrada gratuita ao castelo do inimigo, por este pensar em tratar de um presente de trégua, era na realidade uma traição do adversário. E isso é o que a empresa fez, se traiu. Não façam como ela. Evitem que esse tipo de problema se torne o fim de tudo. Até a próxima colegas.

Magic the Gathering (73) – Magic vs Yu-Gi-Oh

Magic the Gatheing foi (e ainda é) o meu primeiro cardgames (2019) e que até hoje faço deck builde, estudo de meta, arquétipos e vez e outra vejo as cartas que tenho em maior número entre as 5 cores, o azul. Mas recentemente comecei a explorar outros cardgames, e por uma motivação de mercado. Após a decisão da WOT de não mais produzir cartas em português, isso vai impedir novos entrantes no magic Físico (que é o meu preferido), claro que tem o Magic Arena, mas não é a mesma coisa.

Yu-Gi-Oh é antes de tudo um mangá que por sua originou o anime que por sua vez originou o cardgames. Inicialmente o mangá tinha quase ou pouca característica pelo que temos hoje em questão de lore, personagem e cartas. Os animes são praticamente um duelo do cardgames pelo período de tempo que ele tiver, seja em episódio ou em filme (1-2 horas). Comecei a procurar por outros que tivessem público em lojas e físico. Claro que Yu-gi-oh tem versões digitais (Duel Monster, Dual Links).

As regras não são as mesmas do Magic, mas digamos que é quase idêntico (risos). Tem formato de jogo, regras de baralho, side decks, cemitério, banimento, área de cartas conjuradas e soluções com a pilha (a questão é que nem todas as cartas passam pela pilha como no Magic) e não existe terrreno. Em Magic você tem uma carta (terreno) que invoca outra carta (mágica, criatura ee etc). E isso impôe um conceito de complexidade enorme, obrigando a gente a criar decks onde todas as cartas são boas.

Em Yu-Gi-Oh não existe esses terrenos, de todo o resto as regras são iguais (Fases de um turrno, só muda o nome), tipos de cartas (só muda o nome), a diferença é que o side deck é funcional junto com as cartas do deck principal na partida, no Magic você substituiu as cartas do side deck pelo que estão no deck principal a sua escolha. Outro ponto é que você tem mais energia (4.000 ou 8.000 pv), em compensação os monstros tem danos de 1.500 e tal. Mas a estrutura da carta é igual, com exceção e não tem CMC (Custo de Mana).

É normal você ter uma espécie de mana verde BUFFANDO criatura e colocando artefato sem parar no turno, não é exagero. Muitas vezes você vai ver jogador no turno dele quase puxando tudo do deck. Sem falar que é possível e permitido fazer decks de 40 cartas (que nem o Draft, mas sem terrenos). Muitos jogadores reclamam que o jogo é trivial por conta disso, que falta criatividade). Posso lhe afirmar que como jogado de Magic há 6 anos, Yu-Gi-Oh tem tanta possibilidade, que eu acho que é preciso que esses jogadoers venham jogar Magic…digo que em 2 passos eles desistem do Magic e voltam para o Yu-gi-oh.

Eu jogo de Control no Yu-gi-oh, não é esse nome por lá. Mas é o do tipo que anula tudo do adversário. Então no final é quase como um aperfeiçoamento do Magic sem terreno. Não fica fácil não, tem regras do jogo que beiram a complexidade do Magic para lhe permitir impedir do outro ser ‘trivial’ com você. Está mais para Pôquer eu devo admitir. Mas nem por isso, Pôquêr é fácil.

Muito em breve vou abrir um diretório sobre Yu-Gi-Oh para fazer como eu fiz aqui com o MTG. Mas não vou abandonar, vai vir aqui novidades sobree cartas azuis. Mas com um trânsito muito menos intenso que foi nos primeiros anos.

Magic the Gathering (72) – Lore e os seus efeitos

Confira o diretório de MTG clicando aqui. E aproveite para ler o artigo 71 – clicando aqui. (Vale a pena usar Netdeck?).

A lore é uma canône de Magic ou pertence não apenas à ele, mas todo aquele conceito de background (histórico ou legado). Magic nos primórdios dos anos 90, quando este foi criado, a lore não era a parte mais importante. Haviam cartas com ‘textos’ que contavam a história de personagens, muitos por um fator aleatório, não era uma sequência e não faziam menção as artes ou tampouco as expansões.

