O título Kingdom Come: Deliverance é descrito como um jogo realista da época medieval. Trazendo na pele do personagem Henry em um jogo de primeira pessoa no melhor estilo RPG. Tirando o lado mágico que essa época é produzida na maioria dos títulos como Senhor dos Anéis e Skyrim. A dificuldade fica pela proximidade de um personagem que precisa treinar para estar a altura dos oponentes em um mundo onde o erro é fatal.
O parágrafo acima traduz em um jogo top. Mas antes que façam a compra no Steam ou no PSN Store, pensem antes de comprar este jogo. Em matéria de realismo, o pessoal da Silver fez um belo Marketing para vender, mas esqueceram de mencionar outros pontos que são negativos.
História.
O jogo é uma verdadeira enciclopédia de fatos históricos revelando ser uma obra prima em matéria de informações e fatos. Comparado a obra da Ubisoft, a série Assassin’s Creed, é realmente um banho. O ponto negativo em relação fica pelo idioma permanecer no inglês.
Você é o personagem Henry que pode ser considerado um jovem diante dos problemas que o país enfrenta, e sobretudo os problemas da época e escassos recursos, sem mencionar as distâncias de uma cidade para outra.
Sua jornada inicia após sua vila ser atacada pelo irmão do atual rei, que quer a todo custo a coroa para si. Mas não pense que você é o herói, não, aqui você é uma pessoa como tantas outras no meio de uma guerra.
Seu personagem começa do zero. E nisso que consiste a história. O único maior pecado dela é priorizar que você quer vingança. Amarrando muitos acontecimentos basicamente o forçando a tomar um rumo dentro da campanha principal. O que é contraditório, já que parte da campanha não é exatamente um open world, é linear, previsível e obrigando a agir conforme a história progride.
Se você optar por ser stealth, esqueça, a campanha obriga você ser Henry o guerreiro. E ponto final. Na maioria das vezes a história vai se perder pelo fato que aprender qualquer outra coisa a não ser lutar, é o mais importante. Então liberdade de escolha é uma mera ilusão aqui.
Jogabilidade
É um jogo extremamente travado. O modo de andar, a lerdeza do personagem, o empunhar a espada, os golpes, o movimento de câmera, as respostas dos botões. É tão fraco esse ponto que muitos aspectos do jogo se tornam frustrantes. Na prática sair apertando o botão de ataque que nem fliperama é mil vezes melhor do que pensar em fazer um ataque e defesa ou pensar que vai fazer uma luta de espadas no estilo Jedi.
Dado o realismo do jogo, não de gráfico (bem ultrapassado), movimentação, animação dos personagens, e sim realismo baseado em como se veste, o mundo reagindo (embora não tenha visto qualquer reação em si, mais do mesmo), ele peca muito em demonstrar um personagem robô. Mas com NPC inimigos NINJAS.
Os carregamentos iniciais não é demorado. E não há nenhum durante a ida pelo mapa (mas não é novidade, nenhum jogo carrega o mapa há muito tempo). O único inconveniente é que no início do jogo ele carrega, e depois você precisa carregar o seu jogo fazendo que haja dois carregamentos seguidos.
Física
Como a jogabilidade, a mecânica do jogo é muito insuficiente. Embora nos primeiros momentos você ache que a chuva, os trovões e relâmpagos, e o passar do tempo do ciclo de dia e noite sejam um espetáculo. Não vai demorar muito tempo para começar achar que esse é um processo péssimo. Se você não aumentar o gama (brilho), é praticamente impossível não usar a tocha para iluminar, isso que dizer – tchau stealth.
E se não usar, você vai trombar com o seu inimigo do mesmo jeito. A qualidade gráfica influencia na má coordenação do personagem que possui uma movimentação desengonçada. Embora o movimento do cavalo e dos NPCS quando estacionários merecem destaque, na prática de batalha e algum movimento excepcional do comum, decepciona.
