Análise de Lockey and Key – 2 Temporada

LOCKEY AND KEY 2 TEMPORADA DECEPCIONA?

Baseado no jogo de Boardgames de mesmo nome, Lockey and Key surgiu com a premissa de contar a história de uma familia perseguida por uma tragédia, mas nada natural, de ordem demoníaca. A primeira temporada foi bem recebida em 2020 com uma mistura de ficção científica com drama, ainda que os episódios se arrastassem um pouco, não decepcionou em nenhum momento. O enredo ora era maçante porque queria apresentar a complexidade do universo Lockey and Key.

Ao ser compreensivo à isso sempre levo em consideração que cada autor tem uma forma de contar a história. Caberá ao público decidir se a história e a forma de contar valem a pena. Gostei muito da primeira temporada, mas não gostei da segunda. Porque há uma mistura de enredo papelão (vou explicar) com drama teen (vou explicar também) e com nenhuma resposta…então acho que a série se perdeu. Mas antes que você ABANDONE esta análise, não vou detonar os personagens e nem criticar a base do enredo como um HATER.

Assista também a análise que fiz por vídeo:

Acima no Canal da Junca Games faço um paralelo de transição das duas séries similar no tema, Lockey e Stranger, e como desandaram depois da segunda temporada. Mas aqui diferente do vídeo vou falar apenas desta série que deixou um gostinho amargo em que não curte muito drama adolescente.

Drama Teens são menos convidativos para mim. Mas não significa que dispenso totalmente. Acredito que o drama de alguma forma faz parte de qualquer história. Sem eles, não tem como nos conectar com as personagens. Mas todos entendem que o drama quando é predominante, somos obrigados a concordar que a história não poderia ser de ficção científica. Diferente na primeira temporada que você tem drama teen e drama familiar, ainda persistia aquela batalha da Dodge, os mistérios das chaves e apesar dos episódios serem lentos, ainda mesmo eram compreensíveis por ser a primeira temporada apresentando o conceito novo.

Mas não é desculpável que na segunda temporada tenhamos uma mudança de foco. Se você é adepto de drama teen talvez resista ao posicionamento. Mas não detestei, apenas não sou fã do gênero. Razão pela qual passei a maior parte dos episódios com tédio. Não sou uma pessoa que gosta de drama teen purista. E se você adora, Lockey and Key é sua série.

O que me fez comprar a ideia era a fantasia e o mistério, e na segunda temporada senti que parte disso não acontece. Acontece. Mas somos compelidos a seguir a ordem das coisas entre casais de adolescentes rompendo e reatando em cada episódio e de vez em quando a Dodge e sua assecla são flagrados bolando algo que é bizarro,..mas sem muito sal. Quer dizer o foco não era exatamente mais a fantasia e sim o drama. Neste quesito a série até se adapta bem. De ficção científica para drama.

As personagens adolescentes são o foco da segunda temporada, o mistério da primeira temporada, presente por lá, só começa a dar ar de graças no prelúdio do primeiro episódio, no quarto episódio, no oitavo episódio e no último episódio. O grosso mesmo acontece no último episódio. Mas são ‘aparições’. Pois cada episódio citado aí não é total ele que temos a fantasia do Lockey. Nós temos menções…bem pequenas.

A série na minha perspectiva ficou muito lenta devido à essa troca. Mais uma vez, se você é fã de drama teen, seu ponto de vista será ao contrário do meu. Que na verdade a história flui. Já que o drama estará em primeiro plano. Os segredos são revelados. Mas bem lentamente. E muitas vezes são apenas reafirmados. A novidade nos mistérios é bem pouquinha na segunda temporada. Também senti que os episódios que me chamaram atenção foi o da Aranha, o prelúdio do primeiro episódio e a luta (grande?) do último episódio.

Na primeira temporada, eu gostei de cada episódio. Gostei da transformação da Kinsey, das revelações da Dodge e do universo da Porta Omega. A sensação de ver a série era única. Mas a segunda temporada não senti a mesma coisa. Tive até dificuldade de maratonar, pois os episódios eram muito…Barrados no Baile.

