Vale à pena ver M3gan?

HISTÓRICO

Ficção Científica que simula uma era cibernética de inteligência artificial com consciência. Talvez o problema seja, é que não é tão ficção científica assim na atualidade. M3gan é um acrônimo criado para representar um sistema de aprendizado de terceira geração, algo muito parecido como a tecnologia GPT. Linguagem natural como interface e treinamento de variáveis como Machine Learning. Vamos lá.

Cady é uma menina de 10 anos que perde os pais em uma viagem para esquiar, ela vai para os cuidados de sua tia, que é uma cientista e engenheira robótica. Digamos uma geniosa cientistas. Trabalha em uma empresa que cria brinquedos inteligentes. E enquanto a menina tenta se recompor a sua nova vida, sua tia mantém como Hobby um projeto chamado M3GAN.

Seu supervisor David Lee exige dela uma remessa de novos brinquedos PETS. Que são uma mistura de Trolls com um Ted Bear dos anos 80-90. Conectado a internet, é possível conversar e interagir com ele diretamente ou através do Tablet. Coisa que já existe hoje também. E tudo isso se torna mais problemático ainda, porque os concorrentes no mercado andam lançando novidades também.

Com o intuito de levar o seu projeto de ‘final de semana’, ela toma a dianteira quando sua sobrinha revela querer um brinquedo que a deixe contente em só ter ele. No momento do ego, a cientista vai e termina o projeto. Que acaba sendo amiga de Cady, mas também o próximo ativo da companhia Funfik.

FALHA TÉCNICA OU CONSCIÊNCIA.

Incialmente a M3GAN passa por uma espécie de falha técnica por não ter um resistor para aguentar os problemas do seu primeiro teste. E neste caso, que deu errado. E isso bem antes dela decidir finalizar o projeto e seguir em frente com ele para dentro e fora da empresa.

O relacionamento da menina com Cady não é muito explorado no filme, o que eu achei uma pena. É revelado através de fotos e vídeos. Mas que não deixa muito claro o tanto que a Cady se ligou a boneca cibernética. Ela tinha uma forte conexão. Porém isso ficou bastante superficial no filme. (Um dos contra).

No início do filme também vemos um dos funcionários ‘copiando’ os arquivos de M3GAN, o que depois vou comentar como sendo algo muito sem sentido (Outra Contra). M3GAN começa a deliberadamente a agir por conta própria, não havendo aparente falha técnica, mas com alguma elevação de consciência. No entanto sem também revelar como ‘assim’ (Outra contra).

Ela começa a defender a menina agindo de forma ‘letal’. Para quem é sensível, animais morrem no filme. Não é exibido, tampouco a crueldade. Mas é a única morte deste modo e a primeira. Para tanto achei que o tempo de tela da M3GAN foi muito pouco (Outra Contra). Para quem assistiu o famoso MEME dela dançando (que nem sequer é aquela música), o filme revela pouco das cenas e foca mais no drama.

PRÓS E CONTRAS.

Vamos falar sobre o que torna o filme muito bom e também um pouco ‘raso’. Apesar de alguns pontos, que não senti decepção. E acredito que tenha tido mais repercussão em relação a cena da dança nos Stories e Reels, do que o filme em questão. Há muitos debates em relação a perda familiar, adaptação a um novo convívio, a ética da Inteligência Artificial e concorrência corporativa.

PRÓS:

  • Há uma certa proximidade da realidade do filme com o nosso dia-a-dia;
  • É uma abordagem interessante da IA moderna;
  • O filme tem um roteiro direto;
  • Não existe muita reviravolta (por um lado é bom, porque vai direto ao ponto);
  • O tema é retratado como se fosse em um documentário parcial (não é ruim).

CONTRAS:

  • Filme curto;
  • M3GAN tem pouco tempo de cena;
  • Não é mostrado o relacionamento de Cady e M3GAN;
  • Ela surta ‘muito’ rápido e sem drama para esse sentido;
  • Foco demais em drama familiar;
  • E (também) foco demais em questão corporativa;
  • Não é exatamente um filme de terror, e sim suspense;
  • Roteiro simples demais;
  • O programa da M3GAN deve ter terabytes, mas um funcionário faz download em poucos segundos.

EXPECTATIVAS E COMENTÁRIOS SOBRE OS PRÓS E CONTRAS.