A lore na era pré-histórica de Magic não era algo fundamental. Era apenas um detalhe que compunha a carta e fazia sucesso entre os curiosos. Ao longo do tempo, foi importante dar uma base histórica aos personagens, em especial quando os planeswalker foram criados em 2007. Como eram personagens que faziam ali uma participação mais nítida, foi preciso criar uma fantasia ao seu redor.

Então nascia a importância de ligar personagem com planos e dar aos jogadores ou colecionadores uma oportunidade de proporcionar uma história bem contada. A origem de Jace Beleren, as implicações da invasão de Zendikar, a criação das Sentinelas, as famosas alianças de Ravnica, o embate feroz de Theros, as origens e destinos dos planeswalkers e outros personagens coadjuvantes eram agora a parte preciosa junto do colecionismo e jogatina.

Se contarmos de lá para cá, as vendas de HQs, livros, foram o melhor merchadising que a Wizard of the Coast poderia querer. Há de pensar que muitas pessoas passaram a comprar Magic apenas pelas histórias. Acredita? No início em 1993, MTG era voltado para um público de colecionadores. Com o devido tempo, como as cartas traziam informações suficientes para além de artigos de catálogo, puderem ser jogados entre amigos, passou a agregar também campeonatos.

Na corrida pelo ouro, encontrou com uma Lore rica que foi ao longos dos anos aumentado conforme expansões vinham, e mesmo que em formatos competitivos ou mesmo pelo próprio fato dos jogadores avançarem para novas coleções, as antigas eram deixadas mais de lado, ganhavam um legado. Todo mundo tem a primeira carta, todo mundo tem a carta que mais odeia e a carta que mais fez ganhar partidas.

A lore não era apenas os contos dos personagens de Magic, há também as narrativas dos jogadores que durantes anos puderam criar e abraçar conforme iam jogando. E lá se foram, para mim, que conheceu o jogo no começo de dezembro de 2019, 3 anos. E já tenho história para contar.

A ponderação da Lore oficial tornou-se matéria de discussão. Em especial porque talvez a Wizard declarou não ter tanto interesse em mantê-la como foco ao contrário dos demais anos. Certo que isso tem influência pelo fato da Lore ser um motivo justificável para vender livros e HQs. Ainda que talvez a culpa seja da diretoria, se você for pensar assim, a responsabilidade é do próprio público que não compra.

A maioria entreter-se com o lado de coleção de Magic. Se você for pensar, a maior discussão que se tem em fóruns e grupos presenciais, não é HQ ou Livro de Magic. Aliás até recente tempo, foram lançados 41 volumes pela Editora DeAgostini, e a repercussão foi negativa. O que demonstra uma falha de projeto. A lore não é tão importante como se pensava. Estamos falando de uma fatia é claro, e apenas com uma observação local muito considerável, mas pequena diante do que seria no mundo.

Mas não foi muito diferente, se considerar a decisão da Wizard de não perpetuar a lore como principal motivo nas expansões. Que há os trailers de lançamentos de coleções acerca das novas expansões, faz parte. Aliás as cartas continuam sendo compradas. Mas um enriquecimento da lore por parte disso, ou mesmo da criação de novas, que influencia é claro a novidade de novos personagens e quem sabe mecânicas similares aos planeswalker, é pelo fato do público não consumir os livros e HQs.

A maioria bate em duas teclas: Melhor carta para vencer formato ou a ilustração da carta. E dessas duas, a segunda ganha em frequência. Para discutir linhas de produto. É citado Secret Lair, Bundles, Booster e Jump Start. Mesmo fora do Brasil, onde a linha de produtos é bem mais variada. Nenhum post menciona ‘HQ e Livros’. O que torna a Lore é um investimento caro.

Nem sequer boardgames são mencionados. E a Wizard tinha uma linha, que seguia um conceito interessante. Dependendo da expansão, no caso por exemplo, dos Exploradores de Ixalan onde o tema era Dinossauro, Tritan e Piratas. O Boardgames trazia “tiles” em formato de ilha. Cada parte dessa ilha tinha um valor de mana incolor. Você pagava e desvirava. O que fosse o efeito, acontecia no seu jogo ou no jogo por completo. Isso podia significa uma reviravolta ou uma desvantagem para você.

Esta linha de produto foi descontinuada porque as pessoas não se interessaram. Consegui comprar ao menos um. É uma relíquia. Havia um outro mais antigo, que trazia action figures não pintados de cada Planeswalker famoso (Jace, Nissa, Chandra, Gideon) dentro de um tabuleiro que representava os planos. Não vingou também, nunca lançaram outras variações. Outro é o famoso modo de jogo chamado Planechase.

