Survivor Horror

Dr. Weir dizia – “A realidade é muito pior”

Sinta o medo do Espantalho.

O Medo, o que nos faz pensar em lidar com o medo?

O Medo, o que nos faz pensar em lidar com o medo?

Se temos em grande coleção filmes e games que salientam que somos capazes de criarmos infernos, vamos entender as alegorias que os contornam. Por que Harry Mason procurava por sua filha Cherrie quando já estava, sem saber, morto em plena Silent Hill? O que o prendia no local: O trauma do acidente ou algum pecadilho? O que dizer então de Isaac Clarke que enfrentara uma espécie de alienígena que cria um mutualismo-parasita para de fato nascer? Ou ainda como que supor que uma garota órfã seria capaz de criar uma realidade maldita por ciúme de sua melhor amiga com um cachorro denominado Brown?

Se a nossa imaginação vai até o Event Horizan e culminando em mutações genéticas em Doom, não temos como não observar que temos uma predileção por terrores sinistros e horrores inexplicáveis advindos de nossa natureza humana, ou pelo menos, em parte de nossa natureza humana. Talvez uma parte do mapa genético que não descobrimos ainda esconda o real desejo de sentirmos medo.

Para alguns povos sentir medo significa um desafio para obter presença da coragem. Para outros o medo é uma patogênese mortal. E muitos podem expressar que sentir medo não é uma necessidade, e sim um freio. Viver sem medo, será que podemos? Se não tivermos medo básicos teríamos o nosso estado de preservação? Cairíamos em desgraça quando vimos um ensaio no filme “Fim dos tempos” (no título original – De repente) quando a maior ameaça era tirar a defesa de conversação do ser humano.

Bem ao que lutamos para não sentir fobias paralisantes, por que nos atraía filmes de terror, suspenses maquiavélicos e horrores bizarros? Talvez porque nós possuamos uma curiosidade no que concerne, o experimento. Tal qual uma criança experimenta mordendo os objetos, será o que sentimos em relação ao medo seria uma forma de entendê-lo?

Alma Wade – Por que nós nos assustamos com meninas com cabelo que tapa o rosto?

Alma Wade foi aprisionada para experimentos, gerando medo e um futuro indefinido

Alma Wade foi aprisionada para experimentos, gerando medo e um futuro indefinido

Forças que não entendemos? Espíritos malignos que querem vingança? Pessoas que são parte de outras dimensões? Naves vindas de um universo do mau? A loucura interna? Nada que se compara as ameaças da própria mente humana é capaz de simular o pior medo, nem o monstro mais feio é capaz de superar a suposição que temos de um objeto no escuro.

Se temos gosto por ver filmes nipônicos recheados de garotinhas com rostos cobertos por cabelos negros e bem alisados, e quando nos revelam o que há por baixo, escondemos a sensação da descoberta. Sou um autor que diz a com a cara e a coragem, já passei um filme inteiro olhando para o lado. Um deles foi o Grito. Aquela voz que a mulher fazia ao abrir a boca era de tremer a espinha.

Tão eloquente era aquele terrível forma de expressar, que basta termos uma locomoção diferente dos braços, que somos capazes de temer o que virá na esquina. Quem se lembra do pescoço gigante da mulher na porta? O corpo no chão, e a cabeça lá em cima…subiu o frio aqui na espinha. Pode parecer uma descrição trash, mas imagine uma situação dessa? É um deslocamento, não podemos conceber. E isso nos faz temer, tentar entender, e o não entender não faz sentir medo. Porque não temos controle da situação.

Ninguém tem medo de um cachorro, ninguém teme mais uma barata do que ela já oferece. Mas imagina uma barata do tamanho de um cachorro pequeno. Não importa o quanto já conhecemos a barata, ela vai causa um pânico completamente novo e aterrador. Será de quebrar ossos se isso acontece-se.

Era assim que os cineastas puxavam o medo, aquele suspense do Alien (1979), até porque se vissem o alien de corpo inteiro iriam ver o quanto desengonçado ele era, não que não prega-se o medo, mas seria um medo porque ele é um monstro, não um medo de um monstro no armário, que imaginamos um monstro milhões de vezes mais feio e maior. Foi uma jogada de mestre. Atualmente existe um suspense, e não é uma fala de VELHOSO, existe o suspense, Não é a toá que o grito me faz ver a janela do vizinho, mais do que o filme.

