Crítica.
Uma construção de terror base de o Chamado, com lenda urbana a famosa “Loira do Banheiro” com a profanação de filmes trash como Ash vs Evil Dead, o que coloca uma das primeiras produções desse gênero pelo cinema brasileiro a um patamar bastante interessante.
Ainda que haja um pitaco cômico, eu esperava, ainda com a participação de Danilo Gentili uma produção basicamente ‘Comédia’. Mas não, fiquei surpreso quando pensei em alguns momentos ver produções como terror espanhol ou europeu, que chega a ser bastante intenso. Não é uma produção japonesa que realmente faz você dormir apenas dois meses depois, com o medo da mulher sem parte da boca surgir debaixo das cobertas.
A similaridade desse filme com a série Ash Vs Evil Dead vai pelos acontecimentos marcantes onde situações como um bebê demoníaco entra em uma mulher morta e assume seu controle, mas não estamos falando de possessão, e sim uma pessoa entrar em outra literalmente. Ou ainda da luta de Ash no necrotério onde literalmente ele se deu muito mal por lá.
O roteiro de Exterminadores é basicamente falar de um espírito atormentador em uma escola local, se há momentos ‘Grovy’, sim, se há uma história e um contexto interessante de terror, também há. E para uma produção brasileira que não aposta muito neste gênero, está bem acima dos padrões.
O uso das técnicas de susto são as conhecidas, você olha para um lado, quando olha para o outro, você leva um susto com alguém que não estava ali antes. No canto da sala uma sombra. Os efeitos são bem feitos, eles lembram as tomadas de filmes de terror Coreanos. E merecem uma atenção especial.
Há um quesito de absurdo, o qual eu sustento como profanação, porque praticamente ultrapassa os limites totais do que você poderia esperar de bizarro. Não seria diferente com uma figura tão elétrica como Danilo, mas que coloca o pé da produção a um nível norte americano. Claro, se você opta por terrores clássicos ou blockbusters, e não explora uma seleção mais diversa, vai ficar boiando em saber que esse é um título realmente bom.
O que engana também é a publicidade ter colocado o título tão extensivo ou melhor espalhafatoso. Assombra a ideia de que um filme bobo e descarado com toques de humor e que possivelmente Leandro Hassum vai pular de uma janela gritando “Amauri, cadê meu dinheiro?”, embora o ator talentoso pudesse ser mais do que um comediante, vale o lembrete que as pessoas o conhecem por sua comicidade.
Seria mais interessante um título com o nome da assombração – “Katarina”. O título faz uma menção bastante interessante ao que podemos falar de “A morte te dá parabéns” que pode sugerir um filme do tipo Pânico, mas que está mais condicionado ao tema de viagem temporal, o que acaba matando essa curiosidade se você for uma pessoa que não gosta de filmes de ‘Assassinos e jovens’.
Se ainda for um ‘hater’ da linha Ash Vs Evil Dead, ainda que fosse pelo lado do tipo sabichão americano que com um trabuco e uma motosserra está satisfeito em fatiar morto vivo e ainda paquerar as garotas, nós temos em Exterminadores uma visão mais Caça-Fantasmas, com um ar absurdo, mas sério também. E sério em pontos interessantes, porque temos as tiradas básicas da comédia contextual, aquela que falar um WTF vale e resume em muito todas as emoções de um momento sinistro.
Você vê clichê, sim. O filme que não tiver clichê não tem graça. Clichê é um conjunto bem interessante de movimentos no cinema que nos permite compreender uma parte da história sem precisar optar por uma linguagem e terminologia nova, então teremos umas piadas sobre “Sociedade”, mas nada que faça lembrar que o filme é de estúdio brasileiro.
Já vi muito filme de terror americano, e alguns chegam a ser tão idiotizados que merecem uma vista de olhos, e este filme? Merece?
Vale a pena ou não?
Os filmes de terror que mas me colocam no eixo do medo apavorante é aquele que alia mistério, com fatos que poderiam ser reais e a trilha. A música faz tanto parte da construção da narrativa, que se ela se ausenta, os elementos precisam ter casamento perfeito para dar sustos. Não que não seja possível, mas a música tem mais participação em revelação na calmaria do que durante um processo do aterrorizar em si.
O filme embarca bem com a música que segue os passos do contexto, que oferece ao olhar suspeito uma forma nas notas e que faz muito sentido quando vemos e escutamos. Não há nenhuma música que desgrace a obra. A fotografia é básica de terror – chuva, trovão, raio, corredores de uma escola. Me fez lembrar outro trabalho do ator – “O pior aluno da escola” que Carlos Villagrán fez o diretor, que chega ser um excelente trabalho e bastante cômico.
Os personagens são centrados naquele estereótipo – O sempre ignorado, o cara estrela, o outro cara estrela mas que tem um gosto pelo desconhecido, o descrente mas faz o serviço e o estudioso. Trata-se de uma realização bastante interessante, porque os atores conseguem mostrar seus personagens em uma consistência.
E que fazem parte dentro da ação e terror, o momento único de fazer comédia, mas que não estraga o terror. Já parou para pensar se em um contexto sério como Guerra Infinita você contasse com Chapolin Colorado? Ele não é cômico por que quer, ele é só muito atrapalhado.
Se espera um filme como o “Todo mundo em pânico 3” (2003) que faz paródias de filmes com o Chamado, eu desencorajo a comparação. Ainda que eu pensasse desta forma antes de assistir, mudei minha perspectiva ao longo da história, e que ainda não se influencie por um fator, não sou fã e nem acompanho assiduamente os trabalhos de Danilo Gentilli. O que tira ainda o peso de avaliação do filme, ao contrário das inúmeras vezes que assisti o filme americano citado.
Remova as esperanças de um ser um filme recheado de piadas engraçadinhas ou tiradas de Portas dos Fundos – porque há um filme de terror que ocorre aqui e muito apreciativo. Vale a pena a ver? Sim. É um terror mergulhado em comédia? Não. É um terror que dentro do contexto e pautado para momentos certos, existe uma comicidade, mas não lembro de dar uma risada sequer. Possui ação? Possui suspense.
Nota: 85.0