Tem áreas de cercas que apesar de um pouco elevadas não permite escalar, obrigando a seguir um caminho pré-determinado. Sem falar é claro de ficar preso em certos lugares. E inclusive até uma pedra no chão que por ser um pouco mais alta que o seu sapato o faz ficar preso, pular é uma saída, mas ás vezes é uma forma de se prender mais ainda, gastando inclusive stamina.
O movimento de esquiva é inútil. Andar para trás mais ainda. Correr pode ser uma saída. Mas no início do jogo com uma armadura fraca, a maioria dos inimigos pode ter matar com 2 ou 3 golpes. Considere isso na dificuldade fácil. Na mais difícil nem se fala.
Música e som.
Música típica medieval, flauta, passarinhos piando. Cachorro latindo, pessoas conversando. O barulhinho da chuva na calha dentro das edificações. Impecável. Movimento dentro das instalações, pisar em poças de água. Lama e terra. O trabalho do som é digno.
Mas a voz do nosso personagem é insossa. Parece que alguém dublando com um saco de papel na boca. Sem falar que ele não sente nada, nem mesmo para expressar emoções o timbre muda. O que tem de impressão é que o ator leu o script antes de dormir e enviou para o editor. E mesmo que coloque no máximo de volume, ele vai falar muito baixo.
Preço.
No PSN STORE o valor do jogo é de R$ 249,90 e no Steam é de R$ 149,99. Na melhor das hipóteses, mesmo os jogadores que gostam deste estilo de jogo, a recomendação é de que esperem uma SUPER PROMOÇÃO para abaixar esses valores. Dado o nível da jogabilidade, física e gráfico.
E da linha de desenvolvimento do personagem ser osso duro de roer para crescer e a dificuldade, além da campanha apostar em um progresso de jogo na contramão da proposta, um jogo linear obrigando a fazer as estratégias diferente do que você tem em mente, deveria custar em ambas plataformas um valor de R$ 50,00.
Marketing nível ‘Olho de peixe’.
A prioridade da empresa em realizar o Marketing foi demonstrar o quão o jogo tinha em similaridade e confiabilidade nos fatos históricos, priorizando as cut-scenes (cenas de vídeo) para comprovar a legitimidade do jogo com a cronologia real de nossa história. Os poucos prints (imagens) não demonstravam a mecânica de combate, apenas fotos relevantes de luta que dessem a ideia de dinâmica.
Os gráficos são ultrapassados para um jogo de 2017, embora a proposta da empresa tenha sido de oferecer um jogo com realismo de comportamentos e reações de um mundo, essa é a mesma ideia de vários estúdios que não conseguiram entregar em nenhuma vez o combinado. Todos os títulos citam uma IA avançada e um mundo dinâmico que reage as suas ações, mas na prática há um deslize.
Kingdom não possui um mundo dinâmico. Ele possui gráficos ultrapassados, mecânica de jogabilidade ineficiente, um mundo aberto para explorar, uma vez dentro de side quests e main quests ele se torna linear. As estratégias não são abertas a mão, os jogadores são obrigatoriamente impostos a sempre a lutar. Stealth e diplomacia não é um caminho exatamente possível.
Você pode usufruir dessas táticas, mas apenas como alternativas e temporariamente. Se está pensando em fazer como em Skyrim, este não é o seu jogo. Aqui a física do jogo é igual ao Far Cry 5, não importa se está usando silenciador, você será visto do mesmo jeito.
A publicidade do jogo trabalhou bem as artes conceituais, trailers e informações no site oficial. E buscou veículos de críticas com nome na praça para dar um endosso ao trabalho, mas na prática temos um jogo com a inteligência artificial, gráficos e jogabilidade de 2004.
Vale a pena comprar?
Se você gosta de títulos medievais e luta como um bom RPG, sugiro esperar que o preço reduza. Se está esperando um jogo com um mundo que reage e um personagem que tenha uma curva de progresso de habilidades recompensadoras, não recomendo. Você pode gostar mais de Monster Hunter ou Shadow of Mordor. Este jogo está mais para quem gosta de jogar Xadrez.