Os filmes japoneses para terror são piores que os filmes americanos, mesmo adaptados desse povo magnífico. Eles são gênios na arte do terror. Vide os jogos por eles, vide o medo que eles causam. O terror japonês, é um terror seco. Você não entende, não compreende. E como eu disse, o medo fica maior quando não compreendemos. A cultura japonesa difere de nossa cultura, porque eles concebem diversos rituais de discernimento. Eles possuem o ritual dos antepassados muito importante, é sagrado.

Portanto quando um terror envolve isso, eles envolvem o mistério em outro mistério. Dando asas ao terror duplamente massificante. Não perde em nada, mas o terror nipônico, é um terror caseiro. Nós quase que não podemos escapar dele. Quando que em outros países, a forma de envolver o horror é quase um colírio. Nos Estados Unidos, existe uma espécie de dimensionalidade, somos incutidos a ver o terror como o texto principal, mas sem muitos textos auxiliares. É aquele fantasma sob aquele ponto de vista.

Nos filmes europeus, existe uma gama pessimista, onde os fantasmas são violentos. São explícitos e sem pudores. Fantasmas quero que os leitores entendam, não é só aqueles personagens que carregam correntes e um lençol, é o ícone do terror. É o ser que faz tudo ser temido, e deles temer.

Isaac Clarke contra os alienígenas metamorfos

Isaac Clarke contra os alienígenas Necromorfos

E se acha que é só o grito que faz arrepiar os cabelos, então vamos podar os elementos agora do título Dead Space (Espaço Morto) onde você é Isaac Clarke um engenheiro que tem que consertar um defeito na Ishimura e descobrir o que aconteceu com a nave que deveria explorar um planeta.

Mas tudo não parece estar certo quando você nota que todos ao seu redor não são estranhos, quando também são estranhos. A loucura toma conta quando percebe-se que aquele estranha ligação entre os símbolos que alguns seres humanos dizia ser uma espécie de religião libertadora, foi de alguma forma, uma transformação da humanidade.

Talvez encontre um lado sombrio á isso, o fato de que em nossa sociedade a religião ter sido uma das bases para as guerras, também nós faz pensar que num sentido figurado, a humanidade coibida a seguir cegamente uma religião pensando em libertação e esclarecimento acaba por se transformar em alguma coisa disforme. Essa base é a apresentada por aqui.

Mas até onde escrevi é apenas uma filosofia e reflexão pessoal, o pior medo não é revelar que esta cegueira é capaz de nos transformar, mas é que de fato nós sabemos que transforma. E isso pode ser visto neste jogo como um bicho papão, um monstro do armário que nos persegue e nossa única forma de solução é achar o centro de tudo isso, e evitar que o medo tome conta e resolver.

Aos que sabem a atmosfera do jogo, permite que o jogador de fato entre num ambiente hostil, pouco promissor e fique atento em todo período que joga. Eu tiro 2 ou 3 horas para jogar direto este jogo, e sei que não é muito legal joga-lo por muito tempo. Embora a história que leva um suspense considerável seja altamente cativante.

O personagem principal acaba sendo apresentado as pressas ,e vemos que temos pouco em comum com ele. Mas tudo parece não ter muita distância quando exatamente é por ele que temos o medo acirrado, mas também temos uma armadura porreira. Quem não gostaria de chutar algumas bundas com ela?

A nave esta viva, ela ficou 7 anos no inferno, e voltou.

A nave esta viva, ela ficou 7 anos no inferno, e voltou.

Mas sem aquela armadura o que passamos é um medo congelante. Não é uma referência indireta ao espaço carregado de hidrogênio, mas sim que não temos nenhum intervalo entre as criaturas e nós. A armadura cria esta distância, esta proteção. Somos capazes de enfrentar o medo. Mas quando ele veem a cavalo é difícil de suportar.

Imagine o quão é claustrofóbico em pensar de estar numa nave cheia de Necromorfos? E não poder ir para lugar nenhum. Será que seríamos loucos para enfrenta-los. O medo pode ser paralisante. O medo pode ser um impulso também. E isso que faz com o Enigma do Horizonte (Event Horizon) seja instigante.