Planechase é simples de entender. Você recebe uma carta de um plano em uma espécie de ‘seleção’ em sentido horário é multijogo só que com o formato Standart, Modern, Brawl (além do Commander). Cada pessoa que tirava um plano, todos tinham que optar, tinham características de vantagem ou desvantagem segundo os planos. Hoje se acha este tipo de jogo por R$ 2.000. Nunca mais foram produzidos outros, porque não colou.

E esses foram as poucas opções trazidas para o Brasil. Até mesmo a maioria dos formatos foram criações ora ‘sancionadas’ ou mesmo feitas pelo público e ‘pegas’ pela Wizard. Quando deu sinal verde. Simplesmente haviam regras, campeonatos e festivais só para este tipo.

Assim com esta simples análise conseguimos compreender que a Lore entrou no mesmo beco sem saída de produtos que não vingaram. Como ninguém comprava as HQS ou Livros, e se forem procurar, há poucas literaturas inclusive não oficiais, publicadas. Wizard vai investir pra quê? A Lore foi as poucos perdendo força. Não pense que ela morreu nos idos de 2007. Ela ganhou força nesta época. Teve o seu período de prosperidade em 2014.

Mas neste período também houve uma mudança de regras gerais com uma mudança considerável, conhecida como ‘Nova Ordem Mundial’. O que fez com as manas Branca e Azul ficassem menos poderosas por exemplo. Posso afirmar, as cartas de 2013 ou mesmo 2015 para baixo, favorecem estas duas manas em uma potência tão considerável, que tornava a vida das pessoas um pesadelo. Menos para que optasse por elas.

Hoje, existe um balanceamento entre as manas que as torna menos características e mais do mesmo. Há um empréstimo do que é Verde para Vermelha, do que é Vermelha para Branca, do que é Branca para Azul, do que Azul para quase todas, e o que é preta para as demais, igualzinho ao azul. Tornando a escolha pelo Verde e Vermelho uma opção fácil e mais viável.

Isso mudou também a forma de ver Magic. Em 2018, mas não é a primeira vez, Magic Arena um jogo online dava lugar a preferência dos jogos físicos. Não é uma pura verdade. A grande maioria dos jogadores preferem jogar fisicamente. Mas com a Pandemia ocorrendo em 2020-2022, Magic Arena se tornou a maior força de vendas de Magic. Imagine se eles não tivessem lançado?

Ainda que pense, ali falei que não foi a primeira vez. Ainda funcional, existe o MOL (Magic Online). Que tem uma proposta similar, mas se apresenta diferente. Com uma interface menos ‘bonita’ e construída de uma forma mais burocrática. É menos ‘compreensível’ de cara. Até porque muitos eventos ocorrem em datas específica. E não existe uma opção “skirmish”, que é jogar com que está online. Tudo é medido ou por: Eventos em datas marcadas ou com quem você tem conexão.

Diferente de Magic Arena, no MOL você precisa comprar a maioria das cartas. Assim a Wizard matou a ideia de que você precisa pagar para jogar Magic. As cartas antes da alta do dólar já era cara. Hoje um pack de Commander custa 300-400 reais (sem ser deluxe), antigamente custava 200. Era caro, mas o preço não variava. Boosters tinham o custo de 15 e 30 reais. Com a versão Standart e Colecionador. Hoje o booster padrão custa 45 reais.

Magic Arena tornou Magic acessível. Tanto na forma de jogar como na acessibilidade. A forma de jogar, para quem é jogador das antigas, as regras ficaram mais fáceis, menos coisa para ler, mais tempo para jogar (bom por um lado e ruim por outro). Bom porque tira aquela fase de entendimento que pode ser chato. Ruim porque torna o jogo ‘entendível’ e menos complexo. Logo, o fator ‘sorte’ é a única moeda que você tem.

Em Magic Arena:

  • Você não pode blefar, o computador entende que você não tem nenhuma carta boa na mão ou para ser resolvido na pilha e já denuncia ao seu adversário que sua mão é fraca;
  • Não existe olho no olho. Isso permitia ler o outro jogador;
  • Muito das peripécias (legais\lícitas) presentes em jogos de cartas não é possível ser realizado;
  • As regras são fáceis portanto qualquer um joga. A melhor compreensão delas, garantia um melhor domínio de como usar certas técnicas baseadas em brechas de regras ou regras que realmente favoreciam;
  • As Manas hoje não tem características protegidas. Todo mundo pega um pouco de todo mundo. Tornando o jogo ‘redundante’.