O último episódio é relatado com uma grande batalha. Não é bem assim. É um conflito bem pequenino para fechar a segunda temporada. E tem alguns furos no roteiro que não consegui compreender. Alguns personagens que se foram, vão voltar, mas sem muita explicação. Há atuações meio…burras. Não dos atores. Mas das personagens. Essas atuações burras são propositais quando o objetivo não é focar no duelo, ou seja a série não tem investimento em ação ou aventura, o foco é claramente nos relacionamentos, que é o que segunda temporada mais deu ênfase.

Os personagens mesmo não gostando de drama, senti superficialidade. Porque os relacionamentos eram são sempre complicados. As pessoas tentam se reafirmar com elas mesmas ou na relação. Então esse conflito é até um dos motivos que me faz ter interesse em dramas, mesmo teens. Porque os conflitos são algo muitas vezes presentes então nos identificamos ou identificamos em situações próximas.

Mas não vi muito dessa complexidade na série. Senti que os roteiristas quiseram dar um ar de drama, mas não sem aprofundar muito. As personagens não pareciam ter alguma relação entre si. Na primeira temporada você sente que a Kinsey tem um interesse, mas na segunda temporada, ela parece mais casual. A mãe na primeira aparece bastante, na segunda temporada mal aparece. Dodge só surge em sua forma original em poucos momentos da série. E o desenrolar dos eventos é muito parecido com programa infantil…não tem muita explicação.

É como uma passagem simples. Dodge é má. Dodge é vencida. Heróis comemoram. Essa forma de descrever deixa por alto que entre o drama teen e aventura da ficção científica ficam muito de lado na segunda temporada. E há alguns detalhes que fiz muito encucado porque me parece que eles não soltaram todos os episódios para gente, como se fosse o Snyder Cut, tem muita coisa que ficou sem contexto. Um filme super cortado dando a entender quase nada. Então mesmo não aprovando essa mudança de gênero da série, de ficção para drama exclusivamente, mais do que isso, é que a série ficou meio sem sentido.

AS COISAS SEM SENTIDO.

(ESSA SEÇÃO CONTÉM SPOILERS)

A Ellie na primeira temporada foi jogada sem querer no portal ÔMEGA o que fez com que os personagens na segunda temporada ao descobrirem o fato sintam remorso. Até então ela teria morrido. Mas sem muita explicação, após um desabamento na caverna com a presença da Dodge e sua assecla Eden (ela foi possuída pelo demônio no final da primeira temporada), a Ellie volta com vida ainda na forma da chave identidade da Dodge.

NÃO É EXPLICADO PORQUE ISSO ACONTECEU. Talvez terceira temporada? Mas senti ser bem aleatório essa história. Dá para supor que essa passagem foi inserida no roteiro de última hora porque você não tem uma construção na série nem do que se trata a porta ômega.

A Eden foi tomada pelo demônio, mas como não sabemos muito dos habitantes da porta ômega, não sabemos que tipos ou classes de demônios se trata. Será Dodge um demônio supremo ou um inofensivo diabrete? A relação da Eden e Dodge durante a série é que parece serem do mesmo nível de poder. Mas fica por alto também. Uma vez que não parece um temer o outro, embora a Eden demônio acue algumas vezes.

Erin é uma das guardiãs das chaves que aparece na primeira temporada. Devido a chave da cabeça ela ficou presa em sua própria mente. Na primeira temporada isso não foi explicado. Nossa suposição nos fez interpretar que a Dodge tenha sido a culpada dessa condição. Mas na segunda temporada, eles conseguem liberta-la dessa situação após 20 anos.