Gostei do filme, minha nota para ele é 95. Mas quem vai pela expectativa em ver alguma inovação que já vimos em filmes como o novo Brinquedo Assassino que revela justamente a falha técnica para justificar os ataques do boneco, algo que já vimos em Eu, Robô (onde o roteiro é mais trabalhado no sentido da consciência de Sony), em Matrix (que vemos mais o lado das batalhas, mas temos uma noção bem rica daquele ‘mundo destruído’) e do Exterminador do Futuro (que embora corrido, consegue mostrar que as máquinas possuem um papel em todo aquele conflito, seja bom como para mal), pode se decepcionar um pouco.

O roteiro do filme é direto, como eu disse no PRÓ, mas é simples como eu disse no contra. Roteiros simples são como histórias para crianças. Não tem muita reviravolta, por um lado parece bom, porque você vai entender rápido a mensagem, mas é ruim, porque você acaba não sendo envolvido pelo mistério. O mistério que no caso seria como a M3GAN adquiriu consciência.

A consciência ou falha técnica. Não é revelado e nem trabalhado. O título apesar do que eu vou falar, parece aqueles filmes TRASH que tem pouco orçamento e não pode elaborar muito, acaba por fazer cenas curtas e com mais ‘efeitos’ do que ‘narrativa’. Filmes como a inteligência artificial é preciso explorar como se fosse um Stanley Kubrick com um pouco de Steven Spielberg.

Os prós e os contras são quase antagônicos porque ao mesmo tempo que é interessante ter uma ação direta. É também fascinante perceber que algo que tem circuitos, cabos e é feito de metal, possa adquirir consciência. Se tonar vida. Ganhar uma perspectiva. E nada disso é explorado. O que vemos é um filme ação direta, sem complexidade, com pontualidades (percebemos isso com a conversa inicial da M3GAN com Cady), mas depois isso não acontece de novo.

Não é como em o Homem Bicentenário. Que ali vemos o Andrew ganhar vida. É um filme longo. Tem umas 2 horas. M3GAN tem quase isso. E não entregou muito. Se você espera por muito. E espera algo diferente. É algo muito próximo do novo Brinquedo Assassino só que com menos tempo, muito mais drama e menos M3GAN. E faz o filme ser atiçador, mas estraga prazeres. Porque ele deveria entregar algo mais do que uma boneca assassina.

Ela se reduziu a uma simples boneca assassina. E não há um motivador para rever. Porque você não tem uma provocação. O longa não nos provoca. Não é algo que você quer rever porque tem pontos que agora serão mais claros porque o filme revelou algo no desfecho. É um ‘Deathmach’. E isso significa que pouco importa a história, o que interessa é o tiroteio. Por outro lado, temos um debate interessante.

O filme ele pode ser visto por uma perspectiva mais otimista do que eu acabei de falar, que não deixa de ser verdade. Mas isso só será possível se você se permitir ver o filme como um documentário drama. Como se fosse uma reportagem. Em que o ponto de vista que temos é limitado. Mas pelo lado da ficção que não é tão ficção assim, por agora por exemplo.

A Inteligência artificial evoluiu muito nos 20 anos. Muito. Os Chatterbots eram limitados, não gravavam nada, não tinha continuidade, não possuíam concepções de aprendizado. Não havia ainda pesquisas de Deep e Machine Learning avançados. Eram apenas ensaios. Nada prático, tudo teórico. Podemos hoje testar a máquina de Turing para provar que ela pode ser um ser humano?

Apesar do filme não bater nesta tecla, ele não é um título científico. Por isso que diria que para uma categoria, ele esta mais para suspense. Do que para terror e ficção científica. Terror ele não tem quase nada. E ficção Científica apesar do termo ficção ser ainda (Ainda bem?) irreal, a parte científica não existe muito no filme. Porque não temos essa reflexão, do que é M3GAN. Como ela nasceu, por quê e como ela chegou ali.

Mas temos um filme que bate em uma tecla atual. Porque não estamos muito distantes de uma realidade como o do filme, não digo pela violência. Digo pela legitimidade de algo mais ‘senciente’ do que ‘robótico. E dito isso, acredito que você precisa tirar suas conclusões e ver se o filme é bom ou não. Eu dei nesta análise algumas informações que serão necessárias, mas quem vai guiar se gostou ou não, é você.

Nota: 9.5

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