Não é uma realidade apavorante? É surreal pensar que existe uma dimensão, um universo do mau. Cheio de galáxias que só serve ao mau. Uma espécie de universo do Hell-Raiser. É apenas o mau. É apavorante se você pensar que entrar fácil é como sair. E se pensar que é impossível sair, se ao menor empecilho, isso é um verdadeiro inferno. E não é o que o universo do filme oferece, é que lá você tem sofrimento eterno.

Nem concebemos isso. E isso apavora. Como eu retomo a falar, a nossa não compreensão torna uma situação conflitante, e nós tornamos ela medrosa. Ficamos com medo.É como ouvir uma batida da porta, sendo o vento e sabemos que é isso, não ficamos com medo. Mas se bate a porta, e desconhecemos que pode ser o vento, ficamos com mil imagens na cabeça. Mil possibilidades, Mil não possibilidades.

É possível que o simples 'vento' seja transformado em uma medusa horrível

É possível que o simples ‘vento’ seja transformado em uma medusa horrível

E quanto mais houver suspense de algo que identificamos como o medo, ele se transforma em algo mais apavorante. A idéia de fazer isso em filmes e games é altamente cautelosa. Já que muito suspense quase osmose, e pouco causa um impacto intrigante, mas não reativo.

Como por exemplo, quem eram aqueles monstros na nave do filme Pandorum? A própria raça humana adaptada e modificada pelo reator da nave por 900 anos. Mas então o grande suspense do filme se dividiu em duas situações: Uma é que eles já haviam pousado há quase 1.000 anos em Tanis IV e a outra é que os habitantes hostis da nave era os próprios seres humanos modificados.

Este medo, tornou-se um pouco banal apesar das caras horríveis deles, porque houve um efeito chamado “Neon Flash” que foi usado pelos ataques dos seres. Eles deveriam ser mais escondidos, mais misteriosos. Toda aquele ataque transformou-se numa dança tribal. O maior suspense deveria ser resguardado, porque sabendo que eles eram humanos, se torna mais surpresa se eles fossem pouco visualizados.

O mesmo acontece com o Cloverfield que é visto por partes. Primeiro é visto o rabo, depois é visto seu andar, numa distância você percebe partes. O medo que ele causa é por não surgir muito. Quanto mais vemos o quadro geral, mais nos tornamos hábil a ignorar que qualquer elemento possa nos fazer acuar.

Mesmo depois de ver aquela criatura gigante, ficamos pensando – que diabos é isso? E isso o filme todo. Que diabos é isso? O filme mantém um suspense, e mesmo para aqueles conspiratórios como eu – de onde eles vieram? Eu recebi uma dica de que no final do filme dá para ver, muito difícil, alguma coisa caindo do céu e impactando na água.

E outros dizem que são seres do próprio planeta terra. E isso tudo não é explicado, o que nos fazem pensar: Meu Deus, o que temos em nossa planta ou ao redor que seja daquela forma e por que veio para cá? Percebem como o exército foi acionado imediatamente? Bem, isso prova que eles sabiam de alguma coisa.

O medo assinado por M. Night Shyamalan.

O maior medo foi descobrir que seu psiquiatra estava morto

O maior medo foi descobrir que seu psiquiatra estava morto

Muitos filmes apelam para esta prática, e dá certo. Com uma boa dose de suspense e alguns pontos na trama, a fórmula do indiano M. Night Shyamalan sempre funciona. Filmes estrelados por Emly Browling são carregados de insanidade surreal, que pegam esta base. A maioria dos filmes dela é tecnicamente “Ilusion in real time” tais como Sucker Punch, o mistério das duas irmãs e o Navio Fantasma.

Ninguém depura que estão mortos, ou estão sonhando. A realidade tem elementos que parecem que tudo anda normalmente. E sabemos que isso não é verdade. Sabemos que somos enganados até com o nosso costume. Quando mudamos a nossa rotina, parece que mudamos de vida, assim tão simples. Uma pessoa que usou a mesma escada para ir para o outro lado, ao usar um caminho alternativo pensa que tudo mudou.