A EXPLICAÇÃO OCORRE, MAS É MUITO BANAL. Erin não ficou presa em sua cabeça devido uma falcatrua da Dodge. Foi porque ao estar na mansão Lockey quando adolescente, ela havia acessado sua mente com a chave da cabeça na sala da casa. E a empregada ao ver a menina parada e uma porta solta no ar, ela a sacode com a chance de chamar sua atenção. A chave acaba caindo da sua nuca e ela fica presa na sua própria mente por 20 anos. Esse segredo é revelado por um rápido flashback.

Rufus tem uma excelente participação na primeira temporada. Mas na segunda temporada devido o sumiço de sua mãe, Ellie, ele acaba indo para o Alaska. Mas suas participações se resumem a praticamente fazer um reencontro com sua mãe no final da temporada.

Sam Lesser é o assassino Rendell Lockey. A existência dessa personagem na primeira temporada junto com a Dodge e as descobertas das chaves criam um elo entre ação\aventura e magia com o drama que de vez em quando surgiam. Com a morte de Sam devido o uso da Chave Fantasma, ele aparentemente teria saído de cena. Mas ele surge na segunda temporada como um aliado e inclusive trabalhando com o ancestral da família Lockey.

SEM EXPLICAÇÃO E NENHUMA NOÇÃO. Sam Lesser ao contrário da Eden não era um demônio. Mas trabalhava para Dodge. Como era uma pessoa muito solitária, a demônio aproveitou em confundir sua cabeça e o fez matar Rendel atrás da chave Ômega, que aparece na segunda temporada. No primeiro ele era um assassino com alguma consciência. Já que acreditava que suas ações eram levadas por um senso de dever. Ele foi morto após usar a Chave Fantasma, e eles o prenderem do lado de fora. A cena final mostrava um Sam satisfeito voando em forma espectral do lado de fora da mansão.

Na segunda temporada ele volta como um aliado da família Lockey. Aparentemente era um residente do cemitério da família. Embora a série não demonstre qualquer requisito que se deve ter para ser inquilino do lote, não parece muito lógico que um assassino do membro da família Locke e guardião das chaves, tenha algum direito neste quesito. O ancestral que ali reside entende e reconhece a Dodge mesmo com a forma do Gabe, então ele saberia que aquele que ali está já foi soldado dela. Por quê aceita-lo assim? Lembrem que além de matar Rendel, ele quase matou a família momentos depois.

Duncan é o irmão mais novo de Rendel e os tios de Kinsey, Bode e Tyler. Na primeira temporada foi revelado que ele não tinha memória dos acontecimentos porque ao presenciar o assassinato de Lucas, os guardiões, naquela altura, adolescentes, preferiram o fazer esquecer. Então guardaram suas memórias em frascos de vidros enterrados no cemitério da família. Até na primeira temporada, ele chega a acessar parte dessa memória, mas logo esquece. Na segunda temporada, ele volta a ter contato com essas memórias e por fim consegue reacender a memória de 20 anos atrás. E lembra inclusive que ele forjou (criou) uma das chaves, a mais importante, a chave ômega.

ROTEIRO SEM NOÇÃO. Duncan na explicação da primeira temporada foi apenas um desafortunado adolescente que presenciou seu irmão mais velho matando o amigo de infância, Lucas. Que seria na verdade a Dodge. Então devido à isso eles apagaram sua memoria. Fim da explicação. Senão fosse pelo fato dele ter sido o responsável por criar uma chave que teria sido a responsável por criar uma “porta” na fenda. Na segunda temporada é explicado no primeiro episódio, que alguns soldados em 1700 haviam descoberto em uma parede oca uma espécie de vácuo. Até o tempo da juventude de Rendel, o vácuo ficava aberto o tempo todo, depois é que a porta foi criada, mas por Duncan.

Esse fator de esquecimento do irmão mais novo, apagou também da história, que os Lockey tinham o poder de forjar as chaves com o seu sangue. Não é explicado na série porque eles conseguem fazer isso. A pergunta que paira é, porque Rendel apagou a existência de que os próprios Lockey tinham o poder de criar chaves e detê-las, se isso poderia ter evitado inclusive a existência de uma segunda onda da Dodge anos mais tarde.?