Claro que essas observações não fomentam que o jogo ficou péssimo. Mas que se transformou em um Magic diferente daquele que tradicionalmente todos jogavam até 2015. Esta nova ordem mundial tornou o jogo acessível. Então se ele for complexo, dividir habilidades por cores e for caro, não vamos vender.

Com este mesmo pensamento, a Lore foi sacrificada. Se ninguém compra. Porque investir? Embora podemos considerar a Lore uma parte importante de Magic, e diria os jogadores mais antigos, ela como outras coisas, ficaram no passado. E agora podemos desfrutar, mas sem sofrer de jogar MTG. Aliás é preciso que existe Modern e Legacy. Certo?

Magic the Gathering (71) – Netdeck é uma boa?

Acessem o Diretório de MTG (com 70 artigos) – clique aqui.

RESUMO ÁGIL.

Em 2019, próximo ao Natal, no mês de dezembro conheci MTG. Tornei-me aficionado. Por gostar muito do tema mago, não tanto de competição e muito menos de cardgames, não que eu repelisse a ponto de não ‘apreciar’, mas que não me atrairia o conceito sem um bom motivo.

Não procurei o MTG de início, minha busca era no foco de boardgames no padrão de Dungeons and Dragons, que posterior a minha atenção atraída pelo MTG, consegui até os três livros principais da edição 5.0 e de algumas aventuras em Boardgames e outras em formato de .PDF, MTG acabou por me mostrar um conceito de estratégia simulada.

Então passei 2020-2022 a publicar artigos de minha evolução sobre o jogo e o quanto o observei como jogador dentro e fora do Magic Arena. Utilizando do modo tradicional, presencial, do MOL (Magic Online) e de jogos de PC lançados nas versões de 2014 e 2015. Comprei uma coleção de 41 volumes da editora DeAgostini por um ano, um total de 5.000 cartas físicas, um pack de Commander e três catálogos com quase 300 páginas cada frente e verso com cartas que considero colecionáveis e não jogáveis, como a maioria das foils.

A última publicação que fiz foi sobre a síndrome do Planeswalker em julho de 2022. E depois não publiquei mais nada. Tem agora a Guerra dos Irmãos, talvez uma infinidade de novas mecânicas, que vou ser sincero estou mais perdido do que nunca, não faz mal, antes de 2019, eu tive que inteirar de todas 87 coleções lançadas e 26 anos de Lore, nada parece ser complicado quando se 2 anos afastado devido a pandemia cause problemas.

Meu personagem favorito, Jace Beleren. Foi o meu primeiro deck, comecei na Guerra da Centelha e de lá comprei diversas coleções para trás, assim levaria um tempo para me familiarizar, tinha mais material disposto para entender do que se tratava Magic. Comprei algumas cartas avulsas e adotei desde do princípio a mana azul.

E hoje vou falar, após este resumo ágil, sobre Net deck e se é uma boa?

O QUE É NETDECK?

Deck é o baralho ou grimório que a gente denomina como sendo o acervo das cartas que iremos usar durante uma partida. Net signifca internet, e no nosso caso, se refere ao conceito de repositório. NET DECK portanto é um repositório de referência de baralhos ou grimórios.

Muito comum quando de uma partida profissional através de um campeonato, jogadores profissionais usam uma combinação de Decks e que são utilizados após essas partidas como ‘mapa de referência’ ao serem copiados para sites de Magic pela internet. Normalmente é assim que é identificado o Metagame da temporada.

Metagame é o perfil do jogo. Quais cartas estão jogando, que respostas possíveis e assim por diante. E depois veem outras formações usadas por jogadores que participam de torneiros menores ou de loja, não são necessariamente profissionais, mas que são decks que podem ser competitivos a altura específica. Também são copiados para essa base.

Como no ano tem um lançamento total de 4 coleções principais e 1 de Core set, uma coleção com as melhores cartas de cada mana. É comum ter uma mudança substancial no Metagame, logo esses decks não são tão ‘voláteis’, mas surgem com mais frequência em dois períodos: Começo do ano e metade do ano. Quando as rotatividades das coleções mudam alguns perfis do jogo.

Net Deck é uma espécie de ‘referência’, mas que muitos literalmente copiam o deck list 100% sem nenhuma diferença. Há um problema? Não. Contanto que você se divirta. Não há o que de descontar em regras bobas. Net Deck serve para copiar ou se inspirar. Mas isso é só uma realidade no Magic Arena. Por quê?

NET DECK: MAGIC ARENA x TRADICIONAL.