Se os filmes seguem esta retórica, sabemos de fato que quando inventamos realidades, e pomos um suspense base. Só temos a lucrar com revelações. A maior foi passar que tudo o que ele havia passado não passava de um contos da ilusão. O nosso medo aflorou num contexto, o meu no caso – uma realidade que achamos que é realidade.

Quem é Trekker deve ser lembrar que Jean-Luc Picard (Patrick Stewart) fala que o tecnologia do Holodeck pode ser uma tentativa de entender o próprio universo. De todas as vezes que eles tiveram experiências de um mundo vivo, e quando de fato era vivo. Ele caiu nesta conclusão. De que seu próprio mundo poderia ser uma ilusão. Filmes como Inception (A Origem) explora essa possibilidade e igualmente o décimo terceiro andar, até onde pode ser aquela realidade. Será que tem fim?

Será que Matrix era a única realidade de virtual? Ou a realidade acabada dos humanos era uma realidade virtual também? O medo que gira em torno disso é o que nos faz pensar e nos fascina, que de fato não é o medo que nos atraía. Não é a sensação de adrenalina por ele, é pelo mistério que ele cerca ou dele é gerado. O medo é só uma fachada de nosso interesse.

A Origem - Destaca a realidade que não é real. Mas será?

A Origem – Destaca a realidade que não é real. Mas será?

Frank Cobb achou dentro dessa realidade uma possibilidade de criar uma vida com sua esposa, Mal. Que foi personificada por aquele “desejo de ter”, mas sem olhar as consequências dos seus atos. O filme não aborda o medo-medo. Ele aborda uma realidade flexível, onde podemos denotar planos e uma  vida. Mas tudo tem sua consequência.

E esse limite foi ultrapassado quando houve um acidente. O maior medo de Cobb era enfrentar os rostos de seus filhos. Tanto este medo, o qual acredito ele ter ficado preso na realidade, foi o pivô de que era preciso fechar em uma concha. Ele se acusava de matar sua esposa ao colocar a idéia de que o mundo em que eles viviam não era real.

Sua intenção foi boa, mas só valia para surrealidade. Quando eles foram para realidade, a aquela idéia cresceu além da conta. Chegando uma insanidade, capaz de abolir inclusive o medo de morrer. O medo maior era de ficar preso numa realidade que não fosse de fato real.

Mas até onde podemos pensar que a própria realidade de todos eles não fosse um nível de sonho? Não há como saber. E o que é um tema para outro artigo.

O medo.

Harry Mason - Em Shattered Memory estava morto

Harry Mason – Em Shattered Memory estava morto

Medo é um estado de emoção que nos eleva a adrenalina. Mas o medo não é uma curiosidade, é uma reação. Ao que não compreendemos. E quando passamos a perceber, o que era um monstro na sombra, vira um cabideiro. Não enxergamos que o medo é parte de nossa sensibilidade aos sentidos físicos.

Somos ainda presos as nossas crenças e experiências. Alguns dizem ter medo de aranhas, e outros de alturas. Alguns dizem que tem medo de entrarem em lugares como muita gente e outros que falar em público é um inferno. O medo se manifesta de formas diferentes, o medo não tem forma fixa.

Assim nos interpretamos que o medo ao meu uso da redundância de palavras, é uma interpretação pessoal á uma situação que não entendemos. Ele deixa de provocar medo, quando descobrimos e estruturamos sua forma. Por isso em muitos filmes vemos a revelação do herói ser mais forte e ignorar aquilo que lhe aporrinha como uma forma de destruir o medo.

Nós de uma forma, procuramos situações de medo, para vencermos ele. É peculiar, nós procuramos os monstros afim de nos afastar dele. Este artigo mostrou-se interessante em escrevê-lo. Mas aí vem outra coisa – será que todas as pessoas procuram situações fóbicas para enfrentá-lo?

Os estudos científicos que procuram a mensuração do medo, pode ser atribuída ao psicólogo português Armindo Freitas Magalhães e Joana Batista que em 2009 resolveu montar uma tabela-escala do medo chamada oficialmente de Escala de percepção do medo (EPM).

O estudo pode ser acessado aqui

Mist (Nevoeiro) de Frank Darabont / 2008

Mist (Nevoeiro) de Frank Darabont / 2008

 

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