Planeta dos Macacos: A guerra

Vejo um prenúncio de prequel na trilogia moderna. Quem lembra dos perdidos no espaço do primeiro filme, e uma esticada para uma sequência da versão de 1968 com Taylor (Charlton Heston)? Quem nota que o nome da garotinha muda nomeada por Maurice como Nova (Linda Harrison) , é o mesmo nome da mulher já adulta que o protagonista do filme original encontra aprisionada? E que o filho ainda bebê de César se chama Cornélius (Roddy McDowall)?

Alguns pontos da trama foram modificados é claro. Mas ela tende a bater na tecla da história original. Por que isso soa melhor do que a versão feita por Tim Burton em 2001? Redesenhar tramas é complicado, todos tem que admitir. Vejam o caso do Alien, metade do público compreende saga PROMETHEUS e ALIEN como separados, o problema é que não são separados. É ruim? Até agora a única questão que eu gostaria de saber é, Elizabeth Shaw virou a primeira rainha mãe alien?

E a questão do Planeta dos Macacos é explicar como é que existiam humanos com poderes telepáticos localizados na região desértica do filme original. Eles não deram as caras na trilogia nova.

E sabe os humanos mudos? Bem essa é um efeito explicado neste filme. A doença símia que alastrou no primeiro filme, acabou por tornar-se letal para os humanos e digamos, gratificante para os macacos. Tornando-os mais inteligentes e falantes. No terceiro filme ele começa a gerar uma mutação nova, tornar o ser humano em primitivo. Sem fala, agindo de forma instintiva e perdendo o modo ‘humanis operandis’.

O filme conta história da guerra entre macacos e entre humanos também. Sobrou pouco, mas ainda não estão aniquilados. A sobrevivência não é na caverna, tem tanques, metralhadora e muita explosão e fuzileiro dando sopa por aí. E mais, com a loucura a doença símia deixando humano primitivo, há um coronel que acha ter encontrado a cura. Ele mata os humanos que fica neste estado.

Obviamente que humano matando humano só podia gerar guerra. E os macacos no meio disso. E nota-se a presença de um personagem bastante divertido, o Bad Monkey, que é ex-macaco de zoológico e que fala. Trazendo a possibilidade de outras tribos sendo formadas com as mesmas características da tribo de César. E após 15 anos do incidente, bem as coisas não poderia estar mais complicadas para os humanos.

O que acontece no final?

O Coronel se mata por ter contraído a doença símia. César é ferido letalmente por uma flecha e morre junto de Maurice no vale onde eles conseguem migrar e sair da visão dos humanos, por enquanto. A família do César é morta parcialmente, apenas deixando vivo o pequeno Cornélius. Com sede de vingança, César tem flashes de Koba e acaba vendo que ele se tornou parte do seu antigo amigo e inimigo.

Discordo que muitos lugares tenho dito que o filme é um drama de 120 minutos. Se você quer respostas esses 120 minutos explica a origem da nova espécie e demonstra através de muita ação (digo mesmo) o final da era César.

O filme é bom?

É relativo para quem vê. Eu já gosto de filmes de ficção, mas gosto de história. Vejo trocentas vezes o filme até perceber todas as variáveis. E inclusive furos de roteiro. E ver o terceiro filme trouxe luz a muita coisa sobre o filme de 1968, já que é essa a linha adotada para fazer a nova trilogia. Não é que a versão de 2001 seja ruim, aliás a viagem temporal foi adotada na versão original, o único problema é que fizeram o filme como um remake.

Remakes não ruins, apenas que você precisa atentar para detalhes que fizeram o original ser épico. Filmes clássicos não se tornam bons na época de lançamento, apenas 10-20 anos depois. Como um bom vinho, Planeta dos Macacos não foi apreciado até o começo dos anos 80. Mas não acredito que o Planeta de Tim Burton terá uma apreciação positiva por parte do público, pois acaba sendo uma versão alternativa, mas que não acrescenta nada a história conhecida. Se o original é bom, por que ter uma opção extra à ela?

A trilogia nova acaba matando a possibilidade. E torna o que sabemos da versão de 68 como um recomeço. Espero que Ridley Scott, apesar de ser o nome que levou o primeiro Alien (1979) ao publico, não se perder no meio da questão. Embora os filmes Prometheus e Covenant não sejam filmes péssimos como muitos falam, eu os acho brilhantes. O diretor tem a mania de ser muito filosófico abstrato. Como apreciador de arte, pode ser que ele esteja vendo o que os outros não estão vendo.

Caso ele não explique melhor em um terceiro filme essa combinação, podemos considerar Prometheus e Covenant como obras separadas e inacabadas.

As respostas do Planeta dos Macacos foram dadas, agora a questão é, vamos refazer o 1968 com os mesmos moldes?

 

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