O Magic Arena é normalmente referenciado por sua abreviatura sem seguir exatamente uma regra de uso padrão, como é o caso do MTGA (Magic the Gathering Arena) ou MA (Magic Arena). Muitos sequer usam essas abreviaturas, só jogam no Magic Arena então se referem ao Magic.

O sistema é free to play, possui microtransações? Sim, mas não é obrigatório. Para conseguir cartas você pode ir jogando partidas, fazendo partes de eventos, de bônus e ganhando aos poucos diamantes para gastar em passes de temporadas, que além de experiência e diamantes, que são recursos de recompensa por vitórias ou feats, você vai ganhando cartas por passar de etapas.

Alguns eventos inclusive te dão cartas pelo simples fato de se inscrever neles. E por mês, você recebe um booster aleatório também. Tudo de graça. Se quiser pode comprar, mas terá que ser com o total de diamantes adquiridos por jogatina ou usando dinheiro real. Mas você pode conseguir um acervo sem gastar nada.

No tradicional os únicos dois jeitos de você conseguir pack de graça, e diga-se passagem é um sistema aleatório de cartas boas, são no chamado Open House que é um evento que muita loja sancionada pelo Magic (tem muitas no Brasil) dão para que a pessoa que é iniciante entre no jogo. Normalmente é um pack de cartas usadas em pilhas da coleção Core Set (essas cartas costumam não ser competitivas) ou em Draft que é um evento de pre release da nova coleção.

Você abre um booster, pega uma carta até formar 40 no total e jogar ali. Além de você ficar com elas, você tem a possibilidade que o prêmio sejam boosters. A depender de sua pontuação, você ganha mais boosters. Diferente do Magic Arena, o Magic jogado de forma presencial, te dá cartas de graça em ‘menos oportunidades’ e frequência. E com menos valor de competitividade.

Para ter cartas boas ou as que achamos nos Net Decks, é preciso comprar em padrão avulso. Essas cartas são os achados em Booster pelo lojista, eles a colocam à venda. E geralmente o custo dela é superior a uma carta de booster. Se pegar o padrão de 45 reais e 15 cartas. Não espere que sejam um valor de divisão justa. Essas cartas avulsas atingem valores de 70-150 reais por unidade.

A depender do valor da carta na jogatina, ela pode valer 300 reais. E para ter um nível de competitividade, muitas delas se exige 4 cópias como de costume. Está disposto a pagar 1.200 reais por 4 cartas? Muitos até que estão. Mas a grande maioria não é disposição, é falta mesmo. Portanto o Net Deck não é uma realidade no Magic Tradicional.

DIFERENÇAS DA CÓPIA DO NET DECK.

No Magic Arena é possível perceber as suas chances de vencer em uma batalha no começo do ano. Quando a primeira coleção é lançada, as pessoas ainda tem as cartas passadas. O novo começa a dar um show em cima do antigo com muita facilidade. É um padrão, sempre acontece assim.

Basta que ocorra o primeiro campeonato, que você vai ver que o seu placar de vitórias começa a despencar. Você começa a ver decks muito superiores que não se via no começo da temporada. É um salto de diferença. E isso torna talvez o jogo menos competitivo. Aliás a maioria ali está com um deck que não é deles.

É comum também você jogar com diferentes adversários e notar que o deck deles é uma cópia do outro. Por essa razão. Como existe uma lista até longa de decks bons não é um padrão achar 10 decks iguais. Mas é comum achar intercalado 2 decks iguais. Até alguns são mais padronizados do que outros.

No final do ano é possível perceber uma preferência por um tipo de deck. Então é mais comum ver decks iguais. E isso muda radicalmente quando falamos de Magic tradicional ou de forma presencial. Esse tipo de mudança não acontece. Aliás em um você consegue as cartas jogando e de forma gratuita. Na forma física só comprando. E são cartas caras. Portanto fazer esses decks não é uma realidade.

Logo no Magic físico você consegue lidar com adversários com mais igualdade. Digamos que de certa forma sempre terá uma pessoa com poder aquisitivo melhor. E ela vai se destacar, vamos dizer assim. Mas é uma ou duas num total de 40-50 jogadores. No Magic Arena é 40-50 em um total 40-50. Ainda assim é um problema?

Não mudo minha opinião, mesmo que eu ache isso chato. E torna o jogo desigual falando sinceramente. Acho que todo mundo tem o direito de se divertir. Se querem copiar o deck o façam, senão querem tudo bem. A minha consolação fica pelo fato do Magic Físico não compartilhar da mesma realidade. Aliás já viu quanto custa comprar um Commander hoje? Imagina você ter que pagar 300 reais em uma carta?