Na série, existe um fator de que adulto não consegue reter a informação relacionado ao ômega, as chaves, dodge e da natureza desse tipo. Nem na primeira e segunda temporada é explicado porquê. Tanto que os únicos que se lembram dos acontecimentos são os guardiões das chaves. A mãe, Nina, Duncan ou qualquer adulto local não retém a memória. Na primeira temporada, após Nina ficar presa em uma realidade de espelhos, pouco tempo depois não se lembrava da situação.

Na segunda temporada, Tyler e sua namorada Jackie estão começando a ir para idade adulta, que seriam os 18 anos. Então Jackie começa a se esquecer das experiências que teve com as chaves. Tyler tenta de tudo. Inclusive forjar uma chave, aí eles descobrem que a família Lockey eram os criadores das chaves, para fazê-la lembrar dos fatos.

EXPLICAÇÃO APENAS PARA TIRAR DA SÉRIE. Esse fato não parece ter algum sentido na série. Só apenas para concentrar em personagens infantis ou adolescentes. Só pode. Os adultos na série, em especial na segunda temporada, parecem fazer parte de uma série do tipo Gilmore Girls, no caso da Nina e seus affairs que se dividem entre dois pretendentes. E claro, quando se quer ter um personagem da série podem usar essa desculpa…efeito.

Em determinado momento da luta dos Lockeys contra a Dodge eles descobrem por um milagre que mesmo a Dodge usando as chaves ao seu favor, eles podem anular suas ações e usas contra ela. E apenas no último episódio da segunda temporada. Essa descoberta só foi possível, mas sem muito apelo narrativo e descritivo, depois que eles forjaram uma chave que pudesse exorcizar os demônios das pessoas. Em em parte porque a Jackie, namorada de Tyler, havia sido possuída.

CONVENIENTE DESCOBRTA SEM NOÇÃO. Como devem saber isso acontece no último episódio. Quando encurralado, Kinsey e Scot, este usando a chave do Hércules, a primeira a chave que lhe dá um par de asas, são atacados por pessoas controladas por Dodge, naquele momento eles descobrem que poder anular os comandos da Dodge. E mandam os soldados atacarem a Dodge. Nem na primeira temporada e tampouco em toda a segunda temporada isso é uma verdade óbvia.

CONCLUSÃO.

A série Lockey and Key demonstrou na primeira temporada uma bela adaptação de um conto da fantasia e ficção com drama familiar. Ainda que houvesse relacionamentos típicos do drama teen, o enredo contava com reviravoltas e muitos momentos de conflitos e segredos revelados.

Mas na segunda temporada com parte dos problemas resolvidos. Dodge sumida, Sam morto e 3 meses de hiato de qualquer problema, o enredo enraizou em uma vida mundana que começou a investir demais em uma série sem os elementos da primeira temporada. Ainda que fosse válido que o relacionamento de adolescentes fosse uma chave para dar gás a temporada, também o drama teen não foi suficiente já que existia superficialidades até mesmo neste ponto.

Quando ocorreu o clímax da série, em momentos diferentes foram revelados respostas sem muito sentido aos acontecimentos da primeira temporada. Há claras inserções de fatos nos roteiros de última hora. Algumas explicações não fazem muito sentido. Pelo lado da ficção científica ficou muito a desejar.

Do lado do drama familiar, foi bem esquecido e apenas mencionado nas memórias reacendidas de Duncan. Que só acontecem em raras ocasiões da série.

Do lado dos relacionamentos também é bem superficial. Porque há uma clara intenção de mostrar o pós-acontecimentos da primeira temporada e os impactos das personagens em absorver tudo aquilo. Mas o tempo que eles levam para sacar que há algo acontecendo de errado leva mais de 80% da série, e em dois episódios ele revelam os segredos universo o que demonstra um trabalho bem mal feito na segunda temporada.

A segunda temporada eu dou nota 4.0 de 10.0